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ONGs esperam ser incluídas em medidas de apoio dos governos
9 de abril de 2020 Instituto Phi
Por Luiz Gustavo, da Agência do Bem
Por conta da pandemia do novo coronavírus e das medidas de isolamento impostas pela quarentena a queda da atividade econômica impõe riscos concretos à capacidade de gerar renda e prover subsistência à milhões de famílias do país. Diante deste cenário, as organizações do Terceiro Setor, popularmente conhecidas como ONGs, estão articulando ações em redes de solidariedade, em milhares de comunidades Brasil afora, arrecadando e distribuindo toneladas de mantimentos e itens de primeira necessidade à população mais vulnerável.
Segundo o ‘Monitor das Doações da COVID 19’ mantido pela Associação Brasileira de Captadores de Recursos cerca de 1 bilhão de reais já foram arrecadados entre empresas e pessoas físicas para combater os impactos da pandemia nas comunidades de baixa renda e para ajudar o sistema de saúde.
Estes números impressionantes, contudo, escondem um perigo: todo este afluxo de doações tem como destino a população e suas urgentes necessidades, mas como ficarão estas organizações de apoio com a queda de arrecadação que já está sendo sentida pelos seus gestores?
A organização carioca Agência do Bem, articuladora da Rede de Organizações do Bem, iniciativa presente nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e de São Paulo, contando com a participação de 800 ONGs, realizou a pesquisa “Impacto do Coronavírus no Terceiro Setor”, entre os dias 3 e 7 de abril, com 231 diretores dessas entidades. O levantamento revelou um quadro alarmante: 67% tiveram queda de arrecadação de suas receitas acima de cinquenta por cento após o início da pandemia, e 83% preveem riscos concretos de fecharem suas portas no curto prazo ou terem de reduzir substancialmente suas atividades caso a situação atual não se reverta rapidamente.
_“Esse estudo aponta um risco real e afligente. Mais uma vez, são estas redes de solidariedade que estão fazendo a diferença lá na ponta diminuindo o sofrimento da população durante a pandemia, saciando a fome de milhões de pessoas. Muitas medidas estão sendo estudadas para socorrer empresas e profissionais autônomos, todas muito justas e necessárias. A contradição é que tais benefícios não incluem as ONGs que, além desse papel vital, empregam cerca de 3 milhões de pessoas no país. Isso precisa ser visto.” – declara Alan Maia, responsável pela pesquisa da Agência do Bem.
O levantamento identificou, ainda, o impacto imediato na rotina destas organizações. Segundo os respondentes, apenas 1% manteve suas atividades normais após o início da pandemia, enquanto 72% paralisaram completamente. Em relação ao contexto comunitário no qual atuam, 89% observam grave deterioração nas condições de subsistência das famílias atendidas, indicando necessidade de socorro imediato.
1.De imediato, quanto a pandemia impactou as rotinas e projetos institucionais?
72,7% Completamente. Interrompemos todas as atividades e atendimentos. Mantivemos apenas algumas rotinas administrativas.
26% Parcialmente. Alguns projetos seguem funcionando remotamente ou com adaptações.
1,3% Não houve impacto significativo. Seguimos trabalhando próximo da normalidade.
2. Ao longo das últimas semanas, você já identificou queda na arrecadação e na geração de receitas da instituição? Em qual percentual? Considere doações em geral, financeiras e não-financeiras.
15,6% Não. A arrecadação se manteve na média padrão.
2,6% Sim, na casa de 10% a menos.
5,2% Sim, na casa de 20% a menos.
6,9% Sim, na casa de 30% a menos.
2,6% Sim, na casa de 40% a menos.
5,6% Sim, na casa de 50% a menos.
3,0% Sim, na casa de 60% a menos.
10,4% Sim, na casa de 70% a menos.
9,1% Sim, na casa de 80% a menos.
12,1% Sim, na casa de 90% a menos.
26,8% Sim, não conseguimos arrecadar nada.
3. Em relação ao futuro de curto e médio prazos, para os próximos 6 a 12 meses, caso a situação atual permaneça você acredita que existam riscos reais de fechamento definitivo das atividades por falta de recursos e de apoio?
24,7% Sim. Vejo a possibilidade de encerrar definitivamente a instituição.
58,4% Em parte. Alguns projetos e atividades serão descontinuados, mas manteremos o funcionamento em novo formato.
16,9% Não. O impacto será pequeno. Temos condições de sobreviver a essa crise.
4. Observando o contexto comunitário no qual atua, se houver atendimento direto à população em vulnerabilidade em seus projetos, você já identifica que estas pessoas estejam HOJE atravessando situação de MAIOR RISCO e com MAIS DIFICULDADE em prover a sua subsistência?
50,2% Sim. A situação piorou e já é bastante grave.
38,5% Está piorando, mas ainda não é de calamidade.
3,5% Não observo diferença. São os mesmos desafios que enfrentavam anteriormente.
7,8% Não tenho como avaliar esta situação.