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Lançamento Censo GIFE 2022-2023


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GIFE anuncia o lançamento do Censo 22-23, pesquisa realizada a cada dois anos que reúne dados fundamentais para seus associados e, claro, para todo o setor.

O evento de lançamento será no dia 29/11. Inscrevam-se para o evento presencial ou online, e fiquem atentos para mais informações e detalhes!

https://www.eventbrite.com.br/e/lancamento-censo-2022-tickets-731179406287?aff=eemailordconf&ref=eemailordconf&utm_campaign=order_confirm&
utm_medium=email&utm_source=eventbrite&utm_term=viewevent

Credenciamento: 15h30
Evento: 16h-18h
Coquetel: 18h- 21h
Local: Farol Santander – Arena do 8º andar | Rua João Bricola, 24 – Centro, São Paulo – SP

Amazônia, a nova Minamata?’ lança luz sobre contaminação por mercúrio

Confira a entrevista do Instituto Phi com a produção do documentário, que lança agora sua campanha de impacto

Fonte: Divulgação

No Brasil, a Saúde Indígena identificou a solicitação por cadeiras de rodas, entre 2012 e 2016, para 178 crianças na região do Tapajós. A questão despertou a curiosidade de médicos e pesquisadores, que já suspeitavam do motivo do problema: o mercúrio usado no garimpo ilegal de ouro e descartado indiscriminadamente nos rios. Este foi o ponto de partida do documentário “Amazônia, a nova Minamata?”, dirigido por Jorge Bodanzky, que foi lançado este ano e retrata a saga do povo Munduruku em sua batalha para conter a contaminação.

O projeto foi um dos selecionados pelo programa internacional Good Pitch Brasil – que conecta os melhores documentários de impacto com agentes de transformação social, e que tem o apoio do Instituto Phi. Agora, o filme lança também uma campanha para engajar a população no combate ao garimpo ilegal e buscar por ações concretas que garantam a saúde dos indígenas e seus territórios.

Além de crianças nascidas com malformações e atrasos no desenvolvimento, adultos apresentam problemas de visão e relatam tremores e fraqueza. O mercúrio polui a água, o solo e o ar, e contamina peixes e pessoas. Desde o início do filme, em 2016, mais de 50 destas crianças com problemas neurológicos graves vieram a óbito.

No fim de setembro, a equipe do filme, lideranças indígenas, cientistas e parceiros participaram de uma roda de conversa no Espaço de Cinema Itaú-Unibanco para falar sobre os rumos do enfrentamento à contaminação por mercúrio no Rio Tapajós e imediações. O Instituto Phi conversou com Nuno Godolphim, documentarista e um dos produtores do filme, confira:

Como surge a ideia do documentário?

Nuno: Era 2016, eu e o Bodanzky estávamos rodando a Amazônia em um outro projeto, uma série da HBO, e fomos parar nesta aldeia, numa espécie de assembleia onde eles estavam comemorando o fato de terem conseguido parar o projeto de construção da Usina Hidrelétrica de São Luiz do Tapajós no território ancestral. Estávamos documentando este espírito de vitória e pensando em como o ativismo estava conseguido fazer coisas incríveis, afinal o fato era um marco na história do movimento indígena e ambiental brasileiro. No meio desta festa, uma figura destoava. Era o neurologista Erik Jennings (Secretaria de Saúde Indígena). Ele havia sido chamado pelo DSEI do Tapajós para investigar a razão de tanta demanda por cadeiras de rodas entre os Mundurukus. Na hora, percebemos que precisávamos contar essa história.

E como se desenvolveu a construção do roteiro?

Nuno: O Dr. Erik comentou sobre a história de Minamata, no Japão, onde na década de

50 uma fábrica despejou toneladas de mercúrio na baía, provocando uma catástrofe ambiental, matando centenas de pessoas e deixando milhares com sequelas até os dias de hoje. Coincidentemente, quando comecei minha carreira, um dos fotodocumentaristas que mais chamou minha atenção foi Eugene Smith e as imagens mais impactantes que eu já tinha visto dele eram as das vítimas de Minamata. Essas fotos correram o mundo e chamaram a atenção para o problema. Então, quando fui para a Amazônia pela primeira vez, em 1987, trabalhando para o Projeto Saúde e Alegria, já tinha notícia do perigo do mercúrio, ainda que não houvesse casos relatados de contaminação. Porém, o impacto do mercúrio no sistema nervoso central demora anos. Quando começamos a pesquisa do filme, descobrimos que médicos da Fiocruz já tinham feito uma pesquisa sobre a contaminação de mercúrio com o povo Yanomami. A líder Munduruku Alessandra Korap, quando percebeu que havia algo errado com a saúde de seu povo, os convidou a investigar a causa.

O que mais te impactou durante as filmagens na Amazônia?

Nuno: Não é só sobre como a Amazônia está sendo destruída e negligenciada, mas como as populações indígenas se tornaram reféns do garimpo. Os indígenas sustentaram por anos uma cultura independente, sem depender da sociedade branca, até que chegam invasores com máquinas pesadas que escavam o leito dos rios e espantam toda a sua caça e pesca, acabando com seu modelo de subsistência. A população começa a passar fome e aí o garimpeiros vêm e oferecem cestas básicas, colocam os povos ancestrais para trabalhar como empregados em suas próprias terras. Então, o que mais me marcou foi a resistência da própria população indígena em denunciar o garimpo.

Foi arriscado para a equipe filmar lá, denunciando essas atividades ilegais?

Nuno: As filmagens ocorreram entre 2019 e 2021. Nesta ocasião, a líder Alessandra Korap já vivia sob ameaça sistemática de morte, não por causa do filme, mas por ser defensora do território indígena de longa data. O Dr. Erik também passa por constantes ameaças até hoje. No filme, acompa,nhamos ele sendo ameaçado de morte pelos indígenas ligados ao garimpo. Nossa equipe foi ameaçada junto e eles tiveram que escapar enquanto o avião deles estava sendo atacado no aeroporto de Jacareacanga. O filme também mostra a casa da Maria Leusa, outra liderança Munduruku do Alto do Tapajós, sendo incendiada. Nesta época os garimpeiros atacaram a Polícia Federal que vai para Jacareacanga tentar controlar a atividade garimpeira. No governo Bolsonaro, esses garimpeiros foram empoderados, ganharam apoios de políticos locais, tornando esta região do Pará uma terra sem lei.

Fonte: Divulgação

O que é a campanha de impacto?

Nuno: Queremos pressionar o governo brasileiro e demais instituições a se mobilizarem em busca de soluções para conter esta dramática contaminação. Outro passo importante da campanha de impacto é a tradução e dublagem do filme nas línguas da Aliança dos Povos Indígenas pela Defesa do Território, que uniu Munduruku, Yanomami e Kayapó na luta contra o garimpo. Queremos fazer um circuito de exibição do filme dublado no maior número de aldeias possíveis, destes povos que são os mais atingidos pelo garimpo, visando empoderar a população indígena, através do esclarecimento em suas próprias línguas e para que eles próprios se afastem da atividade garimpeira. Queremos também envolver instituições de saúde para promover ações que ajudem as populações atingidas a descobrirem o estágio atual da contaminação em seus corpos e territórios, visando identificar os casos mais urgentes para tratamento em Santarém. Além disso, precisamos promover tecnologias e soluções práticas de saneamento e segurança alimentar, além de outras ações de desenvolvimento comunitário para garantir alternativas econômicas ao garimpo para o povo dos Munduruku. Por fim queremos fazer um chamamento aos cientistas para buscar formas de descontaminar os rios da Amazônia do mercúrio. Pois se nada for feito este mercúrio vai ficar ativo lá por mais de 100 anos. A campanha está em fase de arrecadação de financiamento.

Que desdobramentos são esperados com o filme e a campanha?

Nuno: Precisamos de uma política Panamazônica de enfrentamento ao garimpo e banimento do uso do mercúrio na atividade mineradora, envolvendo outras populações que vivem na Amazônia, de países como Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Venezuela e Suriname. Os danos causados são incalculáveis e de difícil reversão. Estamos começando uma discussão de nível internacional também junto com a Comissão de Minamata, que foi criada para erradicar definitivamente o uso do mercúrio no mundo, revisando as políticas sobre a mineração dita de pequena escala, mas que tem grande impacto na floresta. Também queremos fomentar um movimento para que a Organização Mundial de Comércio proíba o comércio do mercúrio em todo o planeta.

Para informações sobre apoio à campanha, entre em contato através do e-mail amazoniaminamata@gmail.com.

PROGRAMA SABERES 2024 ESTÁ COM INSCRIÇÕES ABERTAS

O programa busca a produção e o compartilhamento de conteúdo e conhecimento a partir da sistematização de práticas, experiências, reflexões e desenvolvimento de estudos e tecnologias sociais que possam impulsionar e posicionar as agendas da filantropia comunitária e de justiça social nos ecossistemas filantrópicos brasileiro e internacional.

A convocatória é aberta a lideranças e quadros profissionais que atuam nos campos da filantropia e da sociedade civil brasileira.

Será doado um valor total de 322 mil reais a sete pessoas, que receberão 46 mil reais para o desenvolvimento de propostas de produção de conhecimento relacionado a essas agendas, com duração de até oito meses.

👉🏽Inscrições de 30/10 a 30/11
https://redecomua.org.br/programa-saberes-2024/

Mais que a reforma de uma casa, a entrega de um lar

Todo projeto de vida começa com uma casa para morar. O de Rebeka e Thiago, de 24 e 25 anos, moradores da Favela da Pedreira, em São Paulo, não era diferente. O imóvel, eles até tinham. Mas, depois de iniciar uma reforma, ambos ficaram desempregados em 2022. E a casa ficou “no osso”, sem piso, nem pintura. O empurrãozinho que faltava para eles iniciarem a vida a dois veio do Projeto Mutirão da AFAGO, ONG que há 30 anos atua no desenvolvimento comunitário local e onde a mãe de Rebeka, a Dona Nilda, trabalhou por 25 anos, como cozinheira.

O programa da AFAGO, que tem o apoio do Instituto Phi, constrói e reforma imóveis – muitos saem de uma condição de falta de saneamento e insalubridade, tornando-se um lugar digno, seguro e confortável para se morar. A casa onde o casal está iniciando a vida a dois foi uma herança de Dona Nilda, que faleceu há três anos. Rebeka e Thiago, que estão no último ano das faculdades de odontologia e arquitetura, respectivamente, contam que, sem emprego e, portanto, sem casa, o projeto de vida deles estava desmoronando.

Dona Nilda era, oficialmente, a avó paterna de Rebeka. Ela criou a menina, que foi deixada pela sua genitora quando tinha um ano. Quando Dona Nilda faleceu, há três anos, a jovem passou por uma depressão.

“Eu sentia que não tinha mais nada. Depois de quatro meses, conheci o Thiago e ele me ajudou a me reerguer. Fui morar com ele na casa da família dele, mas precisávamos de um lugar nosso. E tinha essa casa, que minha mãe deixou de herança para o meu pai e ele me cedeu. Começamos a obra, fizemos a separação dos ambientes do jeito que queríamos, reformamos o banheiro. Mas, quando perdemos o emprego, ao mesmo tempo, no ano passado, não tínhamos mais como continuar a reforma. Com a casa sem piso, paredes ainda nos tijolos, não dava para nos mudarmos. Foi quando chegou a minha vez na fila do Mutirão da AFAGO”, conta Rebeka.

Atualmente, ela concilia a faculdade com um estágio e Thiago conseguiu um novo emprego, numa empresa de crédito imobiliário. Com o olhar de estudante de arquitetura do rapaz, a casa tem a identidade de um estúdio, com revestimentos modernos – como a pintura com efeito de cimento queimado e o piso de laminado de madeira – e janelas estratégicas para uma casa bem iluminada. Do jeitinho que eles sonhavam.

“Optamos por derrubar paredes, integrando os ambientes de sala e quarto e com apenas uma bancada para separar a cozinha. Com o recurso doado pelo Phi para o programa da AFAGO, colocamos piso, pintamos, fizemos a forração da cozinha com azulejos. Há quatro meses, nos mudamos e estamos arrumando aos poucos. A sensação é de que agora podemos começar a nossa família”.

Fórum de Marketing de Causa 2023: Conectando Marcas e Organizações para uma sociedade melhor

Realizado anualmente desde 2017, o Fórum de Marketing de Causa chega em sua 6ª edição. O evento híbrido é totalmente gratuito e acontece em São Paulo no dia 26 de outubro, com transmissão ao vivo pelo YouTube.

A edição 2023 reúne especialistas de marcas, terceiro setor e adjacências para discutir este momento em que a sociedade influencia a construção de modelos de negócio, estratégias e cases engajados em causas importantes para o planeta e para as pessoas.

1º Leilão Pela Saúde no Brasil

Essa é a sua oportunidade de participar de uma noite maravilhosa com convidados incríveis e muita gente com vontade de fazer acontecer. Com mais de 20 itens exclusivos sendo leiloados, nossa programação conta com coquetel de abertura. atrações e um jantar espetacular. Para comprar ingressos e mais informações acesse o link: bit.ly/leilaosasbrasil

Educated – A menina da montanha

Livro de Tara Westover

Banzeiro ÒKÒTÓ – Uma viagem à Amazônia centro do mundo

Livro de Eliane Brum

Sumário Executivo da Pesquisa – Pequenas ONGs e a captação via editais

Este documento apresenta os principais resultados de uma pesquisa quanti-quali realizada pela iniciativa PIPA em parceria com a Phomenta, entre março e julho de 2023. A investigação foi realizada com o propósito de dar visibilidade as principais dificuldades enfrentadas pelas pequenas organizações da sociedade civil (OSCs e ONGs) na hora de captar recursos via editais.

Relatorio PIPA – Periferias e Filantropia 

A iniciativa PIPA, em parceria com o Instituto Nu, propões a pesquisa `Periferias e Filantropia – As barreiras de acesso aos recursos no Brasil´. Para apresentar ao setor a realidade financeira e cotidiana das organizações de periferias no Brasil. Visando ser uma pesquisa que poderá auxiliar o Investimento Social Privado e a Filantropia a criar soluções que ampliem o impacto da alocação de recursos no país.

Geração Z: uma centelha de esperança?

A despeito das incertezas econômicas, brasileiros de todas as gerações, gêneros, regiões do país e graus de escolaridade contribuíram no ano passado para as causas importantes para eles. Foi o que mostrou a Pesquisa Doação Brasil 2022, coordenada pelo Instituto de Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), com apoio de muitos parceiros, dentre eles, o Instituto Phi. Mas, o estudo revela ainda que, à medida que o setor filantrópico se transforma e diversas vozes exigem um lugar à mesa, um grupo se destaca no caminho: a Geração Z.

Categorizados como “nativos digitais” ou pessoas que têm pouca ou nenhuma memória de um mundo sem tecnologia de smartphones, a Geração Z é formada pelos nascidos entre 1995 e 2010, o que significa que os mais velhos têm cerca de 28 anos e os mais novos ainda estão no ensino fundamental.

Com eles, a internet uniu as diversas vozes com uma velocidade e eficiência que o setor nunca experimentou antes. Eles usam plataformas como Instagram, TikTok e Twitter para divulgar causas que lhes interessam e mobilizar apoio para elas. Têm, portanto, o maior potencial de influenciar a consolidação da cultura de doação no País.

Na hora de doar – neste caso, os maiores de 18 anos –, são atraídos por projetos que se alinham com os seus valores, e muitas vezes estão dispostos a apostar em soluções nascentes e inovadoras para questões sociais e ambientais. A Geração Z é mais diversificada que qualquer geração anterior, e parece estar no caminho que nós, do Instituto Phi, estamos sempre apontando: eles doam porque sentem que sua doação, mesmo pequena, faz diferença.

Eles também estão certos de que as empresas são organismos poderosos, que devem usar seu potencial para gerar valor para as comunidades em que estão presentes.

Ter dados consistentes sobre a doação feita pelos cidadãos comuns já é um bom motivo para se comemorar. Saber que 84% dos brasileiros acima de 18 anos e com rendimento superior a um salário-mínimo fizeram ao menos uma doação em 2022, seja de dinheiro, bens ou trabalho voluntário, é mais ainda.

Além disso, em 2022, a mediana dos valores doados ao longo do ano foi R$ 300, um aumento de 50% em relação a 2020.

Nem tudo são flores e a pesquisa de 2022 indica um aumento da doação institucional entre a população de renda mais baixa (famílias que ganham até dois salários-mínimos), porém, uma queda entre famílias com renda superior a seis salários-mínimos. Além disso, as pessoas menos escolarizados retomam com mais força as doações entre 2020 e 2022 – durante e após a pandemia, portanto –, enquanto há queda nos níveis de doação das pessoas com níveis de escolaridade mais altos.

Outra notícia que recebemos com tristeza é a de que, depois de uma melhora significativa da opinião da população sobre as organizações da sociedade civil, registrada na pesquisa de 2020, o novo levantamento mostra um certo retrocesso nas questões relativas à confiança.

Não é uma balança equilibrada, mas é para isso que estamos trabalhando: para a construção de um país mais solidário, o que passa pela mobilização, bastante articulada, de todos os setores da economia. O desafio está em encontrar e construir modelos que são capazes de conectar a cultura de doação com cada um dos brasileiros.

O poder do ‘nós’: a formação de redes como capital filantrópico central

Há algum tempo, as pesquisas em ciências sociais e humanidades têm deixado de pensar o capital somente do seu ponto de vista econômico e financeiro. São diversos os autores e correntes que passaram a indicar que existem diversos capitais que podem ser incorporados pelas pessoas, com variações sobre seu valor, a depender do contexto em que o indivíduo se encontra. Assim, capitais culturais, sociais e simbólicos (notoriedade e fama, por exemplo) mudam de significado, valor e sentido, de acordo com o lugar e o período histórico em que se vive. Em algumas sociedades, um diploma de médico pode ser mais ou menos valorizado, determinado traço de beleza pode ser mais ou menos atraente etc. 

Isso não se trata apenas de uma curiosidade, pois as diferentes valências dos capitais que uma pessoa herda ou adquire ao longo da vida sempre mediram as oportunidades e possibilidades deste indivíduo, nas mais variadas esferas da sua trajetória (escolar, profissional, emocional etc). Mas não são somente os capitais mencionados podem afetar os caminhos e percursos possíveis de uma determinada pessoa: a rede de laços sociais que ela constrói ou herda é extremamente relevante, pois como sugere Marques (2009): “as redes de um indivíduo medeiam o acesso dos indivíduos a estruturas de oportunidades.” 

Em seu estudo sobre redes sociais e pobreza urbana, o autor procura identificar se as redes de relacionamento das pessoas fazem diferença em termos de ascensão social e acesso a oportunidades. A ideia do autor é pensar a pobreza de maneira multidimensional, e não apenas olhando para os dados econômicos rotineiramente avaliados, como renda, ocupação e bens. Ou seja, sua visão é de que somente aspectos econômicos são insuficientes para se compreender o fenômeno da pobreza, pois tendem a descontextualizar o indivíduo, tratando-o como uma espécie de átomo isolado e que se encontra em situação de vulnerabilidade por comportamentos ou decisões individuais equivocadas. 

Ao olhar para o conjunto de relações sociais que indivíduos em diferentes situações de pobreza se encontravam em comparação a outros indivíduos de classe média, o autor notou o seguinte cenário: “e, quando comparadas com as redes de classe média, as redes pessoais de indivíduos pobres tendem a ser menores, mais locais e menos variadas em termos de sociabilidade.” (Marques, 2009, p. 480). 

Essa rede menor, mais local e menos diversificada dos pobres em relação à da classe média tendia a torná-los menos hábeis em mobilizar ajudas sociais através de seus contatos, pois possuíam poucos vínculos, normalmente de pessoas da sua mesma região, que não tinham acesso igualmente a serviços públicos e outras oportunidades sociais, e por consequência menos chances de conhecer alguém que pudesse oferecer um caminho para mudar sua situação ou lhe desse um impulso para alargar seus laços. 

Apesar de não existir um estudo específico sobre organizações sociais e suas redes de

vínculos, podemos pensar que o mesmo princípio que se aplica a indivíduos poderia se aplicar às OSCs. Menos conhecimentos de atores diversificados do ecossistema filantrópico, em termos de território e posições sociais, pode deixar uma organização mais isolada e com menores chances de acesso a oportunidades em relação a outras, com abundância de vínculos, para os quais os diversos tipos de capitais chegam facilmente. 

Neste quesito, o fortalecimento e a participação em fóruns, conselhos e programas de fellows, entre outros, são muito relevantes, pois podem ir gerando aos poucos um capital social relacional que, no curto, médio e longo prazo, poderão significar acesso a oportunidades de financiamento, capacitação e conexão com novos doadores e públicos, que são potenciais agentes de consolidação e fortalecimento institucional da OSC. 

A organização alimentando uma rede ampla, territorialmente diversa e com acesso a diferentes formas de sociabilidades (empresas, grandes doadores, micro doadores, comunidade local, outras organizações sociais, fundações, consultorias, intermediários) tem potencialmente mais chances de ampliar sua estrutura de oportunidades, podendo acessar espaços, recursos e pessoas que, em um primeiro momento de isolamento, julgava inacessíveis. 

Dessa maneira, o impacto gerado pelas organizações não é alcançado somente por meio de recursos financeiros ou conhecimento interno. Elas dependem significativamente de um recurso intangível e poderoso conhecido como capital social, que é construído a partir de suas redes e relacionamentos com outros atores em seu ecossistema. 

O capital social não se limita apenas ao aspecto financeiro, mas abrange uma rica rede de conexões interpessoais, confiança mútua e valores compartilhados. É um ativo valioso que influencia diretamente na capacidade de uma organização social enfrentar desafios complexos e alcançar a sustentabilidade. 

As redes de relacionamento são o alicerce desse capital social. Elas são formadas através de uma variedade de interações, como eventos, cursos, workshops, visitas institucionais e, essencialmente, pelo compartilhamento de informações e conhecimento. Nestes ambientes, os valores e expectativas comuns emergem, fornecendo a base para parcerias estratégicas e para a distribuição eficiente de recursos disponíveis no ecossistema. 

No entanto, é vital enfatizar que apenas a participação passiva em redes não é suficiente para superar as limitações das organizações sociais. O simples ato de conexão não garante que elas alcancem seus objetivos. É necessário ir além e estabelecer ligações eficazes e estratégicas com outras entidades do setor que compartilham causas semelhantes. 

Além disso, a sustentabilidade vai além da captação de recursos financeiros. É também uma questão de flexibilidade e adaptação às mudanças no ambiente. As organizações sociais que funcionam em redes de troca de conhecimento se mostram mais flexíveis e dinâmicas, permitindo que se ajustem rapidamente às novas questões sociais em constante evolução. 

Um elemento crucial no fortalecimento das redes e no desenvolvimento do capital social é a confiança. Esta é uma moeda valiosa que se acumula ao longo do tempo por meio de relacionamentos sólidos e pela abertura e presença contínua no ecossistema. A confiança é um fator-chave que impulsiona a colaboração entre os diversos atores do ambiente e, muitas vezes, é conquistada com base em critérios sociais, culturais e históricos compartilhados. 

Quando se fala em escolhas estratégicas, pensamos em definir bem os objetivos que a organização almeja alcançar e qual seu perfil de cultura interna, além de sua causa social, pois a depender desses e de outros fatores conexões com famílias, indivíduos, grandes empresas, organizações internacionais, podem fazer mais ou menos sentido. Para construir confiança é necessário demonstrar transparência sobre sua estrutura de governança e movimentação financeira, bem como sobre os resultados que se vêm obtendo a partir de suas ações e aproximar-se da comunidade a qual está vinculada. 

Em resumo, o capital social e as redes de relacionamento desempenham um papel fundamental na capacidade das organizações sociais de enfrentar desafios e causas sociais. Ir além da mera conexão e estabelecer parcerias estratégicas, adaptar-se às mudanças e construir confiança são elementos essenciais para a sustentabilidade e o impacto positivo dessas organizações no desenvolvimento e inclusão social em comunidades vulneráveis. 

MARQUES, E. C. L.. As redes sociais importam para a pobreza urbana?. Dados, v. 52, n. 2, p. 471–505, jun. 2009. 

MARTELETO, Regina; SILVA, Antônio. Redes e capital social: o enfoque da informação para o desenvolvimento local. Ci. Inf., Brasília, v. 33, n. 3, p.41-49, set./dez. 2004. 

Por: Marcello Stella e Carolina Carvalho

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