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Itália se torna o primeiro país a tornar obrigatória a educação para as mudanças climáticas

*Artigo de Jessica Stewart originalmente publicado no site My Modern Met

Quando o ano letivo de 2020 começar, a Itália será o primeiro país do mundo a incluir horários obrigatórios de ensino sobre assuntos relacionados a questões climáticas. De acordo com o ministro da Educação italiano, Lorenzo Fioramonti, serão 33 horas por ano incorporadas ao currículo sobre esse assunto urgente.

Com Greta Thunberg na liderança, jovens do mundo todo estão cada vez mais engajados na defesa do meio ambiente. E agora as gerações futuras da Itália estarão mais informadas do que nunca sobre os riscos que nosso planeta enfrenta. Esta é apenas uma parte do esforço geral da Itália para colocar a sustentabilidade e o clima no centro da educação.

“A ideia é que os cidadãos do futuro estejam preparados para a emergência climática”, disse o porta-voz de Fioramonti, Vincenzo Cramarossa. 

Para que isso aconteça, as horas obrigatórias de ensino serão incorporadas às aulas cívicas existentes. Além disso, a sustentabilidade começará a aparecer como um tópico nas aulas tradicionais como geografia, matemática e física.


No sistema educacional italiano, sustentabilidade permeará todo o currículo (Getty Images)

Para orientar o projeto, o ministério reuniu um painel de especialistas que inclui Jeffrey Sachs, diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Columbia, e o teórico econômico e social americano Jeremy Rifkin.

“Quero tornar o sistema educacional italiano o primeiro que coloca o meio ambiente e a sociedade no centro de tudo o que aprendemos na escola”, disse Fioramonti.

Fioramonti, que pertence ao Movimento Cinco Estrelas (que representam cinco prioridades: água, meio ambiente, mobilidade, conectividade e desenvolvimento) foi criticado durante seu tempo no cargo por apoiar estudantes que protestam contra as mudanças climáticas. Ele também recebeu uma reação negativa por impostos propostos sobre passagens aéreas, alimentos plásticos e açucarados, a fim de financiar a educação. No entanto, o imposto sobre plástico e açúcar foi incorporado ao orçamento do governo para 2020, um sinal de que a Itália está pronta para mudanças progressivas.

A consciência do propósito social nos negócios

O colunista Renato Bernhoeft analisa que empresas familiares milionárias estão buscando alternativas de investimento

*Texto publicado originalmente no jornal Valor Econômico

As últimas informações e análises do mercado financeiro no mundo todo – Brasil incluído – mostram uma forte concentração da riqueza em detrimento de uma distribuição de renda mais justa. Entretanto, o crescimento dessas fortunas vem ocorrendo no universo de novos empreendedores, figuras que tem tido relativo e rápido sucesso em novos negócios, especialmente nas áreas de tecnologia e serviços. Paralelamente, muitas famílias tradicionais foram destruindo patrimônio e laços familiares pelo despreparo dos herdeiros.

Uma pesquisa anterior já constatou que 70% das empresas familiares que desapareceram,  foram compradas por outros grupos, por conta de conflitos familiares ou societários entre seus descendentes. Causados também por empresários e patriarcas centralizadores ou pais ausentes na formação dos filhos.

Este panorama já está exigindo que as instituições financeiras, gestoras de fortunas, tenham que ampliar sua visão e as formas de agregar valor social ao patrimônio dos seus clientes. Em declarações recentes, a gestora de planejamento patrimonial, Mariana Oititica – sobrinha- neta do artista plástico Hélio Oititica (1937/1980) – afirmou que “as famílias estão cada vez mais imbuídas de criar um legado, especialmente as segundas e terceiras gerações. Há uma vontade crescente de fazer coisas que gerem valor”.

Essa visão de propósito social está focada nas formas, e busca de alternativas, que não apenas visem ampliar os rendimentos financeiros, mas também encontrar maior sentido para o capital. Além de uma afetiva contribuição da família para construir um mundo mais justo.

Vale registrar que uma boa parte desta nova consciência social que vem surgindo em algumas famílias empresárias tem sido provocada pela presença e atuação das figuras femininas no universo decisório. Demonstrando uma visão mais “holística” e abrangente do universo corporativo, as mulheres vêm conquistando influência e poder.

As novas iniciativas podem envolver filantropia, fundações, institutos ou apoio a entidades já existentes, com ações nas áreas de educação, meio ambiente, saúde, envelhecimento, habitação, assistência infantil, entre outras. Uma instituição já bastante reconhecida no Brasil é o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – que atua no engajamento e preparo de famílias, empresas e comunidades nos processos de contribuição social. Sua atuação tem se ampliado ao longo dos últimos anos.

* Renato Bernhoeft é fundador e presidente do conselho da höft consultoria. Autor de livros sobre empresas familiares, sociedades empresariais e qualidade de vida.

Por que precisamos de uma revolução radical de generosidade

Artigo de Asha Curran, criadora e CEO do GivingTuesday, publicado originalmente em https://medium.com/unleashing-generosity/why-we-need-a-radical-generosity-revolution-cbd0ed641edc.

O GivingTuesday (Dia de Doar) começou com uma grande ambição e, ao mesmo tempo, um questionamento: poderia ser criada uma data que comemorasse as virtudes e recompensas de retribuir, em contraposição aos dias de consumir (como na Black Friday)? Seria possível tirar partido do poder da hiperconectividade digital e da colaboração para tornar a generosidade viral?

A resposta foi um retumbante e inspirador sim. A ideia se espalhou rapidamente além das fronteiras dos Estados Unidos, onde a data surgiu, tornando-se um movimento global dentro de poucos anos. Ao mesmo tempo, tornou-se hiper local, com líderes comunitários de cidades de todo o mundo reunindo organizações, escolas, famílias e empresas numa corrente do bem através da doação.  Não há lugar no mundo que não tenha participado do GivingTuesday de alguma maneira em 2019.

O GivingTuesday não é, ao contrário de algumas percepções, um dia de angariação de fundos, apesar de realmente inspirar uma quantidade notável de contribuições em dinheiro para organizações sem fins lucrativos. A doação é apenas uma de um número infinito de possibilidades de iniciativas. É um dia que celebra a generosidade por sua definição mais abrangente, lembrando-nos do significado real de “filantropia:” “amor à humanidade”.

Comemoração do Giving Tuesday promovido pela plataforma de crowdfunding Launch Good, focada na comunidade muçulmana de todo o mundo

A generosidade no Dia de Doar é expressa como apoio às organizações da sociedade civil, mas também em atos de bondade, empatia, conexão, solidariedade. Em uma era de movimentos, o GivingTuesday é, como a maioria deles, alimentado pela ideia de que muitas pessoas agindo juntas podem causar mudanças radicais. É uma celebração do impacto positivo que cada pessoa, de qualquer idade, religião ou região, pode causar.

Diferentemente da “caridade”, a generosidade como valor é, como o amor, um nivelador – é fundamentalmente equitativo no sentido de que todos têm algo a dar, e a generosidade de ninguém é mais importante que a de qualquer outra pessoa. 

Observar a enxurrada de generosidade no GivingTuesday é como assistir a uma revoada de estorninhos – a coordenação quase mágica, mas altamente regimentada, de muitos seres individuais para criar um efeito abrangente e unificado, prazeroso de se ver.

Ao mesmo tempo, parece que o mundo ao nosso redor se tornou radicalmente menos generoso. Qualquer que seja o oposto de generosidade – ganância, egoísmo, mesquinhez -, vemos isso na extrema desigualdade de renda nos Estados Unidos e em suas muitas e fatais consequências: na eleição de governos extremistas em países de todo o mundo e políticas que se manifestam em austeridade, abuso e intolerância; na ambição daqueles que têm muito mais do que jamais precisarão e continuam a buscar por mais e mais; nos maus-tratos às pessoas que fogem de desastres climáticos ou genocídios. É evidente na silenciosa epidemia de solidão. 

O que todos os movimentos compartilham é o que os autores Max Haiven e Alex Khasnabish chamam de “imaginação radical”, um espaço compartilhado para imaginar e criar um mundo em que queremos viver, não num futuro distante, mas o mais rápido possível. A palavra radical deriva de “raiz” e os movimentos imaginam mudanças nos níveis mais fundamentais. 

O movimento #MeToo não imagina simplesmente um mundo em que os predadores sexuais são punidos por seus pecados, mas um mundo em que as mulheres não são atacadas, para começar. O Movimento Occupy imaginou um mundo onde é intolerável que alguns tenham tanto enquanto outros tenham tão pouco, o que envolveria sistemas, estruturas e políticas completamente reconstruídos. Até mesmo os movimentos alimentados pelo ódio compartilham um espaço de imaginação radical e contam com a mesma dinâmica coletiva.  Alguns pensam em movimentos, com seu poder de reivindicar e utilizar a força popular, como revoluções. Revoluções, afinal, causam “uma mudança radical e generalizada na sociedade e na estrutura social”.

A equipe da GivingTuesday acredita que o mundo está muito pronto para uma revolução de generosidade. Uma generosidade radical, que reimagina nosso mundo como um lugar onde não apenas trabalhamos mais para aliviar esses danos, mas onde não os toleramos. Um mundo em que nosso senso de solidariedade faz com que percebamos o dano a outro da mesma maneira que perceberíamos a nós mesmos.

GivingTuesday é um espaço para imaginar coletivamente esse mundo, um prisma através do qual podemos enxergar o que é possível. A imaginação está sempre emparelhada com a ação; com trabalho real e transpiração diária, a comunidade global está imaginando e construindo um mundo impulsionado pela generosidade e tudo o que leva a ela – comportamentos altruístas aumentados, comunidades fortalecidas e com vínculos interpessoais, maior participação cívica. E, finalmente, um mundo mais justo.

Minha esperança para 2020 e além é que cada vez mais pessoas assumam o trabalho de tornar a generosidade central em nossas vidas. Não é um trabalho difícil (é altamente gratificante de muitas maneiras mensuráveis, de fato). Não precisa parecer dramático, mas seus efeitos podem ser – a criação de um mundo onde todos são cuidados. Isso não deve ser uma coisa tão radical de se imaginar.

Filantropia e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Após décadas de declínio, a fome no mundo, medida pela desnutrição, vem aumentando desde 2015. O número de pessoas que vão dormir com fome a cada dia foi estimado em 820 milhões em 2018. Só no Brasil, são 5 milhões.

Mas, como reverter esse quadro? A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que orienta as Nações Unidas e seus países-membros, deram ao mundo uma linguagem comum e um senso de urgência para resolver os desafios existentes. Concluídas em agosto de 2015, as negociações culminaram num documento ambicioso que propõe 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas correspondentes para o período que começou em 2016 e termina 2030. A diretriz essencial? Não deixar ninguém para trás.

Os ODS trabalham com o espírito de parceria para fazermos as escolhas certas para melhorar a qualidade de vida para a atual e as futuras gerações. Todas equilibram as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental.

Diante de uma agenda tão complexa para que os povos se engajem nesta luta para acabar com a pobreza, proteger o planeta e garantir a paz e a prosperidade para todos, é preciso que cada um faça a sua parte: governos, empresas e sociedade civil. E a filantropia pode ter um papel fundamental para a transformação que buscamos. 

O Instituto Phi tem se guiado especialmente pelo ODS 10 – reduzir a desigualdade – mas também apoia financeiramente, através de doações, organizações sociais que se pautam por outros ODS, como acabar com a fome, assegurar vida saudável, assegurar educação inclusiva e de qualidade ou a disponibilidade de água e saneamento para todos. Entendemos que todas essas temáticas são integradas e indivisíveis, e no fim, o objetivo é sempre que todos tenham igualdade de condições.

Ao redor do mundo, o desenvolvimento econômico e social de um país tem como um de seus pilares uma sociedade civil atuante, que assume seu papel na busca de soluções para os desafios sociais que enfrentamos. É aí que entra a doação. Seja de tempo, de material, de força de trabalho, de conhecimento técnico ou de dinheiro para adquirir os recursos necessários. O que não é mais aceitável é deixar o futuro do planeta para trás.

Não sabe por onde começar? Aqui vão algumas ideias: participação em mutirões de melhorias em favelas, criação de redes que permitam levar soluções de baixa tecnologia para comunidades que precisem, arrecadação e envio de água potável para vítimas de catástrofes naturais, aulas gratuitas de reforço escolar, engajamento em campanhas “adote um aluno” com ajuda e acompanhamento mensal, campanhas do agasalho, criação e/ou estímulo a creches comunitárias, capacitação técnica a jovens de baixa renda e/ou refugiados, construção de horta comunitária e implementação de coleta seletiva em espaços da comunidade, promoção de bazares de troca de roupas e brinquedos, mutirão de limpeza de praias e campanha para a redução do consumo de plástico.

Tem outras sugestões de ação? Conta pra gente nos comentários!

Segue um resumo dos 17 ODS:

Objetivo 1: Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.

Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável.

Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.

Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.

Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.

Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos.

Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos.

Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos.

Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.

Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles.

Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.

Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.

Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos.

Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável.

Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade.

Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.

Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.

Cariocas que transformam o Rio

Se você pudesse ajudar a resolver um problema social do Rio de Janeiro, qual seria? Saúde, educação, segurança, desemprego, exclusão cultural? E que grupo em situação de vulnerabilidade mais te comove? Crianças, idosos, população de rua?

E se te dissessem que você pode, sim, fazer parte da transformação social da cidade? Várias organizações da sociedade civil vêm suprindo essas lacunas, com projetos de grande impacto espalhados por vários bairros do Rio. Mas poderiam fazer mais, com mais recursos. Como forma de criar uma ligação direta com os moradores e de juntar esforços para transformar a realidade da região, um grupo de mais de 17 entidades está lançando a campanha Doa Rio. Os cariocas são convidados a demonstrar seu apoio e seu amor pelo Rio, fazendo a sua doação para entidades locais. A campanha será veiculada de 25 de novembro até o Dia de Doar, 3 de dezembro.

A Doa Rio é uma iniciativa conjunta de Instituto Phi, Instituto Desiderata, Banco da Providência, Saúde Criança, Rede Cruzada, Instituto Apontar, Instituto da Criança, Solar Meninos de Luz, ASVI, Instituto Ekloos. Semeando Amor, Efeito Urbano, Instituto Mundo Novo, Sparta Rio, Agência do Bem, Cia 2 Banquinhos e Educar+. As doações poderão ser feitas pela pela plataforma da Benfeitoria, no https://benfeitoria.com/ doario.

 “A ação foi criada para conectar os cariocas com as causas que mais os comovem e com suas organizações. Queremos valorizar projetos que já vêm fazendo um trabalho de excelência e estimular os indivíduos a partir para a ação para construirmos juntos a cidade que queremos viver”, destaca a fundadora e diretora-executiva do Instituto Phi, Luiza Serpa.

Como faz parte do Dia de Doar, que promove a solidariedade e a generosidade por meio da conexão de pessoas com projetos sociais de todo o país, o movimento estimula que os participantes tornem públicas as suas doações, compartilhando nas mídias sociais com as hashtags #diadedoar e #doario

No país, o Dia de Doar começou em 2013, um ano depois da primeira edição nos Estados Unidos, em 2012. A partir de 2014 o Brasil passou a fazer parte do movimento global, que hoje conta com 55 países participando oficialmente, e ações sendo realizadas em mais de 190.

 Lá fora, o Dia de Doar tem nome de #GivingTuesday, que significa “terça-feira da doação”. Vem na sequência de datas comerciais já famosas, como as BlackFriday e CyberMonday. É sempre realizado na primeira terça-feira depois do Dia de Ação de Graças (o Thanksgiving Day).

A campanha nacional do Dia de Doar é realizada pelo Movimento por uma Cultura de Doação, que reúne organizações e indivíduos que atuam pela promoção de um país mais generoso. A Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR) é a representante oficial da data no Brasil.

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