Com a
proposta de aprender, acompanhar e conhecer os resultados de investimentos em
negócios de impacto socioambiental, em 2016, 22 fundações e institutos
familiares, empresariais e independentes se uniram para criar o FIIMP –
Fundações e Institutos de Impacto. O grupo compôs um fundo de R$ 737 mil, que
foi usado para apoiar seis negócios de impacto. A experiência foi tão positiva
que diversos membros, além de outras organizações, manifestaram interesse em
realizar uma segunda rodada de investimentos e aprendizagem. Assim, no início
de 2019, foi lançado o FIIMP 2.
Nessa edição,
são 19 participantes, que já compuseram um fundo de aproximadamente R$ 1,1
milhão. São eles: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
BMW Foundation, British Council, Fundação Banco do Brasil, Fundação Grupo
Boticário, Fundação Tide Setúbal, Fundo Vale, Gerdau, Instituto C&A, Instituto
de Cidadania Empresaria (ICE), Instituto Clima e Sociedade (ICS), Instituto
Dynamo, Instituto GPA, Instituto Humanize, Instituto InterCement, Instituto
Lab60+ Semente Oré, Instituto Sabin, Instituto Vedacit e Instituto Votorantim.
O grupo conta com o suporte técnico da Aoka Labs e do GIFE – Grupo de
Institutos Fundações e Empresas, além do apoio à gestão financeira do Instituto
Phi.
Na busca por
instituições que já atuam no campo de negócios de impacto e que pudessem ajudar
o grupo a entender melhor cada etapa de desenvolvimento dos negócios sociais, o
FIIMP 2 criou um processo de seleção com 12 intermediários e selecionou seis,
que atuam no fomento de negócios de impacto, potencializando a capacidade de
gerar impacto positivo. São elas: Choice, Din4mo, Fundo Éditodos, Parceiros
pela Amazônia (PPA), Semente Negócios e Vale do Dendê. Assim, ao longo de dois
anos (2019/2020), as iniciativas selecionadas por essas intermediárias via
edital receberão apoio técnico e financeiro – um percentual do valor total será
doado ao intermediário e outro será destinado ao investimento nos negócios de
impacto.
Diferente de
filantropia, o investimento de impacto consiste no direcionamento de capital
público ou privado por instrumentos financeiros – como empréstimo, contratação
ou investimento – que são alocados em negócios de impacto com o compromisso de
gerar impacto social e/ou ambiental com rentabilidade financeira.
“Este
potencial retorno para o investidor pode gerar mais recursos para o próprio
campo de negócios de impacto social. Trata-se de mais uma estratégia,
complementar às doações para organizações da sociedade civil, para que possamos
solucionar os complexos problemas sociais e ambientais que desafiam nossa
sociedade”, destaca Luiza Serpa, diretora-executiva do Instituto Phi.
No fim de
setembro, o grupo que compõem o FIIMP 2 esteve reunido em São Paulo com os seis
intermediários para acompanhar a fase em que cada um está e seguir com o
planejamento do novo ciclo de trabalho. Confira a seguir uma síntese da atuação
de cada uma:
Choice
O Choice UP é um programa de
pré-aceleração do Movimento Choice voltado a jovens empreendedores de negócios
de impacto socioambiental em estágio inicial. Nas fases de imersão, desafio e
demoday (bateria de curtas apresentações ou pitchs) os participantes avaliam
seu modelo de negócio e impacto social, sua proposta de valor, estratégia e
equipe sob a orientação de profissionais da área e empreendedores. Tudo isso em
apenas duas semanas.
Um dos principais diferenciais
implementado pelo Choice foi investir em uma pesquisa de campo para conhecer
ecossistemas fora do tradicional eixo Rio-São Paulo, focando o trabalho em dois
polos: Brasília (DF) e Campina Grande (PB). A chamada de projetos foi realizada
em setembro e selecionou 35 iniciativas.
Din4mo
A Din4mo já fez sua chamada para
seleção de startups de impacto socioambiental. Dentre 129 inscrições, selecionou
quatro com faturamento acima de R$ 250 mil para receber consultoria em
estruturação de captação. Ao final de três meses, duas dessas iniciativas serão
investidas.
Dentre os resultados esperados para as
startups estão a simplificação do processo de captação, acesso a um pool mais
amplo de investidores de impacto e capacidade de declarar com mais propriedade
seu modelo de negócio e tese de impacto, bem como ampliação das chances de
investimento futuro e escala.
Fundo Éditodos
Coalização formada por 12 entidades –
entre OSCs, aceleradoras e negócios sociais – que se uniram com o objetivo
inicial de captar recursos por meio de um fundo de investimento próprio. Nos
últimos anos, o grupo vem se organizando e buscando oportunidades para
estruturar-se como fundo propriamente dito.
Quatro organizações da coalização
estão envolvidas, com empreendedores da base da pirâmide, na execução das
atividades do FIIMP 2: Afrobussiness/Conta Black, Agência Popular Solano
Trindade, FA.VELA e Feira Preta.
A Agência Popular Solano Trindade
investirá em microcrédito para empreendedores de gastronomia na Zona Sul de São
Paulo e a Afrobusiness/Conta Black utilizará a mesma estratégia para
potencializar a inclusão de empreendedoras negras na cadeia de valor de
empresas parceiras.
A FA.VELA, por sua vez, vai estimular
o comportamento empreendedor de 65 pessoas residentes nas favelas e periferias
da região metropolitana de Belo Horizonte com a oferta de mentorias mensais que
vão somar cerca de 90 atendimentos até a conclusão do projeto em 2020. A Feira
Preta desenvolverá estratégia de escoamento de produção e mobiliário especial
para exposição de produtos em espaços de comercialização, como shoppings de São
Paulo, Brasília e Belo Horizonte.
Parceiros pela Amazônia
A plataforma
de ação coletiva busca a construção de soluções inovadoras para o
desenvolvimento sustentável, conservação da biodiversidade, florestas e dos
recursos naturais da Amazônia.
A Chamada de Negócios 2019 recebeu 201
inscrições e 38 negócios foram classificados para a próxima fase. Os
selecionados vão participar de uma rodada de negócios com investidores para
aporte financeiro e a vagas no Programa de Aceleração da PPA. O programa inclui
capacitações temáticas presenciais, mentorias personalizadas, coworking,
assessorias jurídica, contábil, em marketing e branding, além de bolsas para
participação em formações e eventos.
Semente Negócios:
A organização apresentou o “Acelera –
Inovação Social”, uma iniciativa 100% online, com duração de seis meses, que
visa preparar negócios de impacto para captação de investimento. Atualmente, a
ação está em fase de mobilização e comunicação para captar inscrições. Serão selecionados 10 negócios com modelo de negócio já validado, com
faturamento acima de R$ 50 mil/ano e com potencial de escala.
Vale do Dendê
A aceleradora selecionou 30
empreendedores para a segunda rodada de aceleração de negócios de Economia
Criativa. Após a primeira etapa de pré-aceleração, dez negócios vão receber
consultorias, mentorias e participar de atividades de formação nos meses de outubro
e novembro. No dia 29 de novembro, durante o demoday, cinco negócios serão
escolhidos para receber investimento.
A novidade dessa nova rodada será a
possibilidade de somar aos recursos do FIIMP 2 um aporte via plataforma de
matchfunding. Cada empreendimento receberá, por meio da Vale do Dendê, R$ 10
mil como capital-semente e poderá multiplicar esse valor por meio de uma
campanha de financiamento colaborativo.