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Um diagnóstico climático para fortalecer a sociedade civil
Em um cenário global onde o papel da sociedade civil se torna cada vez mais relevante na formulação de políticas públicas, o Instituto Phi realizou um levantamento para compreender o nível de engajamento das organizações brasileiras em torno da justiça climática e como estão se mobilizando para influenciar as discussões no âmbito do G20.
O objetivo do Diagnóstico Climático é, a partir daí, recolher dados e informações e compartilhar acesso ao conhecimento, para que organizações de todo o país possam construir ações estratégicas para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas e a construção de uma governança global mais inclusiva e sustentável, onde a sociedade civil possa articular com governos municipais, estudais e federal o desenvolvimento de políticas públicas que cheguem a todos. A pesquisa foi liderada pela cientista social e mestre em sociologia Vivian de Almeida, analista de projetos do Instituto Phi.
Com 43 organizações respondentes em 11 estados, o levantamento mostrou que 53% das organizações não possuem conhecimento ou práticas de justiça climática e 61% das organizações não possuem conhecimento ou práticas contra racismo ambiental. Apesar de a maior parte não ter atuações nesse sentido, 88% das respondentes relataram estar em áreas de risco climático: 25 em área de risco para ondas de calor, 18 para inundações, 15 para secas, 10 para deslizamentos de terra e 5 para ondas de frio. Apenas 5 não estão localizadas em área de risco para desastres climáticos.
A maior parte das organizações (65,1%) não possuem projetos, ações ou programas voltados à preservação dos biomas brasileiros.
Quase metade das organizações (48,3%) não sabia que a Cúpula dos Líderes ocorreria no país ou sabia apenas que ocorreria no país/no Rio de Janeiro, sem conhecimento sobre a existência de eventos paralelos e 23,3% sabiam sobre a Cúpula dos Líderes e outros eventos, mas não tiveram acesso a informações sobre como participar.
Apenas 27,9% das organizações souberam como participar deste processo. E apenas 7 organizações (16,2%) afirmaram estar envolvidas em grupos de engajamento do G20, sendo 6 no Civil Society (C20) – dentre as quais 1 estava, também, inserida no Think Tanks20 (T20) – e 1 no Youth20 (Y20).
As principais demandas para se engajarem mais profundamente na temática incluem capacitação, financiamento e acesso a informações, o que reforça a importância de políticas públicas e programas de apoio que promovam maior inclusão e participação dessas entidades em debates globais e na construção de soluções locais para a crise climática.
A crise climática não é mais uma questão distante e teórica; ela está presente no cotidiano de todos os brasileiros e exige uma resposta urgente e coordenada. Nosso futuro depende, em grande medida, do fortalecimento das políticas públicas e de sua integração com agentes locais, incluindo nas discussões globais sobre sustentabilidade e governança quem está na linha de frente dos territórios.
Mãos que falam: no Dia Nacional do Surdo, uma história sobre amor e Libras
Você sabia que, das 18,6 milhões de pessoas que se declararam com alguma deficiência no Brasil no último Censo, 10 milhões estão relacionadas à deficiência auditiva? O Dia Nacional do Surdo – celebrado nesta quinta-feira, 26 de setembro, logo após o Dia Internacional da Linguagem de Sinais, no dia 23 – lança luz sobre o acesso à educação desta população no Brasil. Se é difícil para a maioria, imagine num bairro com um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do município do Rio de Janeiro?
Mas é lá em Santa Cruz que funciona, há 17 anos, a OSC Jurema Amor nas Mãos para Deficientes e Surdos – JAMDS. Mais de mil crianças já participaram dos projetos desenvolvidos pela organização, fundada pela Dona Jurema Duarte, de 71 anos, com destaque para as aulas de Linguagem Brasileira de Sinais (Libras).
O projeto da JAMDS “Mãos que falam com amor”, apoiado pelo Instituto Phi e pelo Instituto Rio, oferece atividades socioculturais, pedagógicas e esportivas para crianças e adolescentes com e sem deficiência, incluindo jiu-jitsu, balé, carimbó, informática e Libras, claro. Além de alunos com deficiência auditiva, a equipe recebe muitos alunos com autismo não verbal e que também aprendem a usar a linguagem de sinais como forma de comunicação alternativa e aumentativa.
Dona Jurema, que antes trabalhava na área de enfermagem, começou a aprender Libras depois de se aposentar, com 54 anos. A partir daí, voluntariamente, começou a ensinar crianças com deficiência auditiva em sua própria casa. Em 2016, foi indicada ao programa de TV do Luciano Huck e ganhou uma sede para a JAMDS. Mas a história das “mãos que falam” começou na sua infância, quando ia com a mãe aos domingos visitar uma tia e os primos.
“Meus irmãos e meus primos iam brincar na rua, e eu ficava em casa fazendo companhia para meu primo Alexandre, que era surdo, e não conseguia ser incluído nas brincadeiras. Mas, de alguma forma, conseguíamos nos comunicar, na base da mímica, usando as mãos. Nós nunca tínhamos ouvido falar em Libras. Quando, depois de me aposentar, decidi aprender a Linguagem Brasileira de Sinais, achei que era importante multiplicar esse conhecimento não somente para pessoas surdas. Meus filhos e minha neta aprenderam Libras e incentivo os nossos alunos que não têm deficiência e chegam para outros cursos a aprenderem também. A inclusão social só será possível quando qualquer cidadão ouvinte também for capaz de se comunicar com as pessoas surdas por meio da Libras”.
Ainda temos muito a percorrer. Sequer a comunidade surda tem pleno acesso ao ensino de Libras, embora a Lei 14.191, de 2021, tenha incluído a educação bilíngue de surdos na Lei Brasileira de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Outro grande obstáculo é a carência de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) do ensino
fundamental ao superior, tornando impossível para esses alunos absorverem conteúdos ministrados nas escolas e universidades.
Felizmente, temos pessoas como Jurema abrindo caminhos para eles.
Uma laje reformada e a cidadania resgatada com concreto
A ajudante de cozinha Clévia Ribeiro caprichou na cartinha que escreveu, no fim de 2023, compartilhando o sonho da família: resolver os problemas de infiltrações na laje da casa onde ela mora com seu marido, sua filha e sua mãe. Com o concreto esfarelando, as águas das chuvas penetravam nas paredes, e há anos todos sofriam com o mofo, principalmente Thainá, de 9 anos, que apresentava sintomas de alergia respiratória decorrente do problema. A obra também seria um passo para a família conseguir fazer um quarto para a menina, que dorme no mesmo cômodo que os pais.
A carta era para o Instituto Mundo Novo que, a partir do atendimento às famílias beneficiadas em seus programas educacionais e culturais, lançou, com recursos do Fundo Chatuba, o Programa de Desenvolvimento Social Local, de reforma de moradias na Chatuba, em Mesquita, Baixada Fluminense. Dentre 350 cartinhas de sonhos enviadas pelas famílias, 70 delas compartilhavam desejos relacionados a reformas habitacionais, e a de Clévia foi uma das 4 selecionadas. Thainá se formou na educação infantil da organização e hoje está no projeto Arte com Visão, que oferece complementação escolar para crianças de 4 a 18 anos.
Neste mês de setembro, a obra ficou pronta: a laje da casa ganhou um novo contrapiso, impermeabilizado, e um telhado, com estrutura de serralheria. Além de garantir a saúde da família, que vivia com umidade nas paredes, a obra também garantiu mais segurança, e futuramente Clévia e o marido, o ajudante de pedreiro Claudenei, poderão construir o tão sonhado quartinho de Thainá, sem riscos de desabamento.
“Uma parte da laje havia caído há alguns anos e, com as chuvas, as paredes estavam todas pretas de mofo. Agora, além de poder fazer os consertos sem o risco de novas infiltrações, temos essa estrutura que traz a possibilidade de lazer para minha filha, já que a casa é pequena e agora o espaço da laje poderá ser usado como um quintal”.
Bianca Simãozinho, diretora do Instituto Mundo Novo, diz que este projeto é um divisor de águas para resolver um problema de saúde e qualidade de vida das crianças atendidas pela organização:
“A gente sabe que moradia digna é um direito de todos, mas que as famílias em
vulnerabilidade estão muito longe de ter. Na Chatuba, muitas casas são insalubres, sem água encanada, porque as coberturas são de telhas, que não suportam a instalação de uma caixa d´água. Então, este projeto é sobre o cuidado integral da família, sobre levar dignidade, resgate de cidadania e de esperança. São poucas casas por enquanto, mas já está tendo um impacto muito grande e o objetivo é ampliar o projeto”, conta.
O Instituto Mundo Novo atua para a garantia de direitos de crianças e adolescentes e tem o apoio do Instituto Phi há 10 anos.
Termômetro da doação
No dia 05 de setembro de 2024, o Movimento por uma Cultura de Doação (MCD), rede a qual o Instituto Phi faz parte, lançou o relatório ‘Termômetro da Doação’, que busca criar indicadores para mensurar os avanços no Brasil para a consolidação de uma cultura de doação, a fim de compreender melhor o panorama das doações no país.
Goyo
Estamos permitindo que nossos filhos ou irmãos com alguma
deficiência vivam plenamente suas vidas? Estamos preparados para
apoiá-los, mesmo quando isso significa deixá-los correr alguns riscos?
Esta é a temática abordada no filme argentino Goyo, apelido de
Gregório, um jovem com uma das formas “leves” do autismo — a
Síndrome de Asperger. A história dirigida por Marcos Carnevale gira
em torno da atração de Goyo por uma funcionária do museu onde
trabalha e os desafios que ele enfrenta para lidar com tantas novas
emoções. Um lembrete de que a autonomia e a independência são
essenciais para o amadurecimento e crescimento tanto dessas
pessoas quanto de toda a família.
Disponível na Netflix: clique aqui para assistir o trailer
Cenários Futuros para o Estado do Rio de Janeiro
Você já parou para imaginar o que é necessário para que o Estado do
Rio tenha um futuro melhor e como podemos colaborar para isso?
Turismo, economia, sustentabilidade, serviços públicos,
desenvolvimento territorial… tudo isso esteve em discussão para a
criação do relatório “Cenários Futuros”, criado coletivamente pela
Glocal Experience e uma equipe diversa de 50 pessoas, com apoio
metodológico da Reos Partners.
Iniciado em 2022, o relatório apresenta hipóteses coerentes sobre o
futuro e traça estratégias iniciais para a transformação social até
2030. Os 50 participantes representam um microcosmo do estado do
Rio de Janeiro e exercem papéis de liderança nas mais diversas áreas
de conhecimento, setores, regiões, religiões, saberes, gerações e
territórios. Todos contribuíram com seu tempo e conhecimento de
forma voluntária.
Dentre eles, está Luiza Serpa, idealizadora e diretora-executiva do
Instituto Phi, organização da sociedade civil que atua como um hub
de soluções inovadoras e customizadas para promover a filantropia e
fortalecer o Terceiro Setor.
A Equipe de Cenários se reuniu durante seis meses, entre 2022 e
2023, para construir cenários de possíveis futuros, avaliar suas
implicações, identificar os cenários mais desejados, bem como os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável prioritários, e traçar
estratégias.
O objetivo é enriquecer e estimular o debate público e intersetorial e
pautar escolhas, decisões, estratégias e ações nos espaços e esferas
de alta relevância para o estado do Rio de Janeiro – comunidades,
territórios, movimentos e organizações sociais, escolas, universidades
e sociedade como um todo.
Segundo o relatório, para um futuro mais sustentável e justo para o
estado do Rio de Janeiro, há dois cenários desejáveis: Boto
Cinza (Transformação) e Abelha Uruçu (Regeneração). Acesse o site e
leia o Relatório completo para entender estes cenários:
https://reospartners.com/cenarios-rj-2030.
Aos 12 anos, Emanuel agora pode sonhar
Até os 10 anos, Emanuel nunca tinha ido à escola. Vivia nas ruas com a mãe e os irmãos, todos usuários de crack. Em 2022, num surto, o menino começou a tacar pedras nos pedestres. Assim, em medida protetiva, chegou à Casa de Acolhida da Associação Beneficente AMAR, organização na Zona Norte do Rio apoiada pelo Instituto Phi. Emanuel precisava de saúde, nutrição, alfabetização, diversão e afeto, dentre tantas necessidades. A maior demanda, no entanto, talvez fosse por sonhos. Dois anos depois, tanta coisa mudou. Aos 12 anos, este mês Emanuel foi destaque na escola pelo seu desempenho. Hoje, sonha com um futuro.
A equipe conta que não foi fácil no início. Foi preciso muito amor para vencer as resistências, especialmente com o processo de escolarização. Mas o empenho da alfabetizadora Raimunda, o entusiasmo da voluntária Marlene e o incentivo da pedagoga Fernanda renderam frutos. Teve também a relação estreita e fortalecida com a unidade escolar na qual Emanuel foi matriculado e, claro, os passeios divertidos com a equipe de profissionais e o grupo de meninos abrigados com ele.
“Emanuel, como todos os meninos que chegam à Casa, precisam de acolhimento, cuidado, calor humano, de alguém que cuida, de poder brincar, de se sentir à vontade e não precisar se defender. Eles precisam de oportunidades e de uma família que se apaixone pelo seu crescimento”, diz a pedagoga Fernanda, da Casa de Acolhida, que explica que, como a família de Emanuel não apresentou interesse em sua guarda, ele espera por uma nova família, através da adoção.
Em 2024, depois de se esforçar bastante para ir para uma turma mais avançada, Emanuel conseguiu a pontuação máxima para o ingresso no 5º ano do Ensino Fundamental. E este mês, o aluno foi destaque na escola pelo seu ótimo desempenho acadêmico. O melhor: ele agora quer ir muito mais longe.
A Casa de Acolhida Frei Carmelo Cox é um local destinado a oferecer cuidados, proteção e apoio a crianças que estão em situação de vulnerabilidade, geralmente afastadas de suas famílias de origem por questões como abuso, negligência ou outras condições que comprometam seu bem-estar. Uma rotina diária estruturada é estabelecida, incluindo horários para atividades escolares, recreação, refeições, atividades culturais e outras.
Cada criança geralmente tem um plano individualizado que considera suas necessidades específicas, objetivos de desenvolvimento e planos para o futuro, como a reintegração familiar ou a busca por uma família substituta. Para conhecer melhor a Casa de Acolhida, acesse https://associacaoamar.org.br/casa-frei-carmelo-cox/.

Tributação de heranças e incentivos fiscais à doações filantrópicas
Foi lançado pelo Movimento Bem Maior o “Estudo Comparado Internacional Tributação de Heranças e Incentivos Fiscais à Doações Filantrópicas”. Encomendado pelo MBM à SBSA Advogados, o estudo compara a alíquota brasileira na taxação de heranças, com as legislações tributárias de outros 14 países, analisando ainda como estas políticas incentivam ou não as doações filantrópicas.
Investimento Social Privado: estratégias que alavancam a Agenda ESG
Como as práticas de investimento social privado (ISP) e cidadania corporativa se correlacionam com a performance em sustentabilidade empresarial? Há mesmo uma sinergia entre o ISP e a Agenda ESG? E, em caso afirmativo, é possível quantificar essa influência?
A publicação do IDIS busca responder a esses questionamentos, analisando as informações referentes a ISP do ISE B3, o Índice de Sustentabilidade Empresarial da bolsa de valores do Brasil, do triênio 2022-2024.
Os achados revelam como as práticas se relacionam e apresentam um mapa estratégico para atuação de empresas.
Perspectivas para a filantropia no Brasil
Mais uma edição do “Perspectivas para a filantropia no Brasil”, do IDIS, está no ar. O ponto de partida desta edição foi a compreensão de que os desafios que enfrentamos estão cada vez mais complexos e interconectados.
Se antes era predominante uma atuação filantrópica baseada em causas específicas, em silos e caixinhas delimitadas, abre-se o olhar para respostas integradas e que contribuem para mudanças estruturantes. Não à toa, a perspectiva ‘Policrise e as respostas da filantropia’ abre o relatório.
Famílias de Alto Patrimônio no Brasil – Investimento de Impacto e Filantropia
Esta pesquisa da Sitawi representa uma foto das práticas atuais das famílias de alto patrimônio, seus Family Offices e Conselheiros em relação à alocação de recursos para impacto positivo. A pesquisa baseou-se em respostas obtidas junto a famílias com patrimônio ou com carteiras de investimento com mais de R$ 50 milhões.
Mulheres incríveis
Com prefácio de Conceição Evaristo, o livro “Mulheres incríveis”, de Elaine Marcelina, publicado pela Editora Maat, ilustra a saga de mulheres pertencentes a “várias tribos”, conforme a própria autora: Doria Thereza, Zezé Mota, Mãe Beata de Iemanjá, Maria do Carmo, dentre outras. Com sua escrita pelos singulares caminhos do cotidiano, Elaine Marcelina promove um registro que capta a grandeza das histórias dessas mulheres e promove o registro escrito de narrativas de vida com a intenção de (co)mover e fazer emergir mais e mais histórias.