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Terceiro setor: Sem amadorismo na captação de recursos

A despeito da crise econômica, tem bastante dinheiro sobrando para doação no Brasil. Mesmo assim, as organizações sociais encontram dificuldade de se manter com sustentabilidade. Apesar de precisar de dinheiro para sobreviver, a maioria das instituições não dispõe de uma área de captação de recursos. E, quando ela existe , funciona de forma amadora. É mais ou menos assim: o Joãozinho busca a doação de arroz, paga as contas, troca a lâmpada e, quando surge uma oportunidade de conversar com uma empresa ou um milionário, bota aquela camisa social bonita e vai.

Bom, alguém precisa falar o óbvio: para ganhar a atenção de doadores em potencial, é fundamental que as instituições apresentem um projeto bem planejado, que demonstre o poder de transformação social de seu trabalho. Não há mais espaço para o improviso. Além disso, paixão pela causa, sensibilidade, entusiasmo, persistência e criatividade são essenciais nessa tarefa.

Vai encarar a missão? Então, confira cinco dicas simples para não fazer feio.

Estude as empresas com quem você vai falar

Antes de mais nada, é preciso fazer uma pesquisa sobre potenciais doadores, respeitando critérios como a identificação com a causa que você defende, a disponibilidade de recursos (quem não tem recursos não pode patrocinar) e os objetivos da empresa. Assim como numa entrevista de emprego, é obrigatório fazer a lição de casa e estudar a organização. Use e abuse da internet para descobrir tudo sobre ela – a história, o que faz, qual o tamanho, se é nacional ou não, como está em relação à concorrência etc. Conhecendo os interesses do potencial doador, fica mais fácil descobrir o que o motiva e por que ele se engajaria na sua causa.

Tenha um bom material de apresentação

Tenha relatos reais para compartilhar. Uma entidade que se limita às estatísticas não consegue realmente demonstrar a dimensão de seu trabalho. Existem milhares de ONGs ativas no Brasil hoje, mas a sua história é só sua. Por que, então, eles devem contribuir com você, e não com a outra?

Por outro lado, um dos maiores motivos para muitas pessoas não doarem é a falta de confiança nas instituições. Tome à frente e disponibilize planilhas e textos explicativos de prestação de contas e mostre para o doador onde o dinheiro dele está sendo – ou será – aplicado. Isso faz total diferença para mostrar sua credibilidade.

O material de apresentação deve incluir o básico do básico: um cartão de apresentação do captador de recursos.

Tenha orçamentos do projeto que quer realizar

Não vale chegar com o sonho dourado de construir uma sede nova, mas sequer ter ideia de quanto isso custaria. Não vale dizer: “Doe quanto puder dar”. Um plano de captação de recursos deve incluir informações detalhadas de valores. Você precisa saber de quanto sua organização social necessita para continuar ativa ou para realizar projetos específicos, como a tal construção da nova sede, reforma ou a compra de um equipamento. É essencial incluir a previsão de todas as despesas que deverão ocorrer durante um período determinado de tempo.

Vá captar recursos antes que eles acabem

Então, quando não sobrou dinheiro nem para pagar a luz, a instituição decide que é hora de captar recursos. Pois fique sabendo: não espere conseguir patrocínio do dia para noite. Essa é uma atividade de médio a longo prazo. Um profissional de verdade dessa área não faz promessas, mas garante trabalho sério, dedicação, relatórios. Mesmo respeitando todos os processos, vai ouvir alguns “nãos”. Se você precisa captar para amanhã, deveria ter começado uns seis meses atrás.

Conheça bem o setor e construa uma rede de relacionamento

Um ponto de preocupação é a falta das redes necessárias para construir relacionamentos com os principais atores locais e potenciais apoiadores. Portanto, trate de conhecer bem o universo no qual atua, incluindo as iniciativas sociais com propostas semelhantes às da sua instituição. 

Solidariedade: afinal, o que nos move?

Faça o que eu digo e também faça o que eu faço. Achou que tem alguma coisa errada no velho ditado, certo? Não quando aplicado a Marcos Flávio Azzi, profissional bem-sucedido que passou os últimos 10 anos buscando dinheiro para causas sociais. Não, também não é só mais um rico promovendo chás beneficentes e outros eventos do gênero. Azzi é um empreendedor do bem-estar social, um homem que quer para os outros o que conquistou para si. Parece simples, mas dá trabalho.

O filantropo é mineiro. Veio de uma família humilde do interior e fez carreira no mercado financeiro em São Paulo, numa empresa que se tornaria, rapidamente, uma das maiores do Brasil. A companhia foi vendida para um banco suíço e, assim, em 2009, o bem-sucedido Azzi se viu com a vida ganha já aos 30 e poucos anos de idade. O que seria um sonho para muitos o sacudiu de forma definitiva. Ele não queria, simplesmente, se acomodar e desfrutar os louros. A ambição era diferente: começou a doar boa parte de seu patrimônio – e tempo – para auxiliar na reforma de casas de baixa renda na periferia de São Paulo.

Desligado de vez do mercado financeiro, Azzi se dedicou a inspirar, motivar e auxiliar empresários e pessoas físicas de alto poder aquisitivo a atuar em filantropia de forma consciente e eficaz, criando em São Paulo o Instituto Azzi. O mesmo senso de oportunidade utilizado na antiga profissão passou a determinar seus movimentos na nova empreitada. E os frutos começaram a surgir. Em 2014, foi criado um braço carioca, o Instituto Phi, comandado pela publicitária Luiza Serpa, que, em 2016, abriu filial na capital paulista.

O movimento abraçado por ele – que ainda dá seus primeiros passos no Brasil – já vem ocorrendo com força em outros pontos do mundo. Muito dinheiro começa a chegar às organizações que trabalham em prol da sociedade civil. Mas a questão é: como fazer com que essa fortuna seja aplicada de forma confiável, adequada, promovendo verdadeiro impacto social?

A resposta pode estar na chamada filantropia estratégica, uma combinação da alma da filantropia com o espírito do investimento. É onde atua o Instituto Phi, que ajuda potenciais investidores a descobrirem a causa que querem apoiar e, a partir daí, sugere organizações e projetos sérios que estejam dentro do perfil idealizado. Uma ponte que conecta o terceiro setor com o universo empresarial.

Os projetos passam por uma avaliação baseada em transparência, qualidade de gestão, potencial de impacto e solidez. Depois, uma ferramenta analisa e confere um grau de risco a cada instituição a ser apoiada, permitindo ao investidor tomar a melhor decisão quanto ao investimento. Além de buscar o destino certo para a doação, o instituto monitora os projetos escolhidos.

Desde a fundação do Instituto Phi, em 2014, 410 projetos foram apoiados, com uma média de R$ 15 mil movimentados por dia. A filosofia de Azzi é seguida pelos seus discípulos: na filantropia estratégica, a doação precisa ser relevante, recorrente, com foco e sem visar interesses próprios. Por isso é tão importante que se descubra a causa que toca profundamente e mobiliza cada um a investir o seu dinheiro.

Apesar de algumas conquistas sociais da última década, o Brasil, oitava economia do mundo, segue como um dos países mais desiguais do planeta. Mas todos nós sabemos que o imobilismo não combina com desenvolvimento e crescimento. Então, pense bem agora: o que moveria você a doar?

O primeiro título de Carlinhos

No Brasil, o tênis não é um esporte acessível: não se encontram quadras de tênis a cada esquina, como se acham campinhos de futebol. Mas, no Rio de Janeiro, o Instituto Futuro Bom usa as quadras de hotéis parceiros para ensinar crianças e adolescentes de famílias de baixa renda a atividade que consagrou o brasileiro Gustavo Kuerten, o Guga. 

Assim começou a história da primeira vitória profissional do jovem atleta Carlos Duarte, de 13 anos. Morador de Rio das Pedras, em julho do ano passado Carlinhos teve a oportunidade, junto com outros nove atletas do Instituto Futuro Bom, de jogar uma etapa nacional do Campeonato Brasileiro de Tênis.

Atleta do Instituto Futuro Bom, Carlinhos foi campeão de duplas no Brasileiro de Tênis

Os alunos do projeto social disputaram o torneio com os melhores jogadores do Brasil. A seleção dos atletas foi baseada nas conquistas dentro e fora das quadras: seguindo o mesmo modelo universitário americano, cada criança foi acompanhada de perto em relação ao seu rendimento escolar e participação nos treinos e cursos do instituto. 

Todos tiveram participações de verdadeiros atletas, lutando por cada ponto, demostrando fair play, respeitando os adversários, sabendo perder e aprendendo com os erros.

Mas a grande conquista do torneio veio para Carlinhos, que se sagrou campeão brasileiro de duplas, ao lado de Valter Albuquerque (que é atleta de outra equipe), na categoria 11/12 anos. Carlinhos superou adversários do Brasil inteiro e conquistou seu primeiro título nacional. Os torneios do Grand Slam que o esperem!

  • Nome da organização: TÊNIS PARA TODOS
  • Valor do apoio: 55.000,56
  • O que o Phi apoia: Garantir alimentação para as crianças atendidas pelo projeto
  • Nº de pessoas atendidas diretamente pelo apoio: 400 crianças

Profissionalização aos 50, por que não?

Se você acha que está velho demais para começar algo novo, pense de novo. Eduardo, de 50 anos, mora no conjunto Tom Jobim, em Gericinó (RJ), com sua esposa e seus quatro filhos menores de idade. Sem estudos formais ou qualquer capacitação para o mercado de trabalho, sua renda familiar vem do benefício do Bolsa-Família e de “bicos” que faz como ajudante de pedreiro.

Recentemente, Eduardo conheceu o Banco da Providência, que desenvolve projetos nas áreas de educação, saúde, cultura, segurança alimentar, e defesa de direitos, entre outras, em regiões de alta vulnerabilidade e violência cotidiana. Ele se matriculou no curso de Preparação para o Mundo do Trabalho com o objetivo de se capacitar e melhorar a situação financeira da família, e atualmente está fazendo o curso de Mecânico de Refrigeração.

A foto mostra Eduardo, que pela primeira vez faz uma qualificação, no curso de mecânico de refrigeração, fazendo sinal de ok
Eduardo pela primeira vez faz uma qualificação, no curso de mecânico de refrigeração

Seu comprometimento e força de vontade se destacam: sem nunca ter faltado a uma aula do curso, que acontece três vezes na semana, ele sonha em seguir na profissão e arrumar um emprego formal.

– Se eu cheguei até aqui, não vou desistir. Quero ter uma profissão que dê orgulho para os meus filhos – disse Eduardo.

  • Nome da organização: BANCO DA PROVIDÊNCIA
  • Valor do apoio: 25.000
  • O que o Phi apoia: Capacitação profissional
  • Nº de pessoas atendidas diretamente pelo apoio: 25

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Muito além de uma reforma

Enquanto os irmãos mais novos queriam brincar, as adolescentes queriam estudar ou descansar para trabalhar no dia seguinte. A rotina era difícil para a família de Eva*, uma jovem mãe com seis filhos, na pequena casa de três cômodos – um quarto, uma cozinha e um banheiro.

Eva perdera sua mãe ainda criança e seu pai abandonara a família. Ela não foi preparada para a vida adulta e muito menos para cuidar de tantos filhos com tão pouco dinheiro. 

Com o Programa Vivenda, projeto social que busca resolver a questão da inadequação de moradias da população de baixa renda, que causa problemas de insalubridade e compromete a saúde de idosos e crianças, Eva ganhou não só uma reforma, mas o acesso a uma vida melhor.

Na reforma, o quarto foi dividido em dois: um para Eva e as crianças menores e outro para as adolescentes. Emocionada, a filha mais velha, Marcela*, de 17 anos, sorria e chorava no quarto que acabara de ganhar:

“Nunca imaginei ter um quarto assim na minha vida. Já tirei umas 100 fotos”.

*Os nomes foram substituídos para preservar a privacidade da família beneficiada.

O Programa Vivenda busca resolver a inadequação de moradias da população pobre
  • Nome da organização: PROGRAMA VIVENDA
  • Valor do apoio: 966.958,00
  • O que o Phi apoia: Reformas subsidiadas para famílias selecionadas pelo SASF ( Serviço de Assistência Social à família), com renda de até 1,5 salário mínimo.
  • Nº de pessoas atendidas diretamente pelo apoio: 712

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