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Projetos Apoiados educação

Educação para o filho, crescimento para a mãe

Uma boa creche significa educação de qualidade na primeira infância. Sem esse benefício, crianças podem ficar presas em um ciclo intergeracional de pobreza, do qual é praticamente impossível se libertar. Mas, no caso de Benjamin, de 5 anos, aluno da Creche Santa Clara, a pré-escola também permitiu a educação da mãe, Eduarda Galdino de Queiroz, de 32 anos. Confira o depoimento:

“Sempre gostei de ler e estudar, mas quando meu primeiro filho nasceu, eu estava no início do 3º ano do Ensino Médio e  tive que parar de estudar. Fiquei com a formação incompleta durante anos e trabalhei como como cabelereira e vendedora.

Quando Benjamin nasceu, tive depressão pós-parto. Em 2018, com apoio do meu marido, reuni forças e terminei o Ensino Médio à noite. Quando, em 2019, Benjamin começou na pré-escola, isso significou muito para mim, porque eu sequer conseguia tratar minha depressão, já que tinha que levar o Benjamin junto para todo lugar.

Para minha surpresa, não só Benjamin foi acolhido pela Creche Santa Clara, mas eu também fui acolhida. Lá, recebi atendimento psicológico três vezes por semana, sem custo. Deixava o Benjamin e ia para minha terapia.

Então, fiz o Enem e hoje estou no 6º período da faculdade de Pedagogia, com bolsa do ProUni. Consegui tudo isso porque tenho um lugar em que eu confio que meu filho está sendo tão bem cuidado quanto se estivesse comigo.

Este ano, consegui um estágio na creche na parte da tarde, como mediadora de um aluno com autismo. Mas ainda quero ter outras experiências. Sinto que minha vocação é trabalhar com EJA – Educação de Jovens e Adultos, modalidade na qual concluí meus estudos. Tive um bom ensino e gostaria que todos tivessem essa oportunidade. Os alunos do EJA estão ali depois de trabalhar, cansados, mas eles realmente querem concluir os estudos. Para a maioria, é uma grande vitória”.

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Da infância no Pavão-Pavãozinho para o doutorado nos Estados Unidos

Hoje doutorando nos EUA, Jeferson Ribeiro foi aluno do Solar por 10 anos

A boa notícia corre por todas as salas de aula do Solar Meninos de Luz: Jeferson Ribeiro, que entrou na organização filantrópica ainda menino, em 2002, e participou do programa de educação integral até se formar no Ensino Médio, em 2011, agora é doutorando de Ciências Biológicas na Washington University, em St. Louis (EUA).

A história de Jeferson começa como a de muitos brasileiros. Seus pais, cearenses de Guaraciaba do Norte, fustigados pela seca, fome e falta de emprego, deixaram o Nordeste rumo ao “eldorado” do Rio de Janeiro quando o filho nasceu. Trocaram a miséria do sertão pela da favela carioca. Jeferson cresceu no Morro do Pavão-Pavãozinho enquanto o pai trabalhava de vigia e a mãe, de empregada doméstica.

“Com 8 anos, fui para o Solar e, com meus pais trabalhando, eu passava o dia todo lá, unindo o útil ao agradável: depois das aulas, fiz oficinas de musicalização – coral, flauta e percussão – balé, dança contemporânea, teatro, xadrez. Cheguei a participar de um espetáculo teatral com o Grupo Nós do Morro e a oficina de percussão, a minha paixão e um hobby até hoje, era uma parceria com o Monobloco. Utopicamente, eu gostaria que todas as escolas fossem como o Solar”, diz Jeferson.

Jeferson, quando criança, na oficina de percussão do Solar, com músicos do Monobloco

O Solar Meninos de Luz, organização apoiada pelo Instituto Phi desde 2016, promove educação integral, cultura, esportes, apoio à profissionalização, cuidados básicos de saúde e assistência social a famílias vulneráveis das comunidades do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo.

“Quando falamos em educar para libertar, é porque desejamos que os nossos meninos de luz utilizem as oportunidades oferecidas em nossas salas para alcançarem qualquer objetivo que desejam. E não há nada melhor do que vê-los voar longe”, diz a diretora pedagógica do Solar, Isabela Maltarolli.

Ao se formar, Jeferson ingressou na graduação em Ciências Biológicas da UERJ, que emendou no mestrado em Ecologia e Evolução, finalizado ano passado. Há um mês, ele deixou o Pavão-Pavãozinho para a cidade americana de St Louis, no Missouri.  Alugou um apartamento próximo à Universidade de Washington e se sustenta com a bolsa de pesquisador. Para o doutorando de 28 anos, seus pais ainda nem absorveram a novidade:

“Acho que eles não têm nem noção das diferenças de realidades. Nem eu imaginaria, até pouco tempo atrás, fazer um doutorado nos Estados Unidos. Não que eu achasse que não tinha capacidade, eu só não vislumbrava isso porque não era essa a minha realidade”, conta Jeferson, que tem uma irmã caçula, de 21 anos, que também estudou no Solar, já fez intercâmbio para aprendizado de inglês nos Estados Unidos e atualmente cursa pedagogia na UniRio.

Sobre o futuro, Jeferson espera que o Brasil valorize mais a ciência, destinando mais investimentos para pesquisas. Em tempos de pandemia Covid-19, aliás, a importância dos profissionais da área ficou mais evidente que nunca.

“Ainda não sei se minha vida vai me levar de volta ao Brasil, não porque não pensei nisso, mas porque não sei quais as oportunidades que vão surgir na minha carreira. Eu adoraria, porque sinto muita falta da minha família e da natureza. Em termos de biodiversidade, o Brasil dá de mil a zero”, diz o jovem doutorando.

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Caminho para projetos de combate aos impactos da Covid

Quando a Covid-19 tomou o mundo, a única certeza que tínhamos é que todos os setores teriam de somar esforços. Assim, o Instituto Phi não só se envolveu em campanhas de ajuda humanitária, mas foi atrás da renovação de parcerias com grandes doadores, criando ações para reduzir os impactos negativos da pandemia para as populações em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Numa das iniciativas, com um grande doador da Califórnia, foram selecionados 10 projetos para apoio, com especial atenção aos segmentos de educação, qualificação profissional e saúde, duramente afetados.

Diante dos efeitos graves da paralisação parcial da atividade econômica sobre o mercado de trabalho, especialmente o informal, um dos pontos centrais desse apoio internacional foi o fomento ao microempreendedorismo. Assim, foram selecionados projetos como o Fundo Manamano, incubado pelo Instituto Dara; Viver de Bike, do Instituto Aro Meiazero, e Amara Cozinha – Alimentação Saudável, do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC)

“O objetivo foi apoiar iniciativas que representam soluções duradouras, ao criar novas oportunidades de geração de renda”, destaca Luiza Serpa, diretora do Instituto Phi.

Projeto Amara Cozinha, do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC)

Ao mesmo tempo, a educação demonstrou ser um dos retratos mais fiéis da desigualdade social brasileira diante da necessidade de uso da tecnologia para reduzir as distâncias impostas pelo isolamento social. Neste contexto, projetos que promovem o empoderamento digital de crianças e jovens, como o Educação + Digital, da Associação Parceiros da Educação RJ; Movetec – Tecnologias que movem a Educação, da FazGame, e REI Conectado, da Associação Semente da Vida da Cidade de Deus (ASVI), também ganharam o apoio do doador.

“São projetos que reduzem o distanciamento tecnológico entre as classes sociais e desenvolvem nessas crianças e jovens em condições de vulnerabilidade e risco social competências essenciais para o futuro do trabalho”, observa Luiza.

Projeto Educação + Digital, da Associação Parceiros da Educação RJ

Outro projeto apoiado por essa parceria na área de educação está sendo implantado em Queimados, um dos municípios mais pobres da Baixada Fluminense, ocupando o 73º lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado do Rio, que tem um total de 92 municípios. O projeto da organização Golfinhos da Baixada prevê a reforma de um espaço que se transformará em sala multiuso para reforço escolar de língua portuguesa e matemática.

“Devido à pandemia de Covid, as aulas presenciais foram substituídas pelo ensino remoto, mas somente 27,06% dos moradores de Queimados têm acesso à internet. Os participantes serão 100 crianças e adolescentes da rede pública de ensino com renda mensal familiar de até um salário-mínimo”, conta Luiza.

Povos e comunidades tradicionais em extrema vulnerabilidade ganharam atenção com projetos como o “Educação e Oportunidade”, do Observatório Antropológico, e o “Implementação de Prontuário Eletrônico”, da Associação Médicos da Floresta . O “Educação e Oportunidade” é uma ação de inclusão social de povos indígenas Warao e quilombolas por meio da alfabetização, reforço escolar e construção coletiva de materiais didáticos a partir de experiências de refúgio e deslocamentos étnico-raciais na Paraíba.

“A crise afeta diretamente os trabalhos informais que quilombolas e indígenas exercem e a falta de letramento e acesso à documentação dificultam ainda mais a sua inclusão social”, destaca a diretora do Instituto Phi.

Projeto Prontuário Eletrônico, dos Médicos da Floresta

Já o projeto dos Médicos da Floresta, que prestam serviços voluntários em comunidades indígenas em áreas de difícil acesso, consiste na aquisição de um equipamento de comunicação via satélite visando a implementação de prontuário eletrônico. O projeto vai impactar, inicialmente, 3.600 pacientes no projeto-piloto, mas tem potencial para alcançar muito mais ao longo dos próximos anos. Hoje, existem 760.350 indígenas em todo o território brasileiro.

“Os pacientes atualmente são atendidos com prontuário manual e as imagens dos exames não são arquivadas, já que as comunidades estão em áreas sem acesso à internet. Com a tecnologia, haverá melhor controle e mensuração de resultados dos atendimentos”, explica Luiza.

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Itália se torna o primeiro país a tornar obrigatória a educação para as mudanças climáticas

*Artigo de Jessica Stewart originalmente publicado no site My Modern Met

Quando o ano letivo de 2020 começar, a Itália será o primeiro país do mundo a incluir horários obrigatórios de ensino sobre assuntos relacionados a questões climáticas. De acordo com o ministro da Educação italiano, Lorenzo Fioramonti, serão 33 horas por ano incorporadas ao currículo sobre esse assunto urgente.

Com Greta Thunberg na liderança, jovens do mundo todo estão cada vez mais engajados na defesa do meio ambiente. E agora as gerações futuras da Itália estarão mais informadas do que nunca sobre os riscos que nosso planeta enfrenta. Esta é apenas uma parte do esforço geral da Itália para colocar a sustentabilidade e o clima no centro da educação.

“A ideia é que os cidadãos do futuro estejam preparados para a emergência climática”, disse o porta-voz de Fioramonti, Vincenzo Cramarossa. 

Para que isso aconteça, as horas obrigatórias de ensino serão incorporadas às aulas cívicas existentes. Além disso, a sustentabilidade começará a aparecer como um tópico nas aulas tradicionais como geografia, matemática e física.


No sistema educacional italiano, sustentabilidade permeará todo o currículo (Getty Images)

Para orientar o projeto, o ministério reuniu um painel de especialistas que inclui Jeffrey Sachs, diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Columbia, e o teórico econômico e social americano Jeremy Rifkin.

“Quero tornar o sistema educacional italiano o primeiro que coloca o meio ambiente e a sociedade no centro de tudo o que aprendemos na escola”, disse Fioramonti.

Fioramonti, que pertence ao Movimento Cinco Estrelas (que representam cinco prioridades: água, meio ambiente, mobilidade, conectividade e desenvolvimento) foi criticado durante seu tempo no cargo por apoiar estudantes que protestam contra as mudanças climáticas. Ele também recebeu uma reação negativa por impostos propostos sobre passagens aéreas, alimentos plásticos e açucarados, a fim de financiar a educação. No entanto, o imposto sobre plástico e açúcar foi incorporado ao orçamento do governo para 2020, um sinal de que a Itália está pronta para mudanças progressivas.

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“A fome era maior que a curiosidade”

Rio de Janeiro

Depois da escola, as gêmeas Maria Luiza e Maria Clara, de 9 anos, têm a agenda cheia: oficinas de inglês e de informática, balé, esportes e reforço pedagógico se alternam às tardes. Elas também brincam, claro, e se desenvolvem cada vez mais em aspectos como criatividade, imaginação, cooperação e comunicação. São miúdas para a idade, mas nem de longe se parecem com quem eram quando chegaram ao NEAC – Núcleo Especial de Atenção à Criança, em Campo Grande, cinco anos atrás.

“A fome era maior que a curiosidade e as irmãs tinham dificuldades de aprendizagem. Eram arredias e desconfiadas”, conta Selma Pacheco, diretora de projetos do NEAC, que faz atendimento a 200 crianças e adolescentes.

A equipe de serviço social realizou uma visita domiciliar e observou que a casa onde as Marias moravam com a mãe, desempregada, e com três irmãos adolescentes, não possuía banheiro.

Uma campanha batizada de “João de Barro” foi iniciada para a construção do banheiro da casa e algumas outras melhorias urgentes, como instalação de piso no quarto e aquisição de camas. Tudo comprado com doações e executado com mão-de-obra voluntária.

A mãe foi encaminhada para uma vaga de trabalho e em pouco tempo a vida desta família se transformou, com impacto direto no rendimento escolar de Maria Luiza e Maria Clara.

No NEAC, as gêmeas são participantes muito ativas do Mercadinho Ecológico do Projeto TransformAção – Transformando Lixo em Educação. Elas levam garrafas PET, latinhas de alumínio e outros materiais recicláveis para trocar por eco-reais, que são usados para adquirir brinquedos e materiais escolares.

“Hoje, as Marias estão mais motivadas, com mais autoestima e, principalmente, felizes. Elas colaboram, respeitam os amigos e se concentram nas oficinas. Isso nos leva a refletir sobre como pequenas, mas importantes intervenções na vida de uma família podem afetar todo o seu contexto”, conclui Selma.

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