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Do extrativismo ilegal ao ativismo de meio ambiente: a história de Eduardo, do IA-RBMA

Boletim Phi – Especial Meio Ambiente

De uma família que vivia do extrativismo ilegal de palmito juçara, Eduardo Rodrigues Netto hoje trabalha com educação ambiental no município de Iporanga (SP). O palmito juçara está em extinção e a prática ameaça não só sua preservação, mas também de todas as espécies da fauna que se alimentam dela, trazendo prejuízos ao meio ambiente como um todo.

A história de transformação de Eduardo começou com um programa de formação em ecoturismo do Instituto Amigos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica – IA-RBMA. Ele começou a trabalhar como guia turístico do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira e do Parque Estadual Caverna do Diabo, que compõem a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. São mais de 250 cavernas catalogadas, além de vales, montanhas, rios e cachoeiras. Depois, foi estudar Biologia.

No início deste ano, diante do cenário pós-Covid, o Instituto Phi começou a apoiar o projeto do IA-RBMA de capacitação do receptivo de turismo de base comunitária na comunidade Ribeirão, em Iporanga.

O turismo de base comunitária alia educação ambiental, preservação da natureza, valorização da cultura de comunidades tradicionais e desenvolvimento econômico. 

Houve uma mudança de mentalidade não só de Eduardo, mas de toda a sua família sobre o ecoturismo, que oferece não só proteção de ecossistemas preciosos para a garantia da vida na Terra, mas também  uma alternativa de subsistência sustentável. Eles deixaram de trabalhar com o extrativismo ilegal de palmito.

“Atualmente, o IA-RBMA está executando a capacitação em comunidades do Ribeirão e quilombolas, dando ferramentas para quem possam ter uma visão empreendedora de suas atividades, sejam de agricultura, hospedagem, gastronomia ou cultura, por exemplo, para que o turista saiba a riqueza do que está levando”, conta Eduardo.

Por um mundo menos desigual e mais justo: Phi publica o Relatório Anual 2022

De questões como insegurança alimentar e impactos na saúde mental a evasão escolar e desemprego, em 2022 tivemos de lidar com os efeitos de longo alcance da pandemia de Covid. No Relatório Anual do Instituto Phi, mostramos que, com projetos filantrópicos inovadores, estratégicos e estruturados, atuamos para combater as desigualdades que afetaram desproporcionalmente as comunidades marginalizadas. Um total de 386 projetos sociais receberam recursos da ordem de R$ 22.652.930,57 no ano passado, beneficiando 656.736 pessoas em todo o Brasil. Para nós, não é um momento. É um movimento, desde 2014.

Acesse o RA 2022 aqui.

Uma ponte no mercado de trabalho para pessoas pretas

No dia 13 de Maio, conversamos com Vitor Del Rey, do Instituto Guetto, sobre os programas da organização para promover equidade racial

O mercado de trabalho brasileiro é um dos terrenos mais áridos para pessoas pretas. Mesmo quando supera os obstáculos educacionais, a população preta tem menos acesso ao mercado de trabalho e menos oportunidades de crescimento. Para transformar esse cenário, em 2019 foi fundado o Instituto Guetto, uma organização social que cria soluções para lideranças e empresas visando a equidade racial.

Desde o mês passado, o Guetto recebe o apoio do Instituto Phi para seu projeto Escola da Ponte para Pretxs. Às vésperas do 13 de Maio, conversamos com o presidente, Vitor Del Rey, sobre este e outros programas da organização que visam garantir a mobilidade social que foi negada às pessoas pretas quando libertadas pela escravatura sem nenhuma política de proteção.

Como foi o seu despertar para a luta antirrascista?

Sou da Baixada Fluminense, filho de mãe preta, que criou os 6 filhos com o dinheiro da máquina de costura. Tive dificuldade de aprender a ler e escrever. Quem me ensinou foi a minha tia Débora, que era professora e tinha um quarto de leitura. Foi ela quem despertou o meu gosto pelos livros. Em 2013, com 26 anos, deprimido depois de perder emprego e namorada, comecei a ler os grandes filósofos da humanidade buscando dar sentido para a minha vida. Fui conversar com um pastor e psicólogo, que me fez duas perguntas: Onde você gostaria de estar daqui a 5 anos? E o que você gostaria de estar fazendo? E eu pensei que gostaria de estar na minha formatura da faculdade – porque depois do ensino médio eu parei de estudar para ficar só trabalhando – e de estar empregado no que me formei. A primeira coisa que fiz depois dessa conversa foi me inscrever no pré-vestibular da Educafro, organização social referência que tem a missão de incluir de pessoas pretas no ensino superior. Ali eu comecei a adquirir consciência racial, com 26 anos.  Mergulhei de cabeça na militância. Eu fui uma criança que odiava que minha pele fosse tão preta, odiava meu cabelo e meu nariz. E aí, na retrospectiva da minha vida, entendi todo o racismo que sofri na escola, na igreja. Agora eu era o cara cursando Ciências Sociais, participando de reuniões com o Ministro da Educação, estava no centro do meu propósito. Hoje penso que, se existe reencarnação, eu quero vir preto de novo todas as vezes.

Como surgiu o Ponte Para Pretxs e quantas pessoas integram atualmente a rede?

Cursei a graduação em Ciências Sociais e o mestrado em Administração Pública na FGV. Na faculdade de ricos, onde muitos alunos tinham pais empresários ou eram empresários, enquanto o Brasil começava a falar sobre a falta de diversidade racial no mercado corporativo. Como eu era ativista, recebia convites para dar palestras em empresas. E começava a palestra perguntando se na companhia havia alguma cláusula que proibia a contratação de pretos para outros serviços além de fazer café, limpar o chão e fazer o crachá de visitantes. As pessoas se assustavam e eu dizia: essa deve ser a explicação para não ter nenhum preto aqui. A resposta era que elas não sabiam onde encontrar os profissionais. Me ofereci, então, para fazer essa ponte. Então, criei em 2014 uma comunidade de Facebook chamada Ponte pra Pretxs, integrada por pessoas pretas que compartilham oportunidades de emprego, estágios, bolsas de estudo nacionais e internacionais. Começamos com 45 pessoas. Hoje, são 45 mil.

E a Escola da Ponte para Pretxs?

Em 2019, a Ponte para Pretxs estava a todo vapor, mas as pessoas pretas ainda não conseguiam emprego. Os empregadores diziam que o problema era falta de qualificação, mas os profissionais tinham ensino superior, então fui perguntar para meus colegas brancos porque eles conseguiam emprego. Falaram que faculdade todo mundo tem, precisávamos de cursos de curta duração de temas como Branding, Storytelling. Comecei a buscar quem podia dar aulas, começando por Excel e Design Thinking. Mas eu não tinha nem computador para mim, como ia arrumar uma sala para essa aula? Fui para o Coletivo Ovelha Negra da FGV e pedi um laboratório com 40 computadores, e tinha muito mais gente interessada. A Escola da Ponte começa aí. Hoje, atua no modelo de Ensino a Distância, com cursos dentro das trilhas tecnologia, competências socioemocionais, línguas, educação corporativa e empreendedorismo.

Antes, você lançou a plataforma Kilombu, que foi um grande sucesso, pode explicar como funciona?

O Kilombu é uma plataforma digital que conecta afroempreendedores com clientes e parceiros comerciais, estimulando o afronegócio e o afroconsumo. Nasceu como ideia em dezembro de 2015 e algumas inquietações que vieram do Ponte para Pretxs. Ele parte das ideias do “Se não me vejo, não compro” e do “Nós por nós”. É uma iniciativa para fazer o dinheiro circular dentro da comunidade negra, tem um forte senso de cooperação. Pessoas no Ponte pediam referências de profissionais pretos, de empresas lideradas por pretos, e percebemos que isso era uma oportunidade. Em fevereiro de 2016, o Kilombu surgia como a primeira startup preta do Brasil e abriu caminho para o nascimento de várias outras.

O Guetto também dá consultoria para a criação de comitês de diversidade em empresas. Como funciona?

O ponto de partida é sempre um diagnóstico organizacional para subsidiar o desenho das iniciativas: identificar lideranças,  criar pautas sobre questões raciais, elaborar um código de conduta, criar canais de denúncias. É um direcionamento para que esses comitês realmente pautem políticas de reparação e promoção da equidade e não sejam só um espaço de encontro. Se a empresa já tem esse comitê, ajudamos no letramento racial para avançar na luta antirrascista.

Recentemente, o Instituto Guetto fez algumas parcerias com algumas organizações internacionais para promover treinamentos, pode nos contar?

Em parceria com a Escola de Empreendedorismo Internacional Leadership Academy Stroud, oferecemos um treinamento na metodologia Lin Six Sigma, adotada por muitas empresas, que usa um esforço de equipe colaborativa para melhorar o desempenho organizacional. A turma tinha 16 alunos e durou cerca de 8 meses, com aulas em inglês traduzidas. Também promovemos um curso de Audiovisual para 17  jovens do Complexo do Vidigal em parceria com a organização social italiana Voice Over. Todos eles ganharam um notebook e tiveram aulas presenciais de criação de roteiro, técnicas de filmagem pelo celular, edição. Foram 7 meses de curso mais 6 meses de acompanhamento.

Este Dia da Abolição da Escravatura, 13 de maio: é um dia para se comemorar? A Abolição está nos livros de histórias, mas ao libertar escravizados sem oferecer nenhuma política de proteção, o racismo foi perpetuado e a gente ainda não vive, nos dias de hoje, a plena libertação.  Quando olhamos para a Carta Universal de Direitos Humanos, vemos que muitos deles ainda nos são negados. A começar pela população em situação de rua ou em ocupações irregulares, que são em sua maioria pessoas oriundas do processo de libertação, jogadas nas ruas com a roupa do corpo. Então é uma data pró-forma, não há o que se comemorar. É mais um dia de denúncia.

Boletim Phi: Combinando forças para expandir a atuação

Como podemos garantir que nossos recursos cheguem a mais pessoas, o mais rápido possível, para cumprirmos com nossa visão de um mundo mais justo e menos desigual? Partindo deste desafio, iniciamos 2023. E ficamos felizes de contar que, somente no primeiro semestre deste novo ano, o Instituto Phi tem a expectativa de apoiar cerca de 250 projetos, direcionando entre R$ 18 milhões e R$ 20 milhões para a transformação social. Quer saber mais? Na nova edição do Boletim Phi, trazemos um pouco das novidades do Phi, a nossa visão sobre temas atuais do setor de impacto e dicas para organizações em fase inicial. Acesse aqui e boa leitura!

Tragédia Yanomami: confira a entrevista com o fundador dos Médicos da Floresta, organização apoiada pelo Instituto Phi

À frente de uma das poucas equipes profissionais que tiveram acesso à terra indígena, Celso Takashi destaca que tratar da contaminação da água é o ponto de partida

No ano passado, a AMDAF – Associação Médicos da Floresta, organização apoiada pelo Instituto Phi, esteve pela primeira vez na Terra Yanomâmi, na Floresta Amazônica, que é atualmente palco de uma tragédia humanitária. A equipe de voluntários, que há seis anos leva tratamento médico de alta qualidade para áreas remotas, atendeu a duas etnias em sete regiões. Desde que voltou da primeira missão, com o apoio financeiro de empresas e pessoas físicas, atendendo aos apelos dos líderes locais, a AMDAF conseguiu mobilizar outras três viagens para Roraima em 2022. Trata-se de uma das poucas equipes profissionais que acessaram o povo Yanomâmi.

Em entrevista ao Instituto Phi, o Dr. Celso Takashi, oftalmologista, cirurgião especializado em catarata e um dos fundadores da AMDAF, conta que nunca havia visto nada parecido com a vulnerabilidade encontrada –  fruto da avanço do garimpo ilegal, que provocou desmatamento, destruição do leito dos rios, contaminação por mercúrio, aumento dos casos de malária, perda da soberania alimentar e desnutrição infantil. Ele destaca que tratar da contaminação da água é o ponto de partida para que o povo Yanomâmi possa viver com saúde. Confira a entrevista:

Como é o trabalho dos Médicos da Floresta e em que regiões atua?

Conectamos profissionais de saúde às necessidades dos nossos povos originários, em especial os que estão em regiões de difícil acesso. Prestamos atendimento médico clínico e cirúrgico, assistência odontológica e oftalmológica. Começamos pela oftalmologia, mas era preciso fazer mais. Sempre trabalhamos com clínicos gerais, pediatras e enfermeiros e depois incorporamos odontologia, ginecologia, infectologia e outras áreas. Dependendo das demandas da região, personalizamos a formação da equipe. Já percorremos o Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso; aldeias do Povo Pataxó, no extremo sul do Estado da Bahia; território Kaiowá, em Dourados (MS); comunidades do leste de Roraima e Terra Indígena do Vale do Javari (AM), além da Terra Yanomami (AM e RR). Regiões bem distintas e com problemas bem peculiares, mas que, de maneira geral, têm uma carência de infraestrutura básica de saúde, falta de indicadores que orientem os profissionais da área e escassez de medicamentos. 

Quantos profissionais já participaram das expedições e quantos atendimentos foram realizados?

Ao longo destes seis anos, mais de 100 voluntários. Eles vêm e vão, alguns participam de algumas expedições e não de outras. Incrivelmente, o limitante não é o profissional médico, temos um voluntariado forte. A parte mais difícil é o backoffice, isto é, a logística e a captação de recursos, porque as ações demandam um custo operacional alto, especialmente o deslocamento para as terras indígenas e a compra de medicamentos. Temos mais de 9 mil atendimentos prestados, dentre consultas médicas, oftalmológicas e odontológicas, mais de 300 cirurgias oftalmológicas e quase 3 mil óculos distribuídos, além de mais de 2 mil procedimentos odontológicos realizados.

Quais os desafios enfrentados pelas ONGs?

Existem as dificuldades logísticas, já que as ONGs que trabalham com povos originários muitas vezes operam em áreas remotas e de difícil acesso, o que pode dificultar a logística de transporte e suprimentos, a exigência de altos custos financeiros, devido ao transporte de equipamentos e equipes, e, muitas vezes, os desafios culturais, como a barreira do idioma, crenças e hábitos diferentes. É imprescindível trabalhar com respeito à cultura e às tradições das comunidades para estabelecer o elo de confiança. Crenças e práticas espirituais diferentes da medicina ‘tradicional’ precisam ser respeitadas. Na maioria das vezes, é importante trabalhar com intérpretes para garantir uma comunicação eficaz.

Como a realidade Yanomami é diferente da dos demais povos indígenas?

É inquestionável o quanto a presença dos garimpeiros contribui para o quadro de desnutrição severa, resultado da contaminação do solo e da fuga da caça, e para a proliferação de doenças na Terra Yanomâmi. A malária é totalmente tratável, mas com a miscigenação, vai havendo uma contaminação sequencial e, como o estado geral de saúde dos indígenas é muito frágil, principalmente o das crianças, que são subnutridas, a doença acaba sendo fatal. As equipes de saúde tentam tratar as verminoses, mas vivendo numa região contaminada, em pouco tempo o indígena é acometido novamente. É um ciclo perverso. E tem ainda a questão do mercúrio que contamina as águas, o que provoca problemas de médio e longo prazo muito graves, que atingem os sistemas esquelético e neurológico. Talvez ainda nem tenhamos tido tempo para ver quais serão todas as consequências. 

Além do combate ao garimpo ilegal, o que é preciso para solucionar o problema?

Há uma carência absoluta de saneamento básico e água segura. A água é contaminada, não só pelo mercúrio, mas também outros patógenos, como vermes,  vírus, bactérias e protozoários. Minha opinião é que é necessário um plano de médio a longo a prazo de saneamento básico, achando um equilíbrio entre preservação da cultura indígena e o mínimo de condições para eles viverem com saúde.  Sem água de qualidade, o risco é tratar os doentes, mas as doenças voltarem. Por isso, começamos a firmar parcerias para buscar soluções. No curto prazo, com algumas startups que disponibilizam filtros portáteis de carvão ativado ou de membrana. Para o médio e longo prazo, estamos conversando com agências sobre parcerias para a construção de sistemas mais robustos e de longa duração, com perfuração de poços e tratamento de água.

Está nos planos dos Médicos da Floresta retornar para a Terra Yanomami?

Com  a intervenção federal e a presença maciça das forças armadas e da equipe do Ministério da Saúde, acreditamos que a ação emergencial esteja sendo bem conduzida. Quando essa força-tarefa começar a se dissipar, melhoras contínuas e o acompanhamento das populações serão fundamentais para que a população se mantenha saudável. Nesse momento, teremos um papel importante para complementar o trabalho que foi iniciado. Paralelamente, estamos planejando ações cirúrgicas no Xingu e no Vale do Javari e também trabalhando para viabilizar nosso projeto de uma unidade móvel, um ônibus que será transformado num consultório médico itinerante. Estamos na fase final de captação de recursos.

No Boletim Phi, leia matéria sobre projetos sociais que apoiam os povos originários

Organizações Vencedoras do Desafio Phi de Educação para Gentileza e Generosidade

O Desafio Phi de Educação para Gentileza e Generosidade 2022 visa destacar e premiar ações generosas e solidárias que envolvam organizações sociais (OSC’s), beneficiários diretos e indiretos, equipe e toda a comunidade do entorno. Conheça as organizações vencedoras:

  • Excelência em Inovação – CEAP 
  • Excelência em Mobilização – Associação Beneficente Vivenda da Criança 
  • Excelência em Criatividade – Instituto Associação ASVI CDD – Associação Semente da Vida da Cidade de Deus

Comissão avaliadora:

Diogo Bezerra da Silva – Mais1Code

Guilherme Mattoso – Movimento Bem Maior

Adriana Rocha e Ana Paula Dias – AFAGO-SP

Débora Verdan – Escola Aberta do Terceiro Setor / Fundação José de Paiva Netto

Elpis Ziouva e Marina Pechlivanis – Equipe Umbigo do Mundo/Educação para Gentileza e Generosidade

Cristiana Velloso – Equipe Phi 

O papel fundamental das mulheres na filantropia


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Luiza Serpa

Artigo publicado na Revista Filantropia

O mundo da filantropia está mudando. Há mais ênfase, por exemplo, em causas como igualdade de gênero e sustentabilidade. É que uma gama mais diversificada e representativa de vozes está começando a influenciar a tomada de decisões. E são as mulheres que estão entre os principais impulsionadores desta mudança – de um lado, as doadoras e, de outro, as empreendedoras sociais e líderes comunitárias. Eu as vejo todos os dias.

As mulheres em todos os níveis de renda, raça, etnias e gerações estão mais propensas a doar – e doar mais – de acordo com pesquisas, como a conduzida pelo Women’s Philanthropy Institute, na Indiana University Lilly Family School of Philanthropy, ou o “Brasil Giving 2021: Um retrato da doação no Brasil”, do Instituto de Desenvolvimento para o Investimento Social (IDIS).  

O crescente poder financeiro das mulheres, embora ainda seja desigual e injusto, vem representando para elas uma oportunidade de dar voz às questões com as quais se preocupam e contribuir para a transformação social.  Não que mulheres fazendo filantropia seja novidade. Mas, por muitas décadas, elas doavam dinheiro em nome de seus maridos ou o faziam sem amplo reconhecimento. 

Ao mesmo tempo, no terceiro setor, segundo estudo do IPEA, as mulheres são maioria e representam 65% das pessoas empregadas nas Organizações da Sociedade Civil (vale destacar que, com a cultura do patriarcado, certamente os homens ainda são maioria em posições de liderança, como em todos os setores da economia). Essas mulheres são empreendedoras sociais, líderes comunitárias e muitas trabalhadoras que estão assumindo riscos e inovando; que estão construindo um novo caminho no setor filantrópico dentro de suas respectivas causas ao enfrentar problemas históricos usando novas soluções.

São mulheres que muitas vezes vivem com a sobrecarga de jornadas triplas (casa, emprego e filhos), cuidando de suas famílias e ainda de tantas outras em situação de vulnerabilidade. Muitas delas provenientes de famílias pobres, buscando quebrar o ciclo de pobreza intergeracional. Fomentando ou buscando redes de apoio para buscar aprendizado contínuo, compartilhar conhecimento e gerar valor. Nomes? Tenho uma lista que não acaba!

Neste Dia Internacional da Mulher, eu gostaria de dizer que sinto tanto orgulho de ser mulher. Nunca foi uma jornada fácil, mas continuaremos buscando novas perspectivas para nos relacionar com o mundo e ajudar a garantir a redução das desigualdades e mais justiça para todas e todos.

Agradecimento escrito à mão: um abraço à distância no doador e na Equipe Phi

Há poucos dias, chegou um e-mail especial para o Instituto Phi. Virou o assunto do dia da equipe: era uma carta de duas laudas escrita à mão e escaneada. Coisa rara nos dias de hoje, o manuscrito era de Evelin Mello, fundadora e diretora da Digna Engenharia, startup que realiza pequenas reformas com preços acessíveis ou subsidiadas em moradias pobres de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Com uma letra caprichosa, ela escreveu de próprio punho um agradecimento ao doador que financia as obras da Digna para moradores em extrema vulnerabilidade social e à equipe do Phi.

A carta manuscrita por Evelin Melo de agradecimento ao doador e à Equipe Phi

A Digna nasceu em 2018 da capital sul-mato-grossense, fundada por Evelin, uma menina periférica, de baixa renda, mãe jovem, recém-formada e empreendedora. Neste mesmo ano, o negócio de impacto nascente foi selecionado, dentre 380 projetos, para ser um dos 15 acelerados pelo Lab Habitação da Artemisia, em São Paulo. Desses, três foram eleitos para receber “investimento semente ” e a Digna foi um deles.

Foi aí que o caminho da Digna e do Instituto Phi se cruzaram. No encerramento do Lab da Artemisia, estava a equipe Phi, em busca de projetos inovadores na área de habitação social para apresentar aos seus doadores. A Digna ganhou o apoio do Phi para o programa de reformas subsidiadas desde seu início.

Com a sua atuação, a Digna combate a insalubridade, promove saúde e amplia o acesso da população de baixa renda a reformas profissionais. Hoje, cinco anos depois de sua fundação, já foram reformados cômodos de 250 casas vulneráveis, 99 delas subsidiadas com o apoio de um único doador, anônimo, do Instituto Phi.

“Acho que as cartas, ao serem escritas de próprio punho, demonstram verdadeiramente nosso afeto. E eu sempre quis agradecer ao nosso doador, que eu só conheço com ‘Investidor 1’. Queria dizer o que ele significa para todos os moradores com quem ele contribuiu, como é quando chegamos na casa da pessoa beneficiada e contamos que a reforma dela será feita sem nenhum custo. Além disso, quando ele começou a doar o recurso, lá em 2018, foi a primeira pessoa que acreditou na Digna e em mim como empreendedora”, diz Evelin.

Um dos trechos da carta diz: “No ano de 2023, vamos celebrar 5 anos de apoio e só consigo falar o quanto somos gratos por todos esses anos. Sonhamos um dia abraçar cada pessoa da equipe do doador e do Instituto Phi, agradecer por fazerem parte da construção de uma ponte de transformação de vidas”.

Recentemente, nosso coordenador de projetos Marcello Stella esteve com Evelin em Campo Grande, visitando algumas das obras realizadas com apoio do Phi. Dentre elas, a de Dona Francisca e Seu Carlos, ambos idosos e com deficiência visual, conta ela:

“Eles fazem tudo sozinhos, limpam a casa. Porém, antes da reforma, o banheiro estava muito insalubre, com chão de lodo, e Dona Francisca caiu e se machucou. Tudo isso mexeu muito comigo. Como você vai mostrar para uma pessoa que não enxerga que estamos entregando não só um banheiro prático, com barra de acessibilidade, piso antiderrapante, mas também um banheiro bonito? Então, escolhemos para eles um revestimento de parede que tinha uma textura de flor. Quando eles passam a mão, sentem. Foi lindo quando fizemos a entrega da obra. O Marcello, do Phi, visitou a casa e não conseguiu conter a emoção com os agradecimentos deles. Foi legal que a equipe Phi pôde escutar o que eu escuto sempre”.

Uma carta escrita à mão carrega mesmo muito mais do que palavras. Receba você também, Evelin, nosso agradecimento por esse abraço afetuoso à distância.

Evelin com Dona Francisca e Seu Carlos, que tiveram o banheiro reformado
Marcello Stella, do Phi, com Evelin, em visita às obras da Digna Engenharia

A virtude da raiva 

A raiva é um sentimento comum, assim como o medo, a surpresa e o afeto. Quando utilizada de forma precipitada e agressiva, ela é capaz de machucar o outro e causar danos irreparáveis. Mas, se for canalizada com sabedoria, pode promover impacto de forma positiva. 

A injustiça e a desigualdade social, por exemplo, causam raiva em muitas pessoas. E esse sentimento impulsiona ações disruptivas, em prol do bem comum. Em “A virtude da raiva”, Arun Gandhi compartilha algumas lições que aprendeu com seu avô Mahatma Gandhi, líder mundial da luta pela independência da Índia.  

Entre os ensinamentos que o neto de Gandhi recebeu estão: os pilares da não violência, a força da humildade, a importância de opinar sem medo e o direcionamento do poder da raiva para o bem. O livro é um convite para a reflexão e ação. “Use a raiva com sabedoria. permita que ela o ajude a encontrar soluções com amor e verdade.” Phica a Dica!  

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Na linha de frente da escalada da filantropia no Brasil

A maioria das pessoas já quis mudar o rumo profissional, mas não são todas que têm essa coragem. Imagine alguém que teve essa iniciativa para tentar mudar o rumo do mundo, em direção à redução das desigualdades através da filantropia. Esse foi o desafio da carioca Luiza Serpa, que fundou e dirige o Instituto Phi, uma das mais importantes ONGs do Brasil e referência no setor.

A inquietação de Luiza começou cedo. Como tantos jovens recém saídos da faculdade, tinha como prioridade uma carreira corporativa sólida e a independência financeira. Formada em publicidade, chegou a migrar do Rio para São Paulo em busca da realização profissional. Mas, trabalhando na metrópole, se viu insatisfeita com o caminho que começava a trilhar.

Tinha uma inquietação permanente com as injustiças e queria agir, fazer a transformação social acontecer. Voltou para o Rio de Janeiro e, entre algumas propostas de emprego, aceitou aquela que fazia sentido: deixou a comunicação corporativa e foi trabalhar para uma ONG, a Junior Achievement. Foi sua primeira grande mudança.

Alguns anos mais tarde, buscando novos desafios, recebeu do filantropo Marcos Flávio Azzi a proposta de montar no Rio, a partir do zero, a filial do paulista Instituto Azzi, uma ponte entre pessoas físicas de alto poder aquisitivo e projetos sociais. Sua missão seria buscar pessoas que quisessem doar R$ 200 mil ou mais por ano sem nenhum benefício fiscal. Nada fácil para um país com pouca cultura de doação. Luiza topou a empreitada – e, com isso, mais uma mudança.

O maior desafio de Luiza, entretanto, ainda estava por vir. Após consolidar o instituto em terras cariocas, junto com sua equipe, notou que ele podia ampliar sua atuação. O foco exclusivo em doadores muito ricos limitava o Azzi de reverter recursos de pessoas de menor poder aquisitivo e de empresas para projetos sociais. Passou a pensar sobre um novo instituto, para lidar exclusivamente com estes públicos.

O que conseguiu foi ainda melhor: Marcos Flávio Azzi ofereceu apoio financeiro caso Luiza fundasse, por sua conta e risco, um novo instituto para continuar o trabalho que já vinha fazendo e buscar os novos públicos que desejava. Luiza topou – de novo. Nascia, em 2014, o Instituto Phi, a terceira e mais arriscada de suas grandes mudanças.

Hoje, em quase nove anos de existência, o Instituto Phi já apoiou mais de 1,2 mil projetos sociais, todos avaliados com base em solidez, transparência, potencial de impacto e qualidade de gestão. As doações vieram de cerca de 200 investidores – aproximadamente R$ 150 milhões, impactando a vida de mais de 2 milhões de brasileiros em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Articuladora do MAIS – Mapa do Impacto Social, que está fazendo um mapeamento do ecossistema filantrópico no país, Fellow sênior da Skoll Foundation, responsible leader da Fundação BMW, faz parte do Conselho Consultivo Estratégico da Latimpacto membro da comunidade internacional Nexus Global, Luiza vem consolidando o Instituto Phi como agente de fortalecimento da cultura da filantropia: mais do que distribuir recursos financeiros, a missão da organização é trabalhar para que todos os cidadãos tenham um compromisso com a promoção do bem-estar coletivo.

A maioria das pessoas já quis mudar o rumo profissional, mas não são todas que têm essa coragem. Imagine alguém que teve essa iniciativa para tentar mudar o rumo do mundo, em direção à redução das desigualdades através da filantropia. Esse foi o desafio da carioca Luiza Serpa, que fundou e dirige o Instituto Phi, uma das mais importantes ONGs do Brasil e referência no setor.

A inquietação de Luiza começou cedo. Como tantos jovens recém saídos da faculdade, tinha como prioridade uma carreira corporativa sólida e a independência financeira. Formada em publicidade, chegou a migrar do Rio para São Paulo em busca da realização profissional. Mas, trabalhando na metrópole, se viu insatisfeita com o caminho que começava a trilhar.

Tinha uma inquietação permanente com as injustiças e queria agir, fazer a transformação social acontecer. Voltou para o Rio de Janeiro e, entre algumas propostas de emprego, aceitou aquela que fazia sentido: deixou a comunicação corporativa e foi trabalhar para uma ONG, a Junior Achievement. Foi sua primeira grande mudança.

Alguns anos mais tarde, buscando novos desafios, recebeu do filantropo Marcos Flávio Azzi a proposta de montar no Rio, a partir do zero, a filial do paulista Instituto Azzi, uma ponte entre pessoas físicas de alto poder aquisitivo e projetos sociais. Sua missão seria buscar pessoas que quisessem doar R$ 200 mil ou mais por ano sem nenhum benefício fiscal. Nada fácil para um país com pouca cultura de doação. Luiza topou a empreitada – e, com isso, mais uma mudança.

O maior desafio de Luiza, entretanto, ainda estava por vir. Após consolidar o instituto em terras cariocas, junto com sua equipe, notou que ele podia ampliar sua atuação. O foco exclusivo em doadores muito ricos limitava o Azzi de reverter recursos de pessoas de menor poder aquisitivo e de empresas para projetos sociais. Passou a pensar sobre um novo instituto, para lidar exclusivamente com estes públicos.

O que conseguiu foi ainda melhor: Marcos Flávio Azzi ofereceu apoio financeiro caso Luiza fundasse, por sua conta e risco, um novo instituto para continuar o trabalho que já vinha fazendo e buscar os novos públicos que desejava. Luiza topou – de novo. Nascia, em 2014, o Instituto Phi, a terceira e mais arriscada de suas grandes mudanças.

Hoje, em quase nove anos de existência, o Instituto Phi já apoiou mais de 1,2 mil projetos sociais, todos avaliados com base em solidez, transparência, potencial de impacto e qualidade de gestão. As doações vieram de cerca de 200 investidores – aproximadamente R$ 154 milhões, impactando a vida de mais de 2 milhões de brasileiros em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Articuladora do MAIS – Mapa do Impacto Social, que está fazendo um mapeamento do ecossistema filantrópico no país, Fellow sênior da Skoll Foundation, responsible leader da Fundação BMW, faz parte do Conselho Consultivo Estratégico da Latimpacto membro da comunidade internacional Nexus Global, Luiza vem consolidando o Instituto Phi como agente de fortalecimento da cultura da filantropia: mais do que distribuir recursos financeiros, a missão da organização é trabalhar para que todos os cidadãos tenham um compromisso com a promoção do bem-estar coletivo.

Gestão de ONGs e estratégias ESG

A Bliks é uma tecnologia para transformar o mundo oferecendo soluções para a gestão de estratégias ESG e de ONGs. A iniciativa foi idealizada pelo Instituto Ekloos e trabalha para o desenvolvimento de iniciativas de impacto.  

A plataforma oferece para as organizações o CRMFácil, que possibilita a gestão estratégica e operacional da captação, e a ONGFácil, que facilita a automatização da gestão com informações para apoiar decisões estratégicas, além de facilitar a prestação de contas para os financiadores. 

Os sistemas da Bliks ajudam a implementar ferramentas e processos para as ONGs pensarem de forma estratégica, reduzirem custos e terem transparência.  

Acesse o link: https://www.bliks.org.br/

Festival ABCR 2023 

O Festival ABCR, maior conferência de captação de recursos da América Latina e uma das principais do mundo, está com edital aberto quem tem interesse em palestrar no evento. A 15ª edição do festival será realizada nos dias 03 e 04 de julho de 2023, em São Paulo.   

Para se inscrever, é necessário enviar propostas que compartilhem boas práticas e desafios enfrentados pelos profissionais do terceiro setor. Além disso, as palestras devem abordar pelo menos um aspecto da captação de recursos para Organizações da Sociedade Civil dentro dos eixos: Gestão e captação de recursos; O profissional de captação; Inovação e redes de captação; Comunicação e engajamento; Ferramentas e fontes de captação de recursos.  

As inscrições estão abertas até o dia 07/02 e os resultados serão divulgados no dia 15/03. Serão escolhidas até 48 propostas para se apresentarem no festival.  

Saiba mais informações e inscreva-se here.  

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