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Sumário Executivo da Pesquisa – Pequenas ONGs e a captação via editais

Este documento apresenta os principais resultados de uma pesquisa quanti-quali realizada pela iniciativa PIPA em parceria com a Phomenta, entre março e julho de 2023. A investigação foi realizada com o propósito de dar visibilidade as principais dificuldades enfrentadas pelas pequenas organizações da sociedade civil (OSCs e ONGs) na hora de captar recursos via editais.

Relatorio PIPA – Periferias e Filantropia 

A iniciativa PIPA, em parceria com o Instituto Nu, propões a pesquisa `Periferias e Filantropia – As barreiras de acesso aos recursos no Brasil´. Para apresentar ao setor a realidade financeira e cotidiana das organizações de periferias no Brasil. Visando ser uma pesquisa que poderá auxiliar o Investimento Social Privado e a Filantropia a criar soluções que ampliem o impacto da alocação de recursos no país.

Geração Z: uma centelha de esperança?

A despeito das incertezas econômicas, brasileiros de todas as gerações, gêneros, regiões do país e graus de escolaridade contribuíram no ano passado para as causas importantes para eles. Foi o que mostrou a Pesquisa Doação Brasil 2022, coordenada pelo Instituto de Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), com apoio de muitos parceiros, dentre eles, o Instituto Phi. Mas, o estudo revela ainda que, à medida que o setor filantrópico se transforma e diversas vozes exigem um lugar à mesa, um grupo se destaca no caminho: a Geração Z.

Categorizados como “nativos digitais” ou pessoas que têm pouca ou nenhuma memória de um mundo sem tecnologia de smartphones, a Geração Z é formada pelos nascidos entre 1995 e 2010, o que significa que os mais velhos têm cerca de 28 anos e os mais novos ainda estão no ensino fundamental.

Com eles, a internet uniu as diversas vozes com uma velocidade e eficiência que o setor nunca experimentou antes. Eles usam plataformas como Instagram, TikTok e Twitter para divulgar causas que lhes interessam e mobilizar apoio para elas. Têm, portanto, o maior potencial de influenciar a consolidação da cultura de doação no País.

Na hora de doar – neste caso, os maiores de 18 anos –, são atraídos por projetos que se alinham com os seus valores, e muitas vezes estão dispostos a apostar em soluções nascentes e inovadoras para questões sociais e ambientais. A Geração Z é mais diversificada que qualquer geração anterior, e parece estar no caminho que nós, do Instituto Phi, estamos sempre apontando: eles doam porque sentem que sua doação, mesmo pequena, faz diferença.

Eles também estão certos de que as empresas são organismos poderosos, que devem usar seu potencial para gerar valor para as comunidades em que estão presentes.

Ter dados consistentes sobre a doação feita pelos cidadãos comuns já é um bom motivo para se comemorar. Saber que 84% dos brasileiros acima de 18 anos e com rendimento superior a um salário-mínimo fizeram ao menos uma doação em 2022, seja de dinheiro, bens ou trabalho voluntário, é mais ainda.

Além disso, em 2022, a mediana dos valores doados ao longo do ano foi R$ 300, um aumento de 50% em relação a 2020.

Nem tudo são flores e a pesquisa de 2022 indica um aumento da doação institucional entre a população de renda mais baixa (famílias que ganham até dois salários-mínimos), porém, uma queda entre famílias com renda superior a seis salários-mínimos. Além disso, as pessoas menos escolarizados retomam com mais força as doações entre 2020 e 2022 – durante e após a pandemia, portanto –, enquanto há queda nos níveis de doação das pessoas com níveis de escolaridade mais altos.

Outra notícia que recebemos com tristeza é a de que, depois de uma melhora significativa da opinião da população sobre as organizações da sociedade civil, registrada na pesquisa de 2020, o novo levantamento mostra um certo retrocesso nas questões relativas à confiança.

Não é uma balança equilibrada, mas é para isso que estamos trabalhando: para a construção de um país mais solidário, o que passa pela mobilização, bastante articulada, de todos os setores da economia. O desafio está em encontrar e construir modelos que são capazes de conectar a cultura de doação com cada um dos brasileiros.

O poder do ‘nós’: a formação de redes como capital filantrópico central

Há algum tempo, as pesquisas em ciências sociais e humanidades têm deixado de pensar o capital somente do seu ponto de vista econômico e financeiro. São diversos os autores e correntes que passaram a indicar que existem diversos capitais que podem ser incorporados pelas pessoas, com variações sobre seu valor, a depender do contexto em que o indivíduo se encontra. Assim, capitais culturais, sociais e simbólicos (notoriedade e fama, por exemplo) mudam de significado, valor e sentido, de acordo com o lugar e o período histórico em que se vive. Em algumas sociedades, um diploma de médico pode ser mais ou menos valorizado, determinado traço de beleza pode ser mais ou menos atraente etc. 

Isso não se trata apenas de uma curiosidade, pois as diferentes valências dos capitais que uma pessoa herda ou adquire ao longo da vida sempre mediram as oportunidades e possibilidades deste indivíduo, nas mais variadas esferas da sua trajetória (escolar, profissional, emocional etc). Mas não são somente os capitais mencionados podem afetar os caminhos e percursos possíveis de uma determinada pessoa: a rede de laços sociais que ela constrói ou herda é extremamente relevante, pois como sugere Marques (2009): “as redes de um indivíduo medeiam o acesso dos indivíduos a estruturas de oportunidades.” 

Em seu estudo sobre redes sociais e pobreza urbana, o autor procura identificar se as redes de relacionamento das pessoas fazem diferença em termos de ascensão social e acesso a oportunidades. A ideia do autor é pensar a pobreza de maneira multidimensional, e não apenas olhando para os dados econômicos rotineiramente avaliados, como renda, ocupação e bens. Ou seja, sua visão é de que somente aspectos econômicos são insuficientes para se compreender o fenômeno da pobreza, pois tendem a descontextualizar o indivíduo, tratando-o como uma espécie de átomo isolado e que se encontra em situação de vulnerabilidade por comportamentos ou decisões individuais equivocadas. 

Ao olhar para o conjunto de relações sociais que indivíduos em diferentes situações de pobreza se encontravam em comparação a outros indivíduos de classe média, o autor notou o seguinte cenário: “e, quando comparadas com as redes de classe média, as redes pessoais de indivíduos pobres tendem a ser menores, mais locais e menos variadas em termos de sociabilidade.” (Marques, 2009, p. 480). 

Essa rede menor, mais local e menos diversificada dos pobres em relação à da classe média tendia a torná-los menos hábeis em mobilizar ajudas sociais através de seus contatos, pois possuíam poucos vínculos, normalmente de pessoas da sua mesma região, que não tinham acesso igualmente a serviços públicos e outras oportunidades sociais, e por consequência menos chances de conhecer alguém que pudesse oferecer um caminho para mudar sua situação ou lhe desse um impulso para alargar seus laços. 

Apesar de não existir um estudo específico sobre organizações sociais e suas redes de

vínculos, podemos pensar que o mesmo princípio que se aplica a indivíduos poderia se aplicar às OSCs. Menos conhecimentos de atores diversificados do ecossistema filantrópico, em termos de território e posições sociais, pode deixar uma organização mais isolada e com menores chances de acesso a oportunidades em relação a outras, com abundância de vínculos, para os quais os diversos tipos de capitais chegam facilmente. 

Neste quesito, o fortalecimento e a participação em fóruns, conselhos e programas de fellows, entre outros, são muito relevantes, pois podem ir gerando aos poucos um capital social relacional que, no curto, médio e longo prazo, poderão significar acesso a oportunidades de financiamento, capacitação e conexão com novos doadores e públicos, que são potenciais agentes de consolidação e fortalecimento institucional da OSC. 

A organização alimentando uma rede ampla, territorialmente diversa e com acesso a diferentes formas de sociabilidades (empresas, grandes doadores, micro doadores, comunidade local, outras organizações sociais, fundações, consultorias, intermediários) tem potencialmente mais chances de ampliar sua estrutura de oportunidades, podendo acessar espaços, recursos e pessoas que, em um primeiro momento de isolamento, julgava inacessíveis. 

Dessa maneira, o impacto gerado pelas organizações não é alcançado somente por meio de recursos financeiros ou conhecimento interno. Elas dependem significativamente de um recurso intangível e poderoso conhecido como capital social, que é construído a partir de suas redes e relacionamentos com outros atores em seu ecossistema. 

O capital social não se limita apenas ao aspecto financeiro, mas abrange uma rica rede de conexões interpessoais, confiança mútua e valores compartilhados. É um ativo valioso que influencia diretamente na capacidade de uma organização social enfrentar desafios complexos e alcançar a sustentabilidade. 

As redes de relacionamento são o alicerce desse capital social. Elas são formadas através de uma variedade de interações, como eventos, cursos, workshops, visitas institucionais e, essencialmente, pelo compartilhamento de informações e conhecimento. Nestes ambientes, os valores e expectativas comuns emergem, fornecendo a base para parcerias estratégicas e para a distribuição eficiente de recursos disponíveis no ecossistema. 

No entanto, é vital enfatizar que apenas a participação passiva em redes não é suficiente para superar as limitações das organizações sociais. O simples ato de conexão não garante que elas alcancem seus objetivos. É necessário ir além e estabelecer ligações eficazes e estratégicas com outras entidades do setor que compartilham causas semelhantes. 

Além disso, a sustentabilidade vai além da captação de recursos financeiros. É também uma questão de flexibilidade e adaptação às mudanças no ambiente. As organizações sociais que funcionam em redes de troca de conhecimento se mostram mais flexíveis e dinâmicas, permitindo que se ajustem rapidamente às novas questões sociais em constante evolução. 

Um elemento crucial no fortalecimento das redes e no desenvolvimento do capital social é a confiança. Esta é uma moeda valiosa que se acumula ao longo do tempo por meio de relacionamentos sólidos e pela abertura e presença contínua no ecossistema. A confiança é um fator-chave que impulsiona a colaboração entre os diversos atores do ambiente e, muitas vezes, é conquistada com base em critérios sociais, culturais e históricos compartilhados. 

Quando se fala em escolhas estratégicas, pensamos em definir bem os objetivos que a organização almeja alcançar e qual seu perfil de cultura interna, além de sua causa social, pois a depender desses e de outros fatores conexões com famílias, indivíduos, grandes empresas, organizações internacionais, podem fazer mais ou menos sentido. Para construir confiança é necessário demonstrar transparência sobre sua estrutura de governança e movimentação financeira, bem como sobre os resultados que se vêm obtendo a partir de suas ações e aproximar-se da comunidade a qual está vinculada. 

Em resumo, o capital social e as redes de relacionamento desempenham um papel fundamental na capacidade das organizações sociais de enfrentar desafios e causas sociais. Ir além da mera conexão e estabelecer parcerias estratégicas, adaptar-se às mudanças e construir confiança são elementos essenciais para a sustentabilidade e o impacto positivo dessas organizações no desenvolvimento e inclusão social em comunidades vulneráveis. 

MARQUES, E. C. L.. As redes sociais importam para a pobreza urbana?. Dados, v. 52, n. 2, p. 471–505, jun. 2009. 

MARTELETO, Regina; SILVA, Antônio. Redes e capital social: o enfoque da informação para o desenvolvimento local. Ci. Inf., Brasília, v. 33, n. 3, p.41-49, set./dez. 2004. 

Por: Marcello Stella e Carolina Carvalho

Boletim Phi: Precisamos ativar todo o potencial da maior geração de jovens do país

Você sabia que temos no Brasil nossa última oportunidade de crescimento com a inclusão de jovens no mercado de trabalho? É o que chamamos de bônus demográfico: até o fim do século, a população brasileira em idade de trabalhar será muito reduzida. Se apoiamos o pleno desenvolvimento destes jovens em seus territórios, temos potencial!

Mas quais os desafios que os jovens de hoje enfrentam e como o Instituto Phi está atuando para fortalecer as juventudes? Vem aqui no Boletim Phi para saber!

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