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Formação integral na infância por um futuro melhor

No sítio de 84 mil m², a 15km do centro do município de Porto Feliz (SP), o Coordenador Administrativo da Associação Monte Carmelo (AMC),  Lucas Moura, de 29 anos, circula entre as 90 crianças matriculadas na organização não-governamental. Ele enxerga um belo futuro para elas, porque já foi uma delas. Foi frequentando as oficinas de virtudes, literatura e jogos cooperativos, as atividades culturais de teatro, coral e timbalata, as aulas na sala de informática e o plantio na horta, que ele pôde descobrir seus talentos. Ali, teve início o sonho de fazer parte daquele trabalho.

Lucas entrou na AMC em 2002, com 7 anos de idade. Seus pais trabalhavam muito – o pai, como padeiro, e a mãe, em casas de família e como manicure – e buscaram um espaço de atividades de contraturno escolar para os três filhos. Contrariando as estatísticas que indicam baixa probabilidade de filhos de pais que não têm diploma alcançarem a formação superior, Lucas é formado em Pedagogia e pós-graduado em Psicopedagogia Institucional. Há 8 meses, é casado com Agnes, psicóloga clínica.

A Associação Monte Carmelo atua dentro dos princípios da Fé Baha´í – que tem como base a paz mundial e a eliminação de todas as formas de preconceito – para a formação da criança e do adolescente, apoiando suas famílias e em parceria com as escolas. Assim, Lucas conta que conheceu as “virtudes humanas”, qualidades que já existem dentro do coração do homem, mas que muitas vezes precisam ser lapidadas, como respeito, responsabilidade, cortesia, justiça, bondade, cooperação e gratidão.​

Confira o depoimento de Lucas sobre a sua trajetória na organização, que atualmente é apoiada pelo Instituto Phi:

“Sempre participei das aulas bahá’ís para crianças e, mais tarde, dos grupos de pré-jovens. Realizei muitos atos de serviço, participei de várias apresentações culturais e até fui conhecer o mar, na cidade de Santos, com a AMC.

Em 2009, completei 14 anos e tive meu último ano como aluno na instituição. Mas, em 2012, quando estava cursando o 3º ano do Ensino Médio, fui convidado para ser estagiário da sala de informática. Ao me formar, em 2013, fui convidado para integrar o quadro de funcionários, sendo contratado pelo regime CLT como monitor de ônibus.

Em 2014 e 2015, cursando a graduação em Pedagogia, atuei como educador de pré-jovens e tive a oportunidade de acompanhá-los até o litoral, compartilhando a experiência de visitar a mesma praia que tinha conhecido através da AMC no ano de 2008. Foi incrível! De 2016 a 2019, fui auxiliar da Coordenadora Pedagógica, que inclusive foi minha professora na AMC logo que fui matriculado. E, em 2020, fui convidado para ser Coordenador Administrativo, meu cargo atual.​

A AMC sempre me incentivou a estudar. Concluí a graduação em dezembro de 2015 – trabalhava de dia na AMC e ia para a faculdade à noite, na cidade vizinha – e, no início de 2016, resolvi cursar pós-graduação em Psicopedagogia Institucional.

Acredito que muitos outros ‘Lucas’ possam ter esta mesma oportunidade que estou tendo até hoje. São 34 anos que a AMC planta sementes na comunidade de Porto Feliz, e, com a contribuição de apoiadores e patrocinadores, esses frutos podem ser colhidos. Posso dizer que sou fruto deste lindo trabalho!”.

As atividades da  Associação Monte Carmelo são voltadas a crianças e adolescentes de 6 a 14 anos. O ônibus da AMC percorre a cidade recolhendo as crianças em 9 escolas da rede municipal de ensino para o contraturno escolar na AMC.

Água limpa para quem precisa: mulheres chefes de família de Jardim Gramacho recebem kit da Água Camelo

Boletim Phi – Especial de Meio Ambiente

Em 2020, a cozinheira Miriam Oliveira e seus dois filhos, então com 11 e 17 anos, finalmente se livraram das dores de estômago e da náusea. Moradores de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias (RJ) naquele ano eles receberam um kit de acesso à água tratada startup de impacto ambiental Água Camelo. Até então, eles bebiam água do cano da rua, sem tratamento nenhum para consumo.

Recentemente, Miriam se emocionou ao reencontrar com “os meninos” da Água Camelo, numa ação apoiada pelo Instituto Phi de doação de 20 kits para mulheres chefes de família e catadoras do Programa Jardineiras de Jardim Gramacho, promovido pela ONG ReMAR  (Repensando Mudanças Através dos Resíduos), que visa fortalecer e estimular a cadeia de reciclagem local. A ação aconteceu na sede de outra ONG, o Projeto Gramachinhos, de educação infantil, onde Miriam é cozinheira.

“Conheço a maioria das mulheres, uma delas é minha vizinha. E sei que elas precisam muito do kit, assim como eu precisava”, diz Miriam.

Com capacidade para armazenamento de até 15 litros de água por vez, o Kit Camelo foi desenvolvido observando as quatro etapas necessárias para que uma pessoa, sem cobertura de saneamento básico, possa providenciar para obter água potável: captação, transporte, armazenamento e filtragem.

O kit é composto por uma mochila que filtra a água, eliminando bactérias, protozoários e partículas em suspensão, transformando-a em própria para o consumo, além do manual para pessoas com ou sem facilidade de leitura. A manutenção é feita pelos próprios usuários, sem necessidade de compra de peças. O reencontro de Miriam com a equipe da Água Camelo aconteceu na oficina de capacitação das novas beneficiárias para uso e manutenção do kit.

“Essa é uma das etapas mais importantes da implementação dos kits da Água Camelo. É neste momento que eles aprendem a usar os materiais, bem como a sua manutenção, além das oficinas chamadas de “Wash”, de conscientização sobre consumo consciente da água, saneamento e higiene”, explica o cofundador e diretor de Comunicação e Comunidades da Água Camelo, João Manuel Piedrafita.

Ele lembra que Jardim Gramacho foi o primeiro lugar a receber os Kits Camelo quando a Água Camelo foi criada, em 2020. No bairro funcionou por 35 anos o maior lixão da América Latina, desativado em 2012 com o avanço da legislação ambiental. No entanto, a intervenção do poder público não incluiu a implementação de um plano de reinserção social dos moradores da região, que faziam do lixo sua principal fonte de renda. Além disso, grande parte da população vive sem saneamento básico e energia.

Segundo a ONU, até 2030 a demanda por água deverá aumentar 50% no mundo. Isso num planeta em que cerca de 80% do esgoto produzido pelo homem volta à natureza sem ser tratado. E mais de um terço da população mundial não tem acesso a água tratada – no Brasil, são cerca de 36 milhões de brasileiros, segundo o Instituto Trata Brasil.

Agricultura familiar: os quintais ecoprodutivos implantados em casas de idosos pelo SERTA

Boletim Phi – Especial Meio Ambiente

No quintal de sua casa em Alto José do Pinho, Recife (PE), Dona Solange Lira planta verduras e legumes, como alface, tomate, pimentão, berinjela e couve, mas também temperos e chás – as chamadas “farmácias vivas” –, como hortelã, boldo, coentro, manjericão e louro. Aos 63 anos, ela nem imaginava ter um quintal ecoprodutivo e aprender técnicas de cultivo.

Dona Solange participa do projeto “Bem Viver nos Bairros”, do Serviço de Tecnologia Alternativa – SERTA, que atua em Recife e Região Metropolitana. Além de incentivar o reconhecimento do envelhecimento de forma positiva e saudável, o projeto implementa quintais ecoprodutivos na busca da segurança alimentar da população idosa com o aproveitamento dos espaços de suas casas. Através de um censo, são identificados os idosos em vulnerabilidade social.

Por causa da diabete e da pressão alta, ter uma alimentação mais natural tem sido muito bom para Dona Solange. Mais que isso, todo o atendimento que recebe no SERTA – psicológico, fisioterápico, aulas de dança e música, além das visitas da educadora social Cláudia, que cuida da transicão agroecológica, ajudaram a afastar a depressão.

Dona Solange Lira mora sozinha. Deixou de trabalhar há 28 anos, quando nasceu a filha, e precisava cuidar da bebê, ao mesmo tempo que cuidava da mãe enferma. Do marido, acabou se separando. Sua mãe faleceu há 7 anos. A filha agora está em outra cidade fazendo faculdade. Depois de um período difícil, ela voltou a sorrir.

“Agora estou assim, feliz. Abraço todo mundo, dou bom dia a todo mundo. Espero que esse projeto não acabe nunca”.

O projeto já teve duas edições, com a implantação de 600 quintais ecoprodutivos e duas hortas comunitárias no Alto José do Pinho e na Comunidade de Santa Luzia, em Recife. Agora, começará a ser executado, com apoio do Instituto Phi, na Região Metropolitana, beneficiando mais 100 pessoas em Recife, 150 em Jaboatão dos Guararapes, 200 em Cabo de Santo Agostinho e 150 em Ipojuca, num total de 600 pessoas.

O projeto é um exemplo de prática sustentável, na medida em que preserva mais os recursos naturais e a biodiversidade. Além disso, com uma participação de apenas 24,3% da área plantada no Brasil, a agricultura familiar tem grande relevância para a soberania alimentar e o abastecimento do mercado interno. Hoje 70% dos alimentos que estão na mesa dos brasileiros são produzidos por esses produtores.

Transformando a CDD com educação ambiental: o projeto Eco Rede, da Alfazendo

Boletim Phi – Especial Meio Ambiente

Em fevereiro de 1996, fortes chuvas atingiram o Rio de Janeiro, causando uma das piores enchentes da Cidade de Deus. Com o transbordamento do Rio Grande, muitas pessoas perderam tudo que tinham e muitos perderam a vida. Lidiane Santos tinha 5 anos na época, havia acabado de chegar da Bahia com a mãe para morar no bairro, e assistiu tudo.

Tão nova, começou a conhecer os efeitos do descarte irregular de lixo e da eliminação da vegetação nativa, principalmente nas margens dos rios. Hoje com 32 anos, Lidiane é bióloga formada pela UFRJ, coordenadora do Eco Rede – um projeto da ONG Alfazendo que atua com educação socioambiental e desenvolvimento sustentável da Cidade de Deus – e faz mestrado. O tema da dissertação é “Performances das águas: conservação geopoética da Cidade de Deus”.

Atualmente apoiado pelo Instituto Phi, o projeto Eco Rede tem investido recursos e esforços nos últimos 12 anos para enfrentar problemas graves da Cidade de Deus: a coleta deficiente do lixo domiciliar e os impactos ambientais causados pelo tratamento inadequado dos resíduos sólidos.

Lidiane, que começou a trabalhar na Alfazendo como estagiária, há seis anos, conta que o primeiro incômodo do Eco Rede é o racismo ambiental, isto é, como a populações

marginalizadas e historicamente invisibilizadas são as mais afetadas pela poluição e degradação ambiental.

“Nossa meta principal sempre foi acabar com os lixões e trazer uma perspectiva de coleta seletiva solidária para a CDD. Para isso, o primeiro passo é que os moradores entendam que são parte fundamental da transformação”, destaca.

Para sensibilizar a população a não jogar lixo no rio e suas margens e fazer o descarte correto dos resíduos, as oficinas de educação socioambiental do Eco Rede resgatam a importância do Rio Grande e seus afluentes para a CDD.

“Contamos que os primeiros moradores que chegaram ao território pescavam nesse rio, se banhavam e cultivavam plantas comestíveis às suas margens. Também ressaltamos a importância do catador dentro do ciclo produtivo”, explica Lidiane.

Com o trabalho de educação socioambiental, o projeto já beneficiou diretamente mais de 45 mil pessoas, conta a educadora e cofundadora da Alfazendo, Iara Oliveira:

“Temos parcerias com as 26 escolas do bairro, propondo formação de professores e oficinas de educação socioambiental para os alunos. O EcoRede já faz parte do projeto pedagógico da rede escolar da CDD, promovendo desde contações de histórias e teatro para as crianças da creche até jogos colaborativos e rodas de conversas para o Ensino Fundamental e Médio. Em algumas dessas escolas, implementamos hortas pedagógicas, num trabalho integrado com as famílias”.

Além de seu programa em escolas locais, o projeto Eco Rede também oferece treinamento para catadores de materiais recicláveis. Uma das principais iniciativas que a EcoRede apoiou foi a construção de ecopontos na Cidade de Deus para que os moradores descartem o lixo reciclável de forma que facilite o trabalho dos catadores.

Do extrativismo ilegal ao ativismo de meio ambiente: a história de Eduardo, do IA-RBMA

Boletim Phi – Especial Meio Ambiente

De uma família que vivia do extrativismo ilegal de palmito juçara, Eduardo Rodrigues Netto hoje trabalha com educação ambiental no município de Iporanga (SP). O palmito juçara está em extinção e a prática ameaça não só sua preservação, mas também de todas as espécies da fauna que se alimentam dela, trazendo prejuízos ao meio ambiente como um todo.

A história de transformação de Eduardo começou com um programa de formação em ecoturismo do Instituto Amigos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica – IA-RBMA. Ele começou a trabalhar como guia turístico do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira e do Parque Estadual Caverna do Diabo, que compõem a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. São mais de 250 cavernas catalogadas, além de vales, montanhas, rios e cachoeiras. Depois, foi estudar Biologia.

No início deste ano, diante do cenário pós-Covid, o Instituto Phi começou a apoiar o projeto do IA-RBMA de capacitação do receptivo de turismo de base comunitária na comunidade Ribeirão, em Iporanga.

O turismo de base comunitária alia educação ambiental, preservação da natureza, valorização da cultura de comunidades tradicionais e desenvolvimento econômico. 

Houve uma mudança de mentalidade não só de Eduardo, mas de toda a sua família sobre o ecoturismo, que oferece não só proteção de ecossistemas preciosos para a garantia da vida na Terra, mas também  uma alternativa de subsistência sustentável. Eles deixaram de trabalhar com o extrativismo ilegal de palmito.

“Atualmente, o IA-RBMA está executando a capacitação em comunidades do Ribeirão e quilombolas, dando ferramentas para quem possam ter uma visão empreendedora de suas atividades, sejam de agricultura, hospedagem, gastronomia ou cultura, por exemplo, para que o turista saiba a riqueza do que está levando”, conta Eduardo.

Criado e desenvolvido pela Refinaria Design. Atualizado pela Sense Design.