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Desenvolvimento Institucional de Organizações da Sociedade Civil: uma análise sobre oportunidades de jornadas formativas e ofertas de recursos financeiros

Em um esforço colaborativo e inédito, a Plataforma Conjunta lançou, na última sexta-feira, o documento “Desenvolvimento Institucional de Organizações da Sociedade Civil: uma análise sobre oportunidades de jornadas formativas e ofertas de recursos financeiros”. O objetivo do estudo, realizado com 297 iniciativas previamente mapeadas, foi analisar o estado da arte das iniciativas de apoio ao desenvolvimento institucional de OSCs no Brasil, com foco no aprimoramento de capacidades técnicas organizacionais. O Instituto Phi faz parte do Comitê Consultivo da Conjunta e foi um dos revisores desse documento.

O resultado foi uma amostra final de 145 ofertas de jornadas formativas (JF) e 87 oportunidades de acesso a recursos financeiros (RF), totalizando 232 iniciativas, destacando-se as principais oportunidades, lacunas e demandas. Nunca se falou tanto em DI no Brasil como atualmente e este estudo soma-se a esse movimento, gerando reflexões críticas e úteis, bem como apoiando decisões práticas e inspirando e engajando novos ou atuais agentes de mudança social. Acesse o documento aqui e boa leitura!

Um diagnóstico climático para fortalecer a sociedade civil

Em um cenário global onde o papel da sociedade civil se torna cada vez mais relevante na formulação de políticas públicas, o Instituto Phi realizou um levantamento para compreender o nível de engajamento das organizações brasileiras em torno da justiça climática e como estão se mobilizando para influenciar as discussões no âmbito do G20.

O objetivo do Diagnóstico Climático é, a partir daí, recolher dados e informações e compartilhar acesso ao conhecimento, para que organizações de todo o país possam construir ações estratégicas para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas e a construção de uma governança global mais inclusiva e sustentável, onde a sociedade civil possa articular com governos municipais, estudais e federal o desenvolvimento de políticas públicas que cheguem a todos.​ A pesquisa foi liderada pela cientista social e mestre em sociologia Vivian de Almeida, analista de projetos do Instituto Phi.

Com 43 organizações respondentes em 11 estados, o levantamento mostrou que 53% das organizações não possuem conhecimento ou práticas de justiça climática e 61% das organizações não possuem conhecimento ou práticas contra racismo ambiental. Apesar de a maior parte não ter atuações nesse sentido, 88% das respondentes relataram estar em áreas de risco climático: 25 em área de risco para ondas de calor, 18 para inundações, 15 para secas, 10 para deslizamentos de terra e 5 para ondas de frio. Apenas 5 não estão localizadas em área de risco para desastres climáticos.

A maior parte das organizações (65,1%) não possuem projetos, ações ou programas voltados à preservação dos biomas brasileiros.

Quase metade das organizações (48,3%) não sabia que a Cúpula dos Líderes ocorreria no país ou sabia apenas que ocorreria no país/no Rio de Janeiro, sem conhecimento sobre a existência de eventos paralelos e 23,3% sabiam sobre a Cúpula dos Líderes e outros eventos, mas não tiveram acesso a informações sobre como participar. ​

Apenas 27,9% das organizações souberam como participar deste processo. E apenas 7 organizações (16,2%) afirmaram estar envolvidas em grupos de engajamento do G20, sendo 6 no Civil Society (C20) – dentre as quais 1 estava, também, inserida no Think Tanks20 (T20) – e 1 no Youth20 (Y20).​

As principais demandas para se engajarem mais profundamente na temática incluem capacitação, financiamento e acesso a informações, o que reforça a importância de políticas públicas e programas de apoio que promovam maior inclusão e participação dessas entidades em debates globais e na construção de soluções locais para a crise climática.​

A crise climática não é mais uma questão distante e teórica; ela está presente no cotidiano de todos os brasileiros e exige uma resposta urgente e coordenada. Nosso futuro depende, em grande medida, do fortalecimento das políticas públicas e de sua integração com agentes locais, incluindo nas discussões globais sobre sustentabilidade e governança quem está na linha de frente dos territórios.​

Mãos que falam: no Dia Nacional do Surdo, uma história sobre amor e Libras

Você sabia que, das 18,6 milhões de pessoas que se declararam com alguma deficiência no Brasil no último Censo, 10 milhões estão relacionadas à deficiência auditiva? O Dia Nacional do Surdo – celebrado nesta quinta-feira, 26 de setembro, logo após o Dia Internacional da Linguagem de Sinais, no dia 23 – lança luz sobre o acesso à educação desta população no Brasil. Se é difícil para a maioria, imagine num bairro com um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do município do Rio de Janeiro?

Mas é lá em Santa Cruz que funciona, há 17 anos, a OSC Jurema Amor nas Mãos para Deficientes e Surdos – JAMDS. Mais de mil crianças já participaram dos projetos desenvolvidos pela organização, fundada pela Dona Jurema Duarte, de 71 anos, com destaque para as aulas de Linguagem Brasileira de Sinais (Libras).

O projeto da JAMDS “Mãos que falam com amor”, apoiado pelo Instituto Phi e pelo Instituto Rio, oferece atividades socioculturais, pedagógicas e esportivas para crianças e adolescentes com e sem deficiência, incluindo jiu-jitsu, balé, carimbó, informática e Libras, claro. Além de alunos com deficiência auditiva, a equipe recebe muitos alunos com autismo não verbal e que também aprendem a usar a linguagem de sinais como forma de comunicação alternativa e aumentativa.

Dona Jurema, que antes trabalhava na área de enfermagem, começou a aprender Libras depois de se aposentar, com 54 anos. A partir daí, voluntariamente, começou a ensinar crianças com deficiência auditiva em sua própria casa. Em 2016, foi indicada ao programa de TV do Luciano Huck e ganhou uma sede para a JAMDS. Mas a história das “mãos que falam” começou na sua infância, quando ia com a mãe aos domingos visitar uma tia e os primos.

“Meus irmãos e meus primos iam brincar na rua, e eu ficava em casa fazendo companhia para meu primo Alexandre, que era surdo, e não conseguia ser incluído nas brincadeiras. Mas, de alguma forma, conseguíamos nos comunicar, na base da mímica, usando as mãos. Nós nunca tínhamos ouvido falar em Libras. Quando, depois de me aposentar, decidi aprender a Linguagem Brasileira de Sinais, achei que era importante multiplicar esse conhecimento não somente para pessoas surdas. Meus filhos e minha neta aprenderam Libras e incentivo os nossos alunos que não têm deficiência e chegam para outros cursos a aprenderem também. A inclusão social só será possível quando qualquer cidadão ouvinte também for capaz de se comunicar com as pessoas surdas por meio da Libras”.

Ainda temos muito a percorrer. Sequer a comunidade surda tem pleno acesso ao ensino de Libras, embora a Lei 14.191, de 2021, tenha incluído a educação bilíngue de surdos na Lei Brasileira de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Outro grande obstáculo é a carência de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) do ensino

fundamental ao superior, tornando impossível para esses alunos absorverem conteúdos ministrados nas escolas e universidades.

Felizmente, temos pessoas como Jurema abrindo caminhos para eles.

Criado e desenvolvido pela Refinaria Design. Atualizado pela Sense Design.