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Projetos Apoiados Entrevistas e depoimentos

Um projeto para pares, liderado por pares: conheça a Capacitrans

Há mais de duas décadas, a cabelereira, maquiadora e empreendedora Andrea Brazil decidiu tornar possível às pessoas trans, travestis, não binárias LGBIQAP+  ter uma vida mais longa e com melhores oportunidades de trabalho. Ela percebeu que o empreendedorismo seria a peça-chave para alcançar esse objetivo e fundou, em 2018, a Capacitans, uma organização social que atua na formação empreendedora deste público em situação de vulnerabilidade.

Através das capacitações, em áreas como Gastronomia, Moda, Audiovisual e Obras e Reparos, dentre outras, o projeto identifica talentos e os encaminha empresas e instituições parceiras, com verdadeiras políticas de inclusão social. Em 4 anos e meio, mais de 300 pessoas já foram capacitadas e pelo menos 20% conseguiu uma colocação no mercado ou alavancar seus micro empreendimentos.

Além disso, mais de 10 já voltaram como facilitadores remunerados em projetos diversos da Capacitrans, conta Andrea:

“Começamos com moda e imagem, pois sou cabeleireira e maquiadora de formação. Mas vencemos editais e ampliamos para audiovisual, gastronomia e, atualmente, temos a primeira turma de Obras e Reparos. Hoje sou Consultora de Diversidade e Inclusão para várias empresas, fazendo pontes para nosses alunes mais dedicades que se destacam. Fazemos pontes até para quem está em situação de rua. Nosso foco é o resgate de cidadanias, ocupando todos os espaços de direitos antes nos negados”.

Lorranny Barbosa, de 30 anos, moradora do Jacarezinho, foi aluna da primeira turma de Transmulheridades na Moda. Não sabia como colocar uma agulha numa máquina de costura. Antes, trabalhou em restaurante, como cabeleireira, maquiadora e garota de programa. Hoje, tem sua própria marca de biquinis e é facilitadora da Capacitrans.

“O meu primeiro biquíni ficou horroroso, mas só de ter feito a minha primeira peça, fiquei realizada. Com o tempo fui estudando, até que veio a pandemia e o projeto Máscaras do Bem. Fomos remuneradas para produzi-las e, assim, tive a oportunidade de comprar minha primeira overlock. Daí já comecei a ter mais perfeição nos acabamentos. Com muito esforço e dedicação, dias e noites perturbando as professoras, consegui desenvolver meu próprio molde. Com minhas vendas , pude conquistar todo o maquinário necessário para a fabricação de excelentes biquínis”, orgulha-se Lorranny.

Localizada em Santa Teresa, a organização atende alunas e alunos de diversas regiões do Rio de Janeiro como Baixada, Niterói, Zonas Norte, Oeste e Sul, além de comunidades adjacentes, como Maré, Complexo do Alemão e Manguinhos. Um projeto para pares, liderado por pares – onde se reconhecem e recebem acolhimento.

Mulher e empreendedora: conheça o projeto do Programa Social Sim Eu Sou do Meio, na Baixada Fluminense


Mulher negra retinta, mãe solo, e periférica. Com o perfil de pessoas que mais sofrem com a desigualdade social e as diversas camadas de violências, Rosilanine é uma das participantes do projeto “Sou Empreendedora, Sou Mulher”, realizado pelo Programa Social Sim Eu Sou do Meio, em Belford Roxo (RJ). Ela vende empadinhas em uma carrocinha na Praça do Município para manter-se com seu filho Miguel, de 7 anos.

O projeto oferece capacitação profissional e inclusão produtiva em gastronomia para mulheres cis e trans de Belford Roxo, município com o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Baixada Fluminense. Nesta primeira turma, apoiada pelo Instituto Phi, são beneficiadas 200 mulheres.

As alunas têm aulas sobre boas práticas no serviço de alimentação, noções de precificação do produto, vendas, apresentação do produto, além das aulas práticas na cozinha, com foco em produtos vendáveis e que atendam uma necessidade do público-alvo.

Além disso, o programa tem em seu escopo noções de educação financeira para potencializar negócios, com certificado emitido em parceria com o Sebrae, e educação socioemocional voltadas ao autoconhecimento e quebra de crenças limitantes. A frequência é determinante para recebimento do certificado e participação nas feiras coletivas.

“Eu já fiz outros cursos na área de panificação, mas esse foi diferente, porque não aprendemos apenas a pôr a mão na massa, mas nos conhecemos melhor com cada aula. Eu nunca tinha aprendido sobre inteligência emocional, um ensinamento muito importante para que eu me enxergue como uma pessoa capaz de conseguir alcançar meus objetivos”, diz Rosilaine.

Juventudes são potências e precisam ser vistas como tal: conheça o Global Opportunity Youth Network (GOYN)

Temos uma população de jovens-potência que vem sendo “desperdiçada”. Eles possuem capacidade para se desenvolver, mas não conseguem acessar boas oportunidades. Têm sonhos, porém, há pouca escuta ativa para torná-los factíveis frente à dura realidade que enfrentam. É deste princípio que parte o Juventudes Potentes – Global Opportunity Youth Network (GOYN), uma grande aliança para promover a inclusão produtiva de jovens na cidade de São Paulo.

No Brasil, a ação é articulada pela United Way Brasil e apoiada pelo Instituto Coca-Cola Brasil, com gestão do Instituto Phi. O público-alvo do GOYN são os “jovens potência”: jovens de 15 a 29 anos, em situação de vulnerabilidade econômica, que estão fora da escola ou não conseguem emprego.

As taxas de desemprego para essa faixa, em São Paulo, giram em torno de 35%, quase o dobro quando comparadas com o restante da população da cidade. Além disso, esse jovem encara desafios centrais, como o racismo estrutural, a evasão escolar e a lacuna digital.

O GOYN atua em várias frentes: ampliando competências para as profissões do futuro; alinhando oferta e demanda de empregos, em parceria com uma rede de empresas; conduzindo esforços para a adoção de práticas mais inclusivas para o perfil dos jovens potência e realizando estudos e pesquisas.

No momento, está em andamento o Fundo Territórios Transformadores, em que 17 organizações sociais das Zonas Sul e Leste de São Paulo recebem subsídio financeiro para desenvolverem projetos de formação para as profissões de futuro, além de acesso a conhecimento e a uma rede de conexões.

Outras novidades são a aprovação do GOYN na Câmara dos Vereadores de São Paulo, passando a participar das votações sobre uso de recursos públicos para projetos de juventudes e a realização do primeiro “Feirão de Oportunidades” de 2023 na Zona Sul de São Paulo – ao todo, 15 organizações estiveram presentes oferecendo vagas e cerca de 600 jovens se inscreveram.

Transformação na trajetória de jovens com capacitação na área tech: conheça a Generation Brasil

Depois que o pequeno salão de beleza onde trabalhava como cabeleireira autônoma fechou as portas na pandemia, Tamires Guimarães se viu sem perspectivas. Mãe de uma criança e com apenas o Ensino Médio, Tamires enxergou uma oportunidade no setor de tecnologia, apesar da baixa representatividade de mulheres pretas neste mercado. Ela fez a formação da Associação Generation Brasil, organização apoiada pelo Coca Cola Foundation e Instituto Coca-Cola Brasil, com gestão do Instituto Phi, e se tornou desenvolvedora Java em 2021. Hoje, é analista de sistemas na Alelo, empresa de serviços financeiros. No Brasil, a média salarial de um analista de sistemas é de R$ 5.116, segundo o site Vagas.com.

No projeto de capacitação e inserção profissional na área tech, que está sendo oferecido este ano no Rio de Janeiro, os jovens são treinados no bootcamp de Desenvolvimento Java Full Stack (440h), uma formação que combina o desenvolvimento de hard skills, soft skills e mentalidades orientadas ao crescimento. O curso é remoto e gratuito para os participantes, com duração de 12 semanas.

Durante a formação, os alunos mais vulneráveis recebem suporte psicossocial e auxílio-alimentação, além de notebook e internet para mitigar os riscos de evasão ou baixo aproveitamento dos alunos. Os programas também trazem a mentoria como apoio complementar à colocação profissional.

A Generation pré-identifica vagas e formaliza parceria com empresas, que se comprometem a participar de atividades durante a formação para acelerar o processo de inserção no mercado.  Ao final do curso, os jovens são conectados com grandes empresas do mercado de trabalho tech e apresentam projetos para potenciais empregadores.

“A tecnologia veio como uma luz, em meio a um turbilhão de mudanças que a pandemia trouxe. A programação foi encanto à primeira vista e pude desmistificar o mundo da tecnologia como um ambiente no qual eu não me encaixava”, diz Tamires.

Acolhimento e esperança para quem não tem para onde ir

O trabalho de quem busca soluções para apoiar refugiados venezuelanos no Brasil

Marcela* é uma “acolhedora de refugiados”. Ela participa de um programa de acolhimento de famílias venezuelanas em que equipes de voluntários formam um time para apoiar migrantes a conquistarem sua independência no Brasil no curto prazo. Voluntária e filantropa há muitos anos em diferentes causas, em maio deste ano, Marcela conheceu o trabalho da organização não-governamental Refúgio 343 e o apoio a refugiados passou a ser o seu propósito.

Os venezuelanos são o segundo maior grupo populacional deslocado do mundo. Mais de 7,2 milhões, cerca de 20% da população venezuelana, já fugiram do país para escapar da crise econômica e política que tem como consequências a fome, a violência e a falta de medicamentos e de serviços essenciais.

O Refúgio 343 é uma das organizações que fazem a Operação Acolhida, programa de resposta humanitária do governo federal às demandas dos refugiados que chegam ao país pela fronteira com a Venezuela, com o objetivo de diminuir a sobrecarga nos municípios de Pacaraima e Boa Vista (RR). Através dele, são ativadas pessoas e empresas de todo o território brasileiro para apoio na inclusão social e produtiva de forma sistematizada.

Há duas semanas, Marcela, que mora no Rio de Janeiro, esteve em Boa Vista para se encontrar com a equipe do Refúgio 343 e ver a situação de perto. A voluntária conseguiu, com amigos, empregos para duas famílias no município de Rio das Ostras, no litoral fluminense. Agora, o time de voluntários que ela reuniu está organizando a vinda dos migrantes, que devem nos próximos dias. Neste mês em que celebramos o Dia Mundial do Refugiado, no último dia 20, ela conta por que, neste momento, o apoio a refugiados é sua causa.

“Como cristã, acredito em amor ao próximo e um refugiado é meu próximo. Além disso, vejo a dor tão grande que eles sentem e, se eu fosse refugiada, gostaria que fizessem isso por mim. Por último, também é uma questão de apoiar a população de Roraima, que são meus compatriotas e precisam de suporte para que possamos fazer a reinserção socioeconômica dessas pessoas de forma organizada”, explica Marcela, que está convocando mais empresas a oferecerem vagas de emprego.

Divulgação/ACNUR

A coordenadora de comunicação do Refúgio 343, Vanesca Lima, lembra que, para os refugiados, recomeçar não é uma opção – é a única escolha. E os acolhedores são peça-chave da solução desta crise:

“Os voluntários recebem uma ou mais famílias, assumindo o compromisso de auxiliá-las em seu processo de adaptação, buscando vagas de emprego, encontrando e montando uma moradia, ajudando nos gastos iniciais e na inclusão nos sistemas de saúde e educação brasileiros.  Cada família conta com uma equipe de no mínimo 5 voluntários, cujo líder acolhedor é com quem articulamos todas as etapas do processo e é avaliado e capacitado pelo nosso time. É um trabalho muito cuidadoso, porque os migrantes são pessoas muito vulneráveis”, explica ela.

Atualmente, cerca de 9.000 refugiados estão vivendo nos abrigos da ACNUR (agência da ONU para refugiados), que são geridos pelas Forças Armadas. Além disso, do lado de fora, há hoje cerca de 1.900 venezuelanos vivendo nas ruas das cidades fronteiriças.

Além do programa de acolhimento, o Refúgio 343 oferece capacitação gratuita. Na Escola Refúgio, os refugiados e migrantes fazem em aulas de português e educação intercultural, além de cursos profissionalizantes, para recomeçarem suas vidas no Brasil com mais confiança.

Atualmente, são mais de 3,6 mil pessoas já impactadas pelo Refúgio 343, com a integração de mais de 1,8 mil núcleos familiares em 229 municípios de 20 estados brasileiros. Além disso, 2,2 mil migrantes participaram de formações da Escola Refúgio, com 4,2 mil certificações entregues. Com o trabalho realizado, 73% dos migrantes adultos estão empregados e 82% das crianças e adolescentes já estão na escola.

A coordenadora de comunicação Vanesca Lima conta que a organização tem empresas parceiras que enxergam com muito bons olhos a contratação dos refugiados.

“São empresas que levantam a bandeira da igualdade, da oportunização de emprego e que estão preocupadas com sua responsabilidade social. Tomamos todo o cuidado para que os refugiados tenham todos os direitos trabalhistas respeitados”.

*O sobrenome de Marcela foi omitido por questões de privacidade.

Divulgação/Refúgio 343

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