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Um saque que fica para a história
Um jovem negro e de família humilde foi o selecionado para dar o saque inaugural no Miami Open, um dos maiores torneios do esporte do mundo, em março deste ano. Seu nome é Rafael Muniz Padilha. O gaúcho de 18 anos, morador da Vila Kedi, em Porto Alegre (RS), é aluno do Rede Tênis Brasil, projeto social que oferece a prática de esportes em escolas da rede pública nas cinco regiões do país. Ao longo do último ano, o Instituto Phi apoiou o funcionamento do RTB na Rocinha, no Rio de Janeiro.
Primogênito de uma família de 7 irmãos, dos quais 5 fazem parte do projeto, Rafael é criado pela mãe e perdeu o pai de forma trágica, num episódio de violência na comunidade onde vive. Conheceu o tênis aos 9 anos de idade, através da atuação do RTB na escola municipal onde estudava. Pouco tempo depois, começou a se destacar e jogar torneios estaduais. Hoje, já compete em campeonatos juvenis nacionais e internacionais. Ele também se dedica ao estudo de inglês com o objetivo de aplicar para uma bolsa de estudos em uma universidade americana.
Em 2023, foi um dos meninos do projeto que vivenciaram uma experiência inesquecível no ATP Masters 1000 americano. Além de bater bola na quadra central, Rafael teve a oportunidade de assistir aos jogos com visão privilegiada, acompanhar a entrada de jogadores profissionais e conhecer os bastidores do torneio.
Pelo seu desempenho, Rafael foi selecionado pelo Itaú, patrocinador do Miami Open, para fazer o saque inaugural. Para além das quadras, o jovem também foi protagonista de uma campanha publicitária promovida pelo banco, com direito a entrevista para um jornal americano; conheceu um ídolo, o tenista espanhol Carlos Alcaraz; e, para fechar com chave de ouro, bateu bola com o ídolo de outro esporte, Ronaldo Fenômeno. Tudo isso fez com que ele voltasse para casa acreditando que pode e merece um futuro melhor.
“Eu nem imaginava pegar numa raquete, ainda mais viajar para vários lugares, como tenho viajado, ir para Miami. Como a maioria dos meninos, eu só jogava futebol. Quando comecei a ganhar os torneios de tênis, pensei ‘acho que tenho futuro nesse negócio’. Hoje, sonho em conquistar uma bolsa numa universidade americana e em jogar tênis profissionalmente nos Estados Unidos”, conta ele.
Aos poucos, a timidez do menino da Vila Kedi dá lugar ao sonho de, através do tênis e da educação, tornar-se um grande campeão das quadras e da vida.
Nota: Rafael e sua família moram numa parte alta de Porto Alegre e não foram seriamente afetados pelas chuvas que causaram destruição em grande parte do Rio Grande do Sul, felizmente!

Vigência: projeto social, transformação social.
De menino ‘difícil’ a atleta paralímpico do tênis de mesa
Em 2018, quando começou a frequentar o contraturno escolar na Associação Semente da Vida – a ASVI, organização apoiada há muitos anos pelo Instituto Phi na Cidade de Deus – Pedro Lucas apresentava muitos desafios. O menino, que tem uma deficiência num braço causada por uma lesão no plexo braquial na hora do nascimento, costumava ser hiperativo e impaciente.
Pedro Lucas havia sido encaminhado à ASVI pela equipe de reabilitação da Rede Sarah, que também o incentivou a participar de treinos de tênis de mesa num clube. Na ASVI, ele participou das fases I e II projeto Restituição Educacional Interativa (REI), que focam na ampliação do repertório de crianças e adolescentes, com reforço escolar, esporte, inclusão digital, cidadania e habilidades socioemocionais.
“Antes de entrar na ASVI, o Pedro havia sofrido bullying por causa de sua deficiência, então era um menino introspectivo, agitado e com baixa autoestima. Ele fazia tratamento para a questão motora, mas tinha muita vergonha. Ao participar do projeto REI, ele foi aprendendo a lidar com as suas questões e se entrosando com outras crianças, o que lhe proporcionou uma sensação de pertencimento”, conta a mãe, Alessandra.
Sua aptidão esportiva, aliada ao ganho de autoestima, o levou a conseguir, na escola onde estuda, uma vaga nas Paralimpíadas Escolares de 2021, e depois novamente em 2022 e 2023. No primeiro e no segundo ano, Pedro conquistou a prata e, no ano passado, conquistou o ouro categoria individual e prata na categoria de duplas.
Essas vitórias não apenas representaram um reconhecimento do talento esportivo dePedro Lucas, mas também simbolizaram a sua capacidade de superar desafios. Hoje, com 15 anos e uma trajetória marcada por uma transformação notável, ele éjovem aprendiz da área administrativa da ASVI, um rapaz muito sorridente e que já sonha com uma vaga nas Paralimpíadas de Los Angeles, em 2028.
Quem financia os custos operacionais de uma ONG?
Quem financia os gastos de aluguel, as campanhas de divulgação ou a compra de softwares de uma ONG? As doações para projetos são importantes, mas é com o investimento nos custos operacionais – aqueles que não são vinculados ao serviço que a organização presta – que ela pode construir uma infraestrutura robusta, inovadora, fundamental para a sua eficácia e, portanto, para cumprir com sua missão. Vamos falar sobre isso? Vem ver a nova edição do Boletim Phi!
Permanência na universidade garantida pela retribuição de ex-alunos
Matheus Avanci saiu de sua cidade natal, no interior de Minas Gerais, no início do ano passado, a caminho do Rio de Janeiro. Foi aprovado em Engenharia Naval na UFRJ e encarou o desafio de vir sozinho para terras cariocas, aos 19 anos. Não seria algo tão surpreendente, se Matheus não fosse de uma família muito humilde. Ele morava numa casa frequentemente atingida por inundações e já viveu num abrigo. Após ser aprovado na federal, o estudante chegou ao Rio com apenas R$ 300 no bolso.
Com tantos desafios – dentre eles, morar num imóvel precário e ter comida na mesa para se alimentar todos os dias – seu desempenho em várias disciplinas ficou comprometido, resultando em reprovação em 3 das 6 matérias cursadas.
Neste momento, ele se candidatou e conquistou uma bolsa do Instituto Reditus, associação formada por alunos e ex-alunos da UFRJ, que formou um fundo patrimonial e utiliza os rendimentos das doações recebidas para apoiar alunos em situação de vulnerabilidade com apoio financeiro, mentoria e edital de financiamento de pesquisas. O Instituto Phi apoia o Instituto Reditus.
Com o auxílio financeiro mensal de R$ 800, suporte de um mentor, eventos de uma rede de apoio, um computador e acesso gratuito a plataformas educacionais, Matheus elevou seu desempenho acadêmico em 74%, alcançando aprovação nas 5 disciplinas cursadas e elevando seu CR para 7.5, comparado ao 4.3 do período anterior.
O projeto do Instituto Reditus tem por objetivo oferecer bolsas a alunos cotistas de baixa renda dos cursos de graduação do Centro de Tecnologia (CT) e Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), da UFRJ, para apoiar a sua permanência na universidade e incentivar o seu sucesso acadêmico e profissional.
Os benefícios são renováveis ao final de cada período acadêmico, até a conclusão do curso, mediante verificação do cumprimento dos critérios de manutenção da bolsa.
Porque, para além da inserção de estudantes de diferentes origens sociais, é preciso garantir igualdade de oportunidades em sua vivência no ambiente universitário. Reditus é retribuição em latim. Que possamos espalhar a cultura da retribuição no Brasil!

Imprensa e Terceiro Setor – Guia Prático Para Jornalistas
Uma publicação especial repleta de informações sobre o Terceiro Setor, criada para ajudar jornalistas em sua missão de elucidar questões complexas e levar informações cruciais à sociedade.
Família a gente escolhe, sim, e Mateus escolheu a Amar
Via Ápia
Depois de estrear na literatura com a coletânea de contos O sol na cabeça e alçar de imediato a condição de ponta de lança da ficção brasileira, com forte repercussão internacional, sendo publicado por grandes editoras em mais de dez países, Geovani Martins publica seu primeiro romance ― Via Ápia. Nesta engenhosa narrativa sobre os impactos da instalação da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na vida dos moradores da Rocinha, a trama é dividida em três partes: a expectativa com relação à invasão; a ruidosa instalação da UPP; e a silenciosa partida da polícia e a retomada dos bailes funk que fazem o chão da favela tremer. Em capítulos curtos, que trazem perspectivas cruzadas, o narrador nos conduz pelas vidas dos cinco jovens protagonistas ― suas paixões, amizades, dramas pessoais, ambições, frustrações, sonhos e pesadelos.
Brilhante nos diálogos e mestre na narrativa, Martins é também certeiro no diagnóstico dos efeitos perversos da guerra às drogas. Ao enviar sua tropa de choque para a Rocinha, o Estado parece apresentar uma única resposta aos problemas do Brasil: a morte. A resposta dos moradores é bem outra: a vida, sempre ela, é o que faz a favela pulsar.
Aurora
Da criadora da Obvious, comunidade com mais de 1 milhão de seguidores no Instagram, e do podcast Bom dia, Obvious, Aurora é um convite a todas as mulheres que estão exaustas das demandas que elas mesmas e a sociedade fazem sobre suas carreiras, seus relacionamentos, seus corpos, suas personalidades.
Com o humor inteligente que lhe é peculiar e muita empatia, Marcela Ceribelli intercala relatos de experiências pessoais com estudos científicos e comentários de especialistas das mais diversas áreas (como psicologia, moda, saúde e artes), investigando as origens das expectativas que recaem sobre as mulheres e apontando caminhos para um despertar mais amoroso.
Abraçando aComplexidade
Rumo a uma compreensão compartilhada que visa financiar uma mudança de sistemas.
A decolonização da filantropia no combate à desigualdade

Você já ouviu falar sobre “localização” na filantropia? Essa é a pauta do Boletim Phi: a discussão sobre a necessidade de aumentar o investimento para projetos locais, isto é, desenvolvidos pela comunidade afetada pelo problema social que as doações pretendem resolver.
As organizações comunitárias abordam os desafios de controlar a própria narrativa com os atuais mecanismos de financiamento em vigor. Daí, vem outra questão: a necessidade de “descolonizar” ou “decolonizar” a filantropia.
Quem está falando sobre isso? Como podemos praticar a decolonização da filantropia? Acesse o Boletim Phi e saiba mais!
O Futuro da Filantropia no Brasil: Contribuir para a justiça social e ambiental
O Instituto Beja iniciou em 2023 o movimento Filantropando. Um encontro para pensar e discutir o futuro da Filantropia no Brasil e em como a sociedade pode contribuir para as causas de justiça social e ambiental com a presença de mais de 20 filantropos e diversos Executivos responsáveis por projetos sociais.
Com o tema “Oxigenando boas ações”, eles realizaram uma pesquisa estratégica em parceria com a consultora Silvia Bastante da Braymont Philanthropy Advisory com entrevistas de profissionais do setor e especialistas em que abordaram sobre a importância de mudanças sistêmicas, as causas de problemas sociais e como diminuir a desigualdade social no país através dos recursos obtidos. No encontro presencial, foram convidados para debater o tema ,o diretor da Skoll Centre for Social Entrepreneurship da Universidade de Oxford, Peter Drobac e a fundadora do Synergos Institute, Peggy Dulany.
Leia a pesquisa na íntegra aqui ou baixe através do site: https://institutobeja.org/filantropando/OXY01_FILANTROPANDO_DIGITAL_PT.pdf
Decolonizing Wealth
‘Decolonizing Wealth’ (em tradução livre “Decolonizando a riqueza”, sem edição ainda no Brasil) é uma análise provocativa da dinâmica colonial disfuncional em jogo na filantropia e nas finanças. O premiado executivo filantrópico Edgar Villanueva baseia-se nas tradições da maneira nativa de prescrever o remédio para restaurar o equilíbrio e curar nossas divisões.
Embora pareça contraintuitivo, a indústria filantrópica evoluiu para espelhar as estruturas coloniais e reproduzir a hierarquia, causando, em última análise, mais danos do que benefícios. Depois de 14 anos na filantropia, Edgar Villanueva viu além da fachada glamorosa e altruísta do campo e viu suas sombras: as redes dos velhos garotos, os complexos de salvadores e a opressão internalizada entre os “escravos domésticos” e aquelas poucas pessoas de cor selecionadas. quem ganha acesso. Todos estes financiadores reflectem e perpetuam a mesma dinâmica subjacente que nos separa deles e entre os que têm e os que não têm. Na mesma medida, denuncia a reprodução de sistemas de opressão, ao mesmo tempo que defende uma orientação para a justiça que abra as comportas a uma maré crescente que levanta todos os barcos. Na terceira e última secção, Villanueva oferece provocações radicais aos financiadores e descreve os seus Sete Passos para a Cura.
Com grande compaixão – porque a forma nativa é trazer o opressor para o círculo da cura – Villanueva é capaz de diagnosticar as falhas fatais na filantropia e fornecer soluções ponderadas para estes desequilíbrios sistêmicos.