Projetos Apoiados população de rua
Ex-morador de rua supera vício em drogas e conquista 920 pontos na redação do Enem
Assistido pela ABESPA, Alexandre Camilo atualmente é funcionário da entidade apoiada pelo Phi e quer cursar Letras para se aprimorar como escritor
Por quase um ano, Alexandre Camilo, de 55 anos, viveu nas ruas de Fortaleza. O vício em drogas o levou a essa triste situação. Sua trajetória começou a mudar em 2019 quando, no “fundo do poço”, sem nem chinelos para calçar, conseguiu uma passagem para Teresina (PI) e, lá, conheceu a Associação Beneficente São Paulo Apóstolo – ABESPA, mantenedora da Pastoral do Povo da Rua e apoiada pelo edital do Movimento Bem Maior, com gestão do Instituto Phi. Agora, Alexandre comemora a pontuação na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020: ele atingiu 920 pontos, de um total de 1.000, e quer cursar Licenciatura Plena em Letras -Português.
Alexandre é carioca, graduado em Biologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e tem mestrado em Ecologia e Recursos Naturais pela UFSCar. Trabalhou como professor e pesquisador, mas a dependência química acabou com seu casamento e sua carreira. Ele foi para Fortaleza (CE) em busca de novas possibilidades de trabalho, mas o uso de drogas se intensificou e ele viveu por nove meses em situação de rua, antes de mudar-se para Teresina.
Quando chegou à capital piauiense, Alexandre começou a frequentar a Pastoral do Povo de Rua para tomar o café da manhã oferecido pela entidade, que atua com reintegração social e resgate da cidadania de pessoas em situação de rua, oferecendo atendimentos com equipe formada por médico, dentista, psicólogo e assistente social, além de orientação individual e em grupo, palestras e oficinas. Passou de usuário de drogas para colaborador voluntário da Pastoral e, então, foi contratado como monitor social da recém-inaugurada Casa de Acolhimento.
Quando ainda era voluntário na Pastoral, Alexandre se casou com a pedagoga Lucinete Mascarenhas, que também atuava – e ainda atua – como voluntária. Eles coordenaram a implantação do projeto “Fazendo Arte – Teatro, Coral e Dança” na entidade e, paralelamente, Alexandre escreveu seu primeiro livro de poesias e estudou para o Enem através de videoaulas no YouTube. No início deste ano, ele fez a prova e agora aguarda a classificação para uma universidade federal ou estadual, confiante dos resultados.
“As drogas me tiraram tudo, é uma vida de escravidão. A Pastoral me deu um apoio imenso para eu voltar a comandar a minha vida. Agora, para dar continuidade ao meu trabalho como escritor, quero me aprofundar nos estudos da Língua Portuguesa. Já estou com meu segundo livro quase pronto. Desejo que essa nota represente mais que uma aprovação na universidade, que ela transmita esperança para todos que vivem na situação que eu vivi, que acreditem que também podem dar a volta por cima”.
Vigência: História do Mês, população de rua, reintegração social.