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Caminho para projetos de combate aos impactos da Covid

Quando a Covid-19 tomou o mundo, a única certeza que tínhamos é que todos os setores teriam de somar esforços. Assim, o Instituto Phi não só se envolveu em campanhas de ajuda humanitária, mas foi atrás da renovação de parcerias com grandes doadores, criando ações para reduzir os impactos negativos da pandemia para as populações em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Numa das iniciativas, com um grande doador da Califórnia, foram selecionados 10 projetos para apoio, com especial atenção aos segmentos de educação, qualificação profissional e saúde, duramente afetados.

Diante dos efeitos graves da paralisação parcial da atividade econômica sobre o mercado de trabalho, especialmente o informal, um dos pontos centrais desse apoio internacional foi o fomento ao microempreendedorismo. Assim, foram selecionados projetos como o Fundo Manamano, incubado pelo Instituto Dara; Viver de Bike, do Instituto Aro Meiazero, e Amara Cozinha – Alimentação Saudável, do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC)

“O objetivo foi apoiar iniciativas que representam soluções duradouras, ao criar novas oportunidades de geração de renda”, destaca Luiza Serpa, diretora do Instituto Phi.

Projeto Amara Cozinha, do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC)

Ao mesmo tempo, a educação demonstrou ser um dos retratos mais fiéis da desigualdade social brasileira diante da necessidade de uso da tecnologia para reduzir as distâncias impostas pelo isolamento social. Neste contexto, projetos que promovem o empoderamento digital de crianças e jovens, como o Educação + Digital, da Associação Parceiros da Educação RJ; Movetec – Tecnologias que movem a Educação, da FazGame, e REI Conectado, da Associação Semente da Vida da Cidade de Deus (ASVI), também ganharam o apoio do doador.

“São projetos que reduzem o distanciamento tecnológico entre as classes sociais e desenvolvem nessas crianças e jovens em condições de vulnerabilidade e risco social competências essenciais para o futuro do trabalho”, observa Luiza.

Projeto Educação + Digital, da Associação Parceiros da Educação RJ

Outro projeto apoiado por essa parceria na área de educação está sendo implantado em Queimados, um dos municípios mais pobres da Baixada Fluminense, ocupando o 73º lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado do Rio, que tem um total de 92 municípios. O projeto da organização Golfinhos da Baixada prevê a reforma de um espaço que se transformará em sala multiuso para reforço escolar de língua portuguesa e matemática.

“Devido à pandemia de Covid, as aulas presenciais foram substituídas pelo ensino remoto, mas somente 27,06% dos moradores de Queimados têm acesso à internet. Os participantes serão 100 crianças e adolescentes da rede pública de ensino com renda mensal familiar de até um salário-mínimo”, conta Luiza.

Povos e comunidades tradicionais em extrema vulnerabilidade ganharam atenção com projetos como o “Educação e Oportunidade”, do Observatório Antropológico, e o “Implementação de Prontuário Eletrônico”, da Associação Médicos da Floresta . O “Educação e Oportunidade” é uma ação de inclusão social de povos indígenas Warao e quilombolas por meio da alfabetização, reforço escolar e construção coletiva de materiais didáticos a partir de experiências de refúgio e deslocamentos étnico-raciais na Paraíba.

“A crise afeta diretamente os trabalhos informais que quilombolas e indígenas exercem e a falta de letramento e acesso à documentação dificultam ainda mais a sua inclusão social”, destaca a diretora do Instituto Phi.

Projeto Prontuário Eletrônico, dos Médicos da Floresta

Já o projeto dos Médicos da Floresta, que prestam serviços voluntários em comunidades indígenas em áreas de difícil acesso, consiste na aquisição de um equipamento de comunicação via satélite visando a implementação de prontuário eletrônico. O projeto vai impactar, inicialmente, 3.600 pacientes no projeto-piloto, mas tem potencial para alcançar muito mais ao longo dos próximos anos. Hoje, existem 760.350 indígenas em todo o território brasileiro.

“Os pacientes atualmente são atendidos com prontuário manual e as imagens dos exames não são arquivadas, já que as comunidades estão em áreas sem acesso à internet. Com a tecnologia, haverá melhor controle e mensuração de resultados dos atendimentos”, explica Luiza.

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Para ver de novo o sol da Amazônia

Imagine ver o sol outra vez depois de 20 anos. Em junho do ano passado, a sócia-fundadora e diretora Institucional do Instituto Phi, Fernanda Tizatto*, pôde acompanhar a reação de índios do Xingu que passaram pela experiência de voltar a enxergar após uma cirurgia de catarata. Fernanda participou de uma expedição da Associação Médicos da Floresta (AMDAF) na cidade de Canarana (MT), porção sul da Amazônia brasileira, e por dez dias acompanhou o projeto Olhos do Xingu, de atendimento oftalmológico gratuito nas aldeias. Em tempos de intensificar o respeito aos povos indígenas, decidimos contar mais sobre esse lindo trabalho.

A história da AMDAF começou com o objetivo de mapear as necessidades oftalmológicas de aldeias indígenas isoladas. No primeiro ano, 2016, o grupo de voluntários realizou quatro expedições ao Parque Indígena do Xingu. Com as primeiras visitações, eles puderam constatar de imediato a importância do projeto social que estava sendo iniciado ali.

O trabalho foi ganhando força e representatividade nas comunidades, não só com oftalmologistas, mas também clínicos gerais, enfermeiros, dentistas e tecnólogos, dentre outros tantos profissionais voluntários se dispondo a dedicar alguns dias durante o ano para entender e atender as necessidades das aldeias que estavam sendo visitadas.

Oftalmologista voluntário examina pacientes de aldeia indígena após cirurgia de catarata

Chegar ao Parque Indígena do Xingu não é fácil. Quem vai do Sudeste pega um voo para Goiânia, depois um ônibus até Canarana – a viagem dura cerca de 12 horas – e finalmente viaja de carro, num trajeto de cerca de 2 horas. Mesmo assim, a cada expedição, a AMDAF leva cerca de 30 voluntários, além de equipamentos e insumos para as consultas e cirurgias.

“Pude vivenciar o que o Instituto Phi prega da forma mais simples e pura que é o conceito de filantropia e altruísmo”, diz Fernanda.

Três anos depois, em 12 expedições, já foram realizados 5.381 atendimentos oftalmológicos, 2.152 atendimentos de clínica médica, 115 cirurgias de catarata e pterígios e 1.515 procedimentos odontológicos (tratamento de canal, exodontia, obturações, restauração completa e produção de próteses). Além disso, 1.800 óculos foram entregues, graças a uma parceria com a organização sem fins lucrativos One Dollar Glasses, da Alemanha, que fabrica óculos de grau extremamente resistentes e de baixo custo. O Parque Indígena do Xingu tem mais de 27 mil quilômetros quadrados e cerca de 6 mil habitantes de 16 diferentes etnias.

“Vi que o Brasil é um país muito maior do que imaginamos; no Sudeste, a gente acaba ficando dentro de uma bolha e não se dá conta da riqueza da nossa cultura. Fico envergonhada por constatar como minha visão da comunidade indígena era limitada”, diz Fernanda, ressaltando que a imagem estereotipada faz com que a maioria das pessoas pensem que os índios são os mesmos desde 1500 e que devem mesmo permanecer parados no tempo para que sua identidade seja reconhecida na atualidade.

Sim, os índios do Xingu constroem suas casas, suas canoas, pescam, caçam, tecem suas redes, produzem as ferramentas utilizadas no dia a dia, como vasos de cerâmica, cestos, flechas, arcos. Por isso mesmo, a perda da visão causada pela catarata é tão incapacitante. Mas eles também vão à escola, assistem o noticiário e se organizam para defender seu território coberto por florestas do desmatamento causado pelo avanço da agropecuária, da grilagem e pela abertura de estradas ilegais.

“É muito impactante quando os médicos tiram o tapa-olho, o semblante dos pacientes fica totalmente diferente. De uma hora para outra, esses índios podem voltar a ser participativos em suas aldeias. É um trabalho de inclusão social dos indígenas em suas próprias comunidades”, destaca Fernanda.

Em junho, foi firmada uma parceria entre a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), do Ministério da Saúde, e a Associação Médicos da Floresta com o objetivo ampliar a oferta de tratamentos de oftalmologia e odontologia para indígenas de regiões longínquas.

Quem quiser conhecer melhor o trabalho da AMDAF pode assistir ao média-metragem “Olhos do Xingu”, no YouTube:

*Fernanda Tizatto viajou ao Xingu para um trabalho de medição de impacto social do projeto Médicos da Floresta para o escritório Pinheiro Neto Advogados.

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