Doe
login

Projetos Apoiados Sem categoria

Transformando a CDD com educação ambiental: o projeto Eco Rede, da Alfazendo

Boletim Phi – Especial Meio Ambiente

Em fevereiro de 1996, fortes chuvas atingiram o Rio de Janeiro, causando uma das piores enchentes da Cidade de Deus. Com o transbordamento do Rio Grande, muitas pessoas perderam tudo que tinham e muitos perderam a vida. Lidiane Santos tinha 5 anos na época, havia acabado de chegar da Bahia com a mãe para morar no bairro, e assistiu tudo.

Tão nova, começou a conhecer os efeitos do descarte irregular de lixo e da eliminação da vegetação nativa, principalmente nas margens dos rios. Hoje com 32 anos, Lidiane é bióloga formada pela UFRJ, coordenadora do Eco Rede – um projeto da ONG Alfazendo que atua com educação socioambiental e desenvolvimento sustentável da Cidade de Deus – e faz mestrado. O tema da dissertação é “Performances das águas: conservação geopoética da Cidade de Deus”.

Atualmente apoiado pelo Instituto Phi, o projeto Eco Rede tem investido recursos e esforços nos últimos 12 anos para enfrentar problemas graves da Cidade de Deus: a coleta deficiente do lixo domiciliar e os impactos ambientais causados pelo tratamento inadequado dos resíduos sólidos.

Lidiane, que começou a trabalhar na Alfazendo como estagiária, há seis anos, conta que o primeiro incômodo do Eco Rede é o racismo ambiental, isto é, como a populações

marginalizadas e historicamente invisibilizadas são as mais afetadas pela poluição e degradação ambiental.

“Nossa meta principal sempre foi acabar com os lixões e trazer uma perspectiva de coleta seletiva solidária para a CDD. Para isso, o primeiro passo é que os moradores entendam que são parte fundamental da transformação”, destaca.

Para sensibilizar a população a não jogar lixo no rio e suas margens e fazer o descarte correto dos resíduos, as oficinas de educação socioambiental do Eco Rede resgatam a importância do Rio Grande e seus afluentes para a CDD.

“Contamos que os primeiros moradores que chegaram ao território pescavam nesse rio, se banhavam e cultivavam plantas comestíveis às suas margens. Também ressaltamos a importância do catador dentro do ciclo produtivo”, explica Lidiane.

Com o trabalho de educação socioambiental, o projeto já beneficiou diretamente mais de 45 mil pessoas, conta a educadora e cofundadora da Alfazendo, Iara Oliveira:

“Temos parcerias com as 26 escolas do bairro, propondo formação de professores e oficinas de educação socioambiental para os alunos. O EcoRede já faz parte do projeto pedagógico da rede escolar da CDD, promovendo desde contações de histórias e teatro para as crianças da creche até jogos colaborativos e rodas de conversas para o Ensino Fundamental e Médio. Em algumas dessas escolas, implementamos hortas pedagógicas, num trabalho integrado com as famílias”.

Além de seu programa em escolas locais, o projeto Eco Rede também oferece treinamento para catadores de materiais recicláveis. Uma das principais iniciativas que a EcoRede apoiou foi a construção de ecopontos na Cidade de Deus para que os moradores descartem o lixo reciclável de forma que facilite o trabalho dos catadores.

Tragédia Yanomami: confira a entrevista com o fundador dos Médicos da Floresta, organização apoiada pelo Instituto Phi

À frente de uma das poucas equipes profissionais que tiveram acesso à terra indígena, Celso Takashi destaca que tratar da contaminação da água é o ponto de partida

No ano passado, a AMDAF – Associação Médicos da Floresta, organização apoiada pelo Instituto Phi, esteve pela primeira vez na Terra Yanomâmi, na Floresta Amazônica, que é atualmente palco de uma tragédia humanitária. A equipe de voluntários, que há seis anos leva tratamento médico de alta qualidade para áreas remotas, atendeu a duas etnias em sete regiões. Desde que voltou da primeira missão, com o apoio financeiro de empresas e pessoas físicas, atendendo aos apelos dos líderes locais, a AMDAF conseguiu mobilizar outras três viagens para Roraima em 2022. Trata-se de uma das poucas equipes profissionais que acessaram o povo Yanomâmi.

Em entrevista ao Instituto Phi, o Dr. Celso Takashi, oftalmologista, cirurgião especializado em catarata e um dos fundadores da AMDAF, conta que nunca havia visto nada parecido com a vulnerabilidade encontrada –  fruto da avanço do garimpo ilegal, que provocou desmatamento, destruição do leito dos rios, contaminação por mercúrio, aumento dos casos de malária, perda da soberania alimentar e desnutrição infantil. Ele destaca que tratar da contaminação da água é o ponto de partida para que o povo Yanomâmi possa viver com saúde. Confira a entrevista:

Como é o trabalho dos Médicos da Floresta e em que regiões atua?

Conectamos profissionais de saúde às necessidades dos nossos povos originários, em especial os que estão em regiões de difícil acesso. Prestamos atendimento médico clínico e cirúrgico, assistência odontológica e oftalmológica. Começamos pela oftalmologia, mas era preciso fazer mais. Sempre trabalhamos com clínicos gerais, pediatras e enfermeiros e depois incorporamos odontologia, ginecologia, infectologia e outras áreas. Dependendo das demandas da região, personalizamos a formação da equipe. Já percorremos o Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso; aldeias do Povo Pataxó, no extremo sul do Estado da Bahia; território Kaiowá, em Dourados (MS); comunidades do leste de Roraima e Terra Indígena do Vale do Javari (AM), além da Terra Yanomami (AM e RR). Regiões bem distintas e com problemas bem peculiares, mas que, de maneira geral, têm uma carência de infraestrutura básica de saúde, falta de indicadores que orientem os profissionais da área e escassez de medicamentos. 

Quantos profissionais já participaram das expedições e quantos atendimentos foram realizados?

Ao longo destes seis anos, mais de 100 voluntários. Eles vêm e vão, alguns participam de algumas expedições e não de outras. Incrivelmente, o limitante não é o profissional médico, temos um voluntariado forte. A parte mais difícil é o backoffice, isto é, a logística e a captação de recursos, porque as ações demandam um custo operacional alto, especialmente o deslocamento para as terras indígenas e a compra de medicamentos. Temos mais de 9 mil atendimentos prestados, dentre consultas médicas, oftalmológicas e odontológicas, mais de 300 cirurgias oftalmológicas e quase 3 mil óculos distribuídos, além de mais de 2 mil procedimentos odontológicos realizados.

Quais os desafios enfrentados pelas ONGs?

Existem as dificuldades logísticas, já que as ONGs que trabalham com povos originários muitas vezes operam em áreas remotas e de difícil acesso, o que pode dificultar a logística de transporte e suprimentos, a exigência de altos custos financeiros, devido ao transporte de equipamentos e equipes, e, muitas vezes, os desafios culturais, como a barreira do idioma, crenças e hábitos diferentes. É imprescindível trabalhar com respeito à cultura e às tradições das comunidades para estabelecer o elo de confiança. Crenças e práticas espirituais diferentes da medicina ‘tradicional’ precisam ser respeitadas. Na maioria das vezes, é importante trabalhar com intérpretes para garantir uma comunicação eficaz.

Como a realidade Yanomami é diferente da dos demais povos indígenas?

É inquestionável o quanto a presença dos garimpeiros contribui para o quadro de desnutrição severa, resultado da contaminação do solo e da fuga da caça, e para a proliferação de doenças na Terra Yanomâmi. A malária é totalmente tratável, mas com a miscigenação, vai havendo uma contaminação sequencial e, como o estado geral de saúde dos indígenas é muito frágil, principalmente o das crianças, que são subnutridas, a doença acaba sendo fatal. As equipes de saúde tentam tratar as verminoses, mas vivendo numa região contaminada, em pouco tempo o indígena é acometido novamente. É um ciclo perverso. E tem ainda a questão do mercúrio que contamina as águas, o que provoca problemas de médio e longo prazo muito graves, que atingem os sistemas esquelético e neurológico. Talvez ainda nem tenhamos tido tempo para ver quais serão todas as consequências. 

Além do combate ao garimpo ilegal, o que é preciso para solucionar o problema?

Há uma carência absoluta de saneamento básico e água segura. A água é contaminada, não só pelo mercúrio, mas também outros patógenos, como vermes,  vírus, bactérias e protozoários. Minha opinião é que é necessário um plano de médio a longo a prazo de saneamento básico, achando um equilíbrio entre preservação da cultura indígena e o mínimo de condições para eles viverem com saúde.  Sem água de qualidade, o risco é tratar os doentes, mas as doenças voltarem. Por isso, começamos a firmar parcerias para buscar soluções. No curto prazo, com algumas startups que disponibilizam filtros portáteis de carvão ativado ou de membrana. Para o médio e longo prazo, estamos conversando com agências sobre parcerias para a construção de sistemas mais robustos e de longa duração, com perfuração de poços e tratamento de água.

Está nos planos dos Médicos da Floresta retornar para a Terra Yanomami?

Com  a intervenção federal e a presença maciça das forças armadas e da equipe do Ministério da Saúde, acreditamos que a ação emergencial esteja sendo bem conduzida. Quando essa força-tarefa começar a se dissipar, melhoras contínuas e o acompanhamento das populações serão fundamentais para que a população se mantenha saudável. Nesse momento, teremos um papel importante para complementar o trabalho que foi iniciado. Paralelamente, estamos planejando ações cirúrgicas no Xingu e no Vale do Javari e também trabalhando para viabilizar nosso projeto de uma unidade móvel, um ônibus que será transformado num consultório médico itinerante. Estamos na fase final de captação de recursos.

No Boletim Phi, leia matéria sobre projetos sociais que apoiam os povos originários

Organizações Vencedoras do Desafio Phi de Educação para Gentileza e Generosidade

O Desafio Phi de Educação para Gentileza e Generosidade 2022 visa destacar e premiar ações generosas e solidárias que envolvam organizações sociais (OSC’s), beneficiários diretos e indiretos, equipe e toda a comunidade do entorno. Conheça as organizações vencedoras:

  • Excelência em Inovação – CEAP 
  • Excelência em Mobilização – Associação Beneficente Vivenda da Criança 
  • Excelência em Criatividade – Instituto Associação ASVI CDD – Associação Semente da Vida da Cidade de Deus

Comissão avaliadora:

Diogo Bezerra da Silva – Mais1Code

Guilherme Mattoso – Movimento Bem Maior

Adriana Rocha e Ana Paula Dias – AFAGO-SP

Débora Verdan – Escola Aberta do Terceiro Setor / Fundação José de Paiva Netto

Elpis Ziouva e Marina Pechlivanis – Equipe Umbigo do Mundo/Educação para Gentileza e Generosidade

Cristiana Velloso – Equipe Phi 

Projeto Recriando Raízes

Rio de Janeiro

Sobre o projeto: Tem o objetivo de interagir e integrar crianças, jovens e adultos com a sociedade, dentro e fora do seu contexto social, municiando-o, com ferramentas para a superação da vulnerabilidade, contribuindo para o desenvolvimento, redução das desigualdades e a igualdade de gênero a médio e longo prazo na comunidade de Costa Barros, no Rio de Janeiro/RJ.

Apoio Phi: Implementação do programa (Re)conquista, materiais e equipamentos.

Vigência: 2018, 2019, 2021, 2022 e 2024

Projeto de educação tecnológica vai para as salas de aula das ‘quebradas’

Em menos de três anos, a Mais1Code transformou a trajetória de mais de 600 jovens das periferias, através de uma metodologia de ensino na área de tecnologia que, além de 100% gratuita, fala a mesma língua que a deles, “de quebrada para a quebrada”. Mas, para os fundadores da edutech, faltava realizar um sonho: oferecer a formação de desenvolvedor web no formato presencial. Pois, no dia 13 de outubro, se formou a primeira turma que cursou o projeto “Reprogramando a Quebrada”, durante seis meses, dentro de uma sala de aula, na comunidade do Jardim Pantanal, em São Paulo, com o apoio do Instituto Phi em parceria com o Instituto Coca-Cola Brasil (ICCB).

Diogo Bezerra, um dos fundadores da Mais1Code, ao lado de Tauan Matos, explica que o projeto começou com um modelo de aulas exclusivamente online, tendo como parceiras ONGs de cerca de 20 estados que disponibilizam salas de informática para quem quer fazer os cursos. Mas, com o fim da pandemia de Covid-19, veio o desejo de levar alunos e professores para a interação nas salas de aulas, principalmente no Jardim Pantanal, onde Bezerra viveu na juventude:

“A Mais1Code precisava de apoio para atingir essa meta e, graças ao Instituto Phi, hoje conseguimos formar nossa primeira turma presencial, impactando 30 alunos do Jardim Pantanal e redondezas, sendo em sua maioria jovens pretos e pardos”, destaca o cofundador da edutech, que contou também com o apoio do Instituto Alana, onde o curso foi realizado.

Entre estes jovens alunos está uma atendente de telemarketing e estudante de análise de sistemas de 23 anos, moradora do Jardim Helena, mãe de um menino de 7 anos, que ela cria sozinha:

“Como estudante universitária da área de tecnologia no formato de ensino a distância, eu enfrentava muitas dificuldades. Na Mais1Code eu aprendi de uma forma mais descomplicada, prática. Agora, quero migrar para minha área de formação no mercado de trabalho. Pela Mais1Code, já participei de dois processos seletivos, sendo um para estágio e um para uma vaga efetiva. Sei que vou conseguir”, diz, confiante.

Ouça o depoimento

Sobre o Instituto Phi

Conectar pessoas, organizações e informações para promover a cultura da doação. Esta é a missão do Instituto Phi, uma organização sem fins lucrativos que atua assessorando indivíduos e empresas a fazer de maneira estratégica o planejamento de sua filantropia e, ao mesmo tempo, fortalecendo a gestão de projetos sociais e criando soluções inovadoras e customizadas para potencializar o Terceiro Setor.

Em oito anos, mais de R$ 147 milhões foram doados e 1,2 mil projetos sociais apoiados, beneficiando mais de 2 milhões de pessoas.

Criado e desenvolvido pela Refinaria Design. Atualizado pela Sense Design.